segunda-feira, 27 de julho de 2009

Movie Pass

Hoje o Movie Pass destaca mais um filme dos irmãos Coen. Queime depois de ler é uma comédia de humor negro das mais inusitadas. E também das mais inteligentes. O último filme dos irmãos Coen, o primeiro depois do Oscar de melhor filme por Onde os fracos não tem vez, não é para qualquer platéia. O peculiar senso de humor da dupla, incensado ao extremo por muitos, está mais presente nessa fita do que se poderia imaginar após o sucesso e a notoriedade oferecidos pelo Oscar.
Os Coen aqui fazem uma salada envolvendo a Cia, personal trainers e a volatilidade das relações amorosas no século XXI. Para tanto, contam com um elenco de peso com nomes como George Clooney ,Brad Pitt e John Malkovic, entre outros. O curioso sobre Queime depois de ler é justamente o paradoxo que ele representa. Apesar de reunir a nata de Hollywood, é um filme que não se encaixa nos pressupostos hollywoodianos. Nem em termos narrativos, muito menos em virtude da experiência que proporciona. A combinação desses fatores, elevou a fita, ainda que precocemente, a um status cult.

A seguir o trailer do filme e a minha critica:


Um mundo mergulhado na paranóia!
Depois de vencerem o Oscar com o sombrio e pessimista Onde os fracos não tem vez, os irmãos Coen voltam a comédia de equívocos, mas não abandonam o pessimismo ou a crueza com que se habituaram a retratar a América.
Queime depois de ler (Burn after reading, EUA 2008) terceira colaboração dos irmãos diretores com o astro George Clooney é também a mais bem sucedida da dupla. Não só comercialmente( o filme registrou a maior bilheteria do fim de semana de estréia no mercado americano e também a maior da carreira dos diretores), mas também artisticamente.
O filme versa sobre a paranóia. E seu efeito alienante, lascivo, contraditório e porque não cômico. Os Coen brindam seu público com uma deliciosa comédia de espionagem, em que um agente da CIA (John Malkovic) após ser despedido da agência, escreve um livro de memórias, que sua esposa, que planeja o divórcio, rouba pensando tratar-se de uma relação de suas finanças. O CD acaba perdido no chão da academia em que trabalham Frances Mcdermond, relações públicas que sonha em realizar algumas cirurgias plásticas, e Brad Pitt, um personal Trainer abobalhado. George Clooney faz um policial aposentado que se inscreve em sites de encontro para mulheres de meia idade.
O filme é uma farra. Mas é também uma poderosa critica ao establishement americano. O primeiro alvo dos Coen é a própria CIA. Que na visão dos cineastas está superada. E hoje vive consertando os próprios erros na falta do que fazer. Sobra para o culto a imagem. A obsessão por um corpo malhado. A queda e desvalorização do conceito de casamento. E o sexo como motor das relações sociais. Os Coen trabalham sabiamente esses elementos e enxergam na paranóia tão inerente ao tempo em que vivemos a válvula propulsora de tamanha desconjuntura.
Os atores se revelam um prazer á parte. George Clooney, John Malkovic, Brad Pitt e J.K Simmons estão no melhor da forma. Clooney atinge o ápice da canalhice vivendo um papel que está na cara curte interpretar. Pitt faz um paspalho com alguma graça. Mas é Simmons no pequeno papel de um diretor do alto escalão da CIA quem transforma o filme em um produto acima da média.

Um comentário:

  1. hum... bom, assiti. Confesso que num primeiro momento não gostei, mas agora, depois de ler sua crítica, vi sentido e posso dizer que ao menos aprendi alguma coisa. ;D Valeu!

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