domingo, 25 de outubro de 2009

Insight

Para que servem os festivais de cinema?

Desde a última sexta feira, os paulistanos estão “respirando” cinema. Começou a 33ª mostra internacional de cinema de São Paulo que vai até 5 de novembro. Serão 424 filmes de mais de 30 países exibidos em mais de 17 pontos de exibição. Há pouco mais de duas semanas, outro festival de porte se encerrou no Brasil. O festival do Rio roubou do festival de Gramado a alcunha de principal festival do país. Contudo, aqui mesmo no Brasil temos, ainda, mais um punhado de festivais. Para ficar nos mais conhecidos e tradicionais, temos Paulínea, Brasília, Manaus e Ceará. Se essa variedade e profusão de festivais chama a atenção em um país que tem baixa produção cinematografia e pouco ressonância internacional, há de se ponderar o efeito que festivais de cinema tem ao redor do mundo.


Postêr do último festival de Cannes: excelência nem sempre está no cardápio, mas a sofisticação sim
De Veneza a Roma
O festival mais antigo do mundo, e um dos mais tradicionais, é o de Veneza. São duas semanas em setembro de muito cinema e glamour. Mais recentemente, outra importante cidade italiana deu inicio a um festival de cinema, na expectativa de rivalizar em charme e importância com Veneza. O festival de Roma existe há 3 anos. Acontece em outubro e até hoje tem funcionado mais como plataforma de lançamento de produções americanas na europa. Juno (grande figura do Oscar há dois anos atrás) foi o primeiro vencedor lá.
Contudo, entre Veneza e Roma, há outros importantes e prestigiados festivais de cinema espalhados pela europa. Cannes, que acontece sempre no fim de maio, é certamente o mais prestigiado e comentado de todos eles. A Palma de ouro é cortejada e desejada por 10 entre 10 cineastas. E é junto do Oscar, o prêmio de cinema mais conhecido e considerado por cinéfilos e não cinéfilos. Há também Berlim, que já gozara de mais prestigio. Muitos cineastas e produtores evitam Berlim na expectativa de ir a Cannes o que não tem sido de todo ruim. Enquanto Cannes premia velhos conhecidos e exibe trabalhos de crias da casa, Berlim se abre para o mundo (o cinema latino americano vem de duas vitórias lá, com Tropa de elite e A teta assustada).

Stallone acena para o público em Veneza: Ele foi homenageado como cineasta na última edição do evento italiano
Há ainda importantes festivais na Espanha, em Toronto, em Nova Iorque, quase qualquer cidade de proeminência economica tem um festival de cinema hoje em dia. A questão é por quê? O que os festivais agregam para o cinema, enquanto arte e enquanto industria? São apenas reuniões de um clube sofisticado e nós vulgos voyeurs?


Filmes como Voluntária sexual do sul coreano Kyong -Duk Cho, atualmente em cartaz na mostra de São Paulo, só chegam ao público através de festivais
Marketing e tendências
Os festivais nasceram com a simples meta de promover o cinema. É isso o que fazem primordialmente. E muito bem. Tanto é que se proliferam e se acotovelam na busca cada vez mais insidiosa de espaço e relevância. Essa promoção privilegia, por razões óbvias, produções mais herméticas, voltadas para um público de formação cultural mais sólida e interesses cinematográficos mais apurados. Também é por meio de festivais como Sundance e o próprio Cannes que muitos negócios são travados. Muitos acordos de distribuição fechados e muitas parcerias firmadas. Os festivais servem, em uma segundo momento, para capitalizar. Seria ingênuo afirmar que eles existem somente pelo amor ao cinema. Produtores e organizadores vislumbram grandes oportunidades financeiras na realização desses eventos. De fato, esses festivais rendem muito dinheiro e benefícios para as cidades que os sedeiam. Robert De Niro negociou acordos e pagou royalties para criar o festival de Tribeca em Nova Iorque após o 11 de setembro. Uma homenagem a cidade que também lhe rendeu dividendos.
Cinema é arte, mas também é negócio. Os festivais em sua concepção e, em seu momento mais bem sucedido, mostram que a arte, também ela, é um ótimo negócio.

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