sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Tira-teima

Hoje é o último dia de 2010. Claquete deixa aqui os votos de paz, prosperidade, saúde, felicidade e sucesso nos projetos e resoluções dos leitores e cinéfilos que por aqui batem cartão. Que 2011 possa trazer maravilhosas memórias e muitos prazeres. Para encerrar o ano, a seção Tira-teima traz um deleite cinéfilo: no ringue, Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick. Que vença o cinema!





Eles e o Oscar:


Ambos estão irmanados na maldição do Oscar. Ambos os diretores nunca receberam a estatueta. Não em competição. Hitchcock foi indicado ao Oscar cinco vezes e, embora uma das vezes a produção pela qual concorria sagrou-se o melhor filme, Hitch nunca ganhou. Kubrick, por sua vez, relativiza a maldição. Nunca prevaleceu como diretor. Foram 4 as indicações nessa categoria. Mas venceu como roteirista por Nascido para matar (1987) e também fez parte da equipe que triunfou pelos efeitos especiais de 2001.


Os melhores filmes segundo o American Film Institute:


Hitchcock:  O homem que sabia demais, Rebecca, A sombra de uma dúvida, Festim diabólico, Pacto sinistro, Disque M para matar, Janela indiscreta, Ladrão de casaca, Um corpo que cai, Intriga internacional, Psicose e Os pássaros


Kubrick: Spartacus, 2001: uma odisséia no espaço, Dr. Fantástico, A laranja mecânica, O iluminado e Nascido para matar


MacGuffin é um conceito lapidado pelo próprio Hitchcock muito em voga no cinema moderno. MacGuffin é uma terminologia empregada pelo diretor para discriminar um objeto na trama, cuja única função é possibilitar que a trama avance.  







Frases Célebres

“Atores devem ser tratados como gado”



“Não há terror em um corte abrupto, apenas sua antecipação”


“Para mim, Psicose é uma grande comédia. Tinha de ser.”


“Sempre faça o público sofrer o máximo possível.”


“Filmes seus assassinatos como cenas de amor e cenas de amor como assassinatos.”


“Se é um bom filme, o som pode desaparecer que o público continuará tendo uma perfeita ideia do que está acontecendo”


“Cary Grant é o único ator que eu amei em toda a minha vida”


“Para fazer um grande filme, você precisa de três coisas: o roteiro, o roteiro e o roteiro”.



“Um filme é, ou deveria ser, mais como música do que como ficção.Uma progressão de humor e sentimentos”

“A melhor política para um cineasta é sempre deixar o filme falar por si”


“A arte consiste em remodelar a vida, mas nunca cria vida ou causa vida.”


“As grandes nações sempre agiram como gangsters e as pequenas nações como prostitutas.”


“Se pode ser escrito, ou pensado, pode ser filmado”


“Como poderíamos apreciar MonaLisa se Leonardo tivesse escrito na borda: a dama está sorrindo porque ela está escondendo um segredo do amante dela? Isso ia devolver o espectador para a realidade e eu não quero que isso aconteça com 2001.”


“A tela é um meio mágico. Tem tanto poder que pode reter interesse com uma comunhão de emoções e sentimentos que nenhuma outra forma de arte pode almejar conseguir.”


“A destruição deste planeta não teria nenhum significado em uma escala cósmica.”


“Observação é uma forma de arte em agonia!”


“Jack Nicholson é o melhor ator em Hollywood. Talvez só encontre par no passado em figuras como Spencer Tracy e James Cagney.”

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Crítica - 72 horas

Pelo elenco!

Esse é daqueles filmes em que você tira a prova se um ator é um grande ator. A refilmagem americana do filme francês Pour elle (2008), 72 horas (The next three days, EUA 2010) traz a fina estirpe em seu âmago. É dirigido e roteirizado por Paul Haggis (de Crash-no limite e No vale das sombras) e estrelado por Russel Crowe. A trama é modesta. Professor universitário de vida pacata e regrada, imerso em um inferno pessoal após a prisão da esposa, resolve elaborar um plano requintado para libertá-la. Em seu eixo central, a fita acompanha John Brennan (Crowe) pelas etapas de seu objetivo.
Haggis, que supervisionou os textos dos dois últimos exemplares de 007, confecciona aqui um thriller com toques dramáticos e utiliza o talento de Russel Crowe como fiador junto à platéia. Nesse sentido, triunfa. Russel Crowe está perfeito na pele do esposo devotado em estado de transformação. O espectador demora a se dar conta que Brennan, aquele tipo risonho e cheio de gracinhas, resultou em um homem sombrio e maculado. É mérito de Crowe que as imperfeições do argumento passem batido.

Momento ternura: em 72 horas, o marido devotado faz de tudo
para liberta a esposa que julga vítima de injustiça

Por outro lado, 72 horas é isso mesmo. Um thriller de ação escapista. Algo improvável se considerado que Haggis é o homem por trás do projeto e, mais que isso, o tom empregado na narrativa. As últimas cenas do filme escancaram um comentário tenaz de Haggis (que na verdade ele já ecoa desde Crash), sobre o relativismo de determinadas verdades. Só que isso soa presunçoso em 72 horas. Ao mostrar um botão para o público que, em linhas gerais não prova nada, Haggis cede a manipulação de forma menos elegante do que fizera em Crash. Ao evitar aprofundar-se no emocional de seu protagonista (há apenas sondagens), o diretor aceita que seu filme seja tratado como veículo de entretenimento. Com o fim da fita ele tenta recuperar uma importância que não perseguiu com o curso dela.
O grande destaque de 72 horas, porém, vai para o elenco de coadjuvantes. Se Elizabeth Banks (no papel da mulher de Crowe) está estranha e pouco convincente, Brian Dennehy precisa de poucos momentos em cena (como o pai de Crowe) para cativar com seus silêncios e olhares demorados. Uma grande participação. Também fazem boas aparições Liam Neeson como um best seller na arte de fugas cinematográficas consultado por Brennan, Olívia Wilde como uma mãe solteira que se interessa pelo personagem de Crowe, Daniel Stern ( o ladrão que fazia par com Joe Pesci em Esqueceram de mim) como um advogado ressentido da má notícia que carrega e Jason Beghe que dá fôlego a canastrice de seu personagem, um policial com faro aguçado na cola de Brennan.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010 - Os dez melhores filmes do ano

A retrospectiva 2010 em Claquete chega ao fim hoje. E em grande estilo. O TOP 10 mais aguardado, mais festejado, mais polêmico e (por que não?) mais importante do ano encerra esse especial tão gostoso de fazer. 2010 foi um bom ano no cinema. Dá para tirar essa medida ao constatar que apenas três dos dez filmes que integram a lista foram lançados em 2009 em seus países de origem. Essa proporção foi mais equilibrada em anos anteriores, alternando-se em 6 X 4, 4 X 5 e 5 X 5. Portanto, com 7 filmes datados originalmente de 2010, o presente ano se encerra com um saldo bem positivo. Contribuíram para isso a excelente forma que alguns cineastas veteranos como Martin Scorsese, Roman Polanski e Michael Haneke apresentaram. Outros, mais novos, também fizeram bonito em 2010. Foi o caso do argentino Pablo Trapero e do americano Ben Affleck. Gente nova, mas já com bastante rodagem, também agregou valor ao cinema nesse ano. Como David Fincher e Christopher Nolan, já amplamente citados na Retrospectiva 2010.
No escopo dos dez melhores filmes estreados nos cinemas brasileiros, entre janeiro e dezembro, pode-se perceber uma forte tendência de pensar o homem e suas relações em diferentes níveis e atmosferas. Desde o metiê do mundo financeiro até os desmandos das relações amorosas modernas. A violência analisada pela rigidez alemã também rendeu um dos melhores filmes dos últimos anos. A fita branca, que está no TOP 10, é arte pensante. Talvez o único filme da lista que se desincumba de entreter. Os outros nove entretem, mas sem se desobrigarem de pensar e refletir o homem e o meio. Sem mais delongas, vamos aos dez melhores filmes de 2010 por Claquete.



10 – Wall street – o dinheiro nunca dorme, de Oliver Stone (Wall street – Money never sleeps, EUA 2010)


Apesar de perder muito de seu impacto com uma reviravolta improvável nos minutos finais, Wall street – o dinheiro nunca dorme inscreve-se como um filme tenaz. Irônico, arguto e muito provocante (embora flerte com um moralismo que não havia no filme original), Oliver Stone bota a câmera na sala de reuniões dos homens que decidem o destino da economia no mundo. Um filme, ágil, ligeiro e cheio de cenas referenciais. A melhor delas, talvez seja aquela em que o secretário do tesouro americano após ouvir o valor do socorro que os banqueiros pedem ao governo exclama em tom de desabafo: “Os senhores sabem o que é isso? É socialismo”.
Wall street – o dinheiro nunca dorme é uma revisão, ainda que se possa argumentar repetida, dos vícios que não nos deixam. Um filme que, talvez apenas como o número 1 dessa lista, captou o espírito de nosso tempo.



9- Simplesmente complicado, de Nancy Meyers (It´s complicated, EUA 2009)


Uma comédia charmosa, sofisticada e que contempla um público geralmente negligenciado pelas comédias românticas. E por público aqui não se entende apenas os membros da terceira idade, mas aqueles divorciados que nunca tiveram os dilemas das recaídas abordados com contentamento pelo cinema. Nancy Meyers recicla as próprias fórmulas e escala um elenco inspirado (Meryl Streep, Steve Martin e Alec Baldwin) para estipular com graciosidade os destemperos de seguir adiante com a vida amorosa.
Simplesmente complicado prima por diálogos críveis, embora em situações pouco ortodoxas. Tudo com o olhar aguçado de Meyers para as idiossincrasias da classe média.





8 – Abutres, de Pablo Trapero (Carancho, ARG 2010)


Um filme expressivo, cativante e atordoante. Se estes são adjetivos que costumam rimar com excelência, não são comumente encontrados em um mesmo filme. A sexta fita de Pablo Trapero é cinema vigoroso na realização, clássico na narrativa e moderno na linguagem. Além de apresentar a performance mais impressionante de Ricardo Darín, um ator notório por atuações impressionantes, Abutres concilia gêneros tão díspares como o romance, o cinema de denúncia social e o thriller criminal em uma trama fluída e concisa.
É um filme maiúsculo sem sonho de grandeza.





7 – Atração perigosa, de Ben Affleck (The town, EUA 2010)


Ben Affleck assume de vez o grande cineasta que está se tornando em um filme que conjuga brilhantemente soluções comerciais com questionamentos artísticos. Um filme com pose comercial, mas de vocação autoral. Atração perigosa, além da trama enxuta, é cinema bem feito com ótimo roteiro, fotografia e montagem em compasso magistral, elenco em fina sintonia e uma direção tão segura quanto sugestiva. O segundo filme de Ben Affleck é um achado do ponto de vista artístico em um meio que o comercial cada vez mais dita tendências.




6 – A fita branca, de Michael Haneke (Das Weisse band – Eine Deutsche Kindergerschichte, ALE 2009)


Um filme de ritmo particular e discurso forte, enfático, porém, inconclusivo. Para lidar com um paradoxo tão proeminente é necessário um cineasta inquieto e confrontador. Michael Haneke propõe um estudo minucioso das circunstâncias em que se projeta o mal na organização social. Um filme particularmente triunfante pela recusa em ser definitivo. A angústia maior é cercar a verdade e nunca dominá-la, provoca Haneke.





5- O escritor fantasma, de Roman Polanski (The ghost Writer, INGL/FRA 2010)


Um vigoroso thriller de espionagem que também apresenta um refinado senso de humor. Roman Polanski mostra invejável forma nesse filme de postura belicosa e debochada em relação à política internacional americana. Polanski se apropria da trama e investe em pouco sutis comentários acerca do próprio status em relação ao EUA. Uma deliciosa metalinguagem cinematográfica potencializada por atores contidos e uma técnica contagiante.




4 – A origem, de Christopher Nolan (Inception, EUA 2010)


Muitas mudanças que virão nos próximos anos serão creditadas a esta fita de Nolan. A origem, mais do que a forma arrojada com que foi apresentada ao mundo, é um filme de ideias e sobre ideias. O fascínio que a técnica de Nolan exerceu sobre a audiência é coisa dos sonhos. O fato de o filme abordar os sonhos só faz a experiência mais prazerosa. A originalidade do projeto, desde sua concepção à sua abordagem, reafirma o diretor como um visionário em seu segmento. E o peão ainda está rodando?




3 – Ilha do medo, de Martin Scorsese (Shutter island, EUA 2010)


Convencionou-se dizer que este é um filme menor de Scorsese. Pode ser. O que não se fala por aí é que essa era a ideia. Uma homenagem as fitas de terror dos anos 40 e 50, Ilha do medo é história do cinema transbordante. Tudo em virtude de Scorsese. Aqui ele pega um roteiro banal e lhe confere tratamento real (no sentido de realeza). Se Ilha do medo é um campo de divagações filosóficas e um filme que não se resolve com a surpresa final (até previsível para iniciados), é por causa de seu diretor. Fosse outro a comandar a fita, e essa elegante parábola sobre a paranóia seria um filmeco como tantos outros que chegam as locadoras todos os meses. Com assombro técnico e exigindo de Leonardo DiCaprio o que ele pode dar, Scorsese dá mais uma aula de como transformar o trivial em algo bem próximo do memorável.





2- Amor sem escalas, de Jason Reitman (Up in the air, EUA 2009)


 Além de ser o mais perfeito retrato dos efeitos da última grande crise financeira nos EUA, Amor sem escalas se introduz como o espelho do homem moderno que parece refutar sua complexidade. Jason Reitman se firma como um grande cineasta (em seu terceiro filme) ao enfocar um conflito geracional, um modo de vida e uma nação em plena derrocada da era Bush em três personagens. Ofertar a conclusão de que a vida é melhor com companhia vem como bônus nesse pacote especial.



1- A rede social, de David Fincher (The social network, EUA 2010)


É necessário pontuar que A rede social vai crescer com os anos. Será o filme lembrado quando no futuro a disposição de saber como era a presente geração se manifestar. A conflagração de anseios e a efemeridade de novos fenômenos são o palco de uma tragédia grega encenada com dinamismo de internet. O filme de David Fincher é cool, cult, sofisticado, inteligente e irascível. É, em si, uma metáfora de seus personagens e do público que predominantemente se interessa por ele. Um filme que captura mudanças no âmago da sociedade e se promove como filme evento. A rede social pode não ter “causado”, mas exclusivo do jeito que é, ainda vai “causar” muito.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010 - Claquete destaca:parte 4

As cinco melhores performances coadjuvantes femininas do ano


Vera Farmiga em Amor sem escalas



Marion Cottilard em A origem



Marion Cottilard em Nine


Julianne Moore em Direito de amar




Mo´Nique em Preciosa – uma história de esperança



As cinco melhores performances coadjuvantes masculinas do ano



Ray Winstone em O fim da escuridão



Pierce Brosnan em O escritor fantasma



Andrew Garfield em A rede social



Josh Brolin em Wall street – o dinheiro nunca dorme & Você vai conhecer o homem dos seus sonhos



Alec Baldwin em Simplesmente complicado



As cinco melhores atuações masculinas do ano



Colin Firth em Direito de amar



George Clooney em Amor sem escalas



Michael Douglas em O solteirão




Leonardo DiCaprio em Ilha do medo



Jesse Eisenberg em A rede social



As cinco melhores atuações femininas do ano


Carey Mulligan em Educação

 


Gabourey Sidibe em Preciosa – uma história de esperança


Mia Wasikowska em Minhas mães e meu pai & Alice no país das maravilhas

 
Meryl Streep em Simplesmente complicado



Gemma Jones  em Você vai conhecer o homem dos seus sonhos




Os dez filmes que quase entraram no TOP 10 do ano, que será publicado nesta quarta-feira (29), em ordem alfabética:


As melhores coisas do mundo
Cabeça a prêmio
Direito de amar
Kick ass – quebrando tudo
O fim da escuridão
O golpista do ano
O mensageiro
O solteirão
Toy story 3
Tropa de elite 2

Panorama - Sherlock Holmes



Existia um misto de apreensão e ansiedade. Guy Ritchie, apesar de imensamente pop e comunicacional, era um cineasta feito no cinema independente com uma linguagem um tanto quanto subversiva para os padrões conservadores do cinemão ianque. Portanto, uma releitura de Sherlock Holmes sob a batuta de Ritchie, mas com um grande estúdio a financiá-lo, era algo a provocar comoção cinéfila. Se o resultado não chegou a entusiasmar, tão pouco provocou arritmias. Sherlock Holmes é uma fita de ação bem resolvida, que reproduz com assertividade o humor inglês e confia no trabalho dos atores. Nesse sentido, a escolha de Robert Downey Jr. e Jude Law diz muito sobre as intenções de Ritchie aqui. Ele deixa espaço para seu par de excelentes intérpretes ludibriarem a platéia enquanto lança mão de alguns artifícios narrativos que se estão lá para afagar-lhe a vaidade, funcionam muitíssimo bem. Como por exemplo, o escrutínio que Ritchie faz do raciocínio rápido de Holmes – mesmo em uma luta livre.
Sua primeira incursão pelo cinema comercial, afirmou-lhe o status de cineasta grife. Coisa para poucos. Spielberg, Scorsese e Shyamalan (que vislumbram diferentes variantes dessa equação) que o digam. A sequência de Sherlock Holmes vem aí e, por enquanto, só mesmo Madonna derrubou Ritchie do cavalo.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010 - Contexto

O ano em revista

2010 vai chegando ao fim e o ano foi muito intenso no cinema e, principalmente, para o cinema. O que fica de 2010? Como esse ano serviu para ajustar perspectivas da indústria? O cinema foi arte em 2010? Quais filmes marcaram? Quem dominou a cena? São perguntas perenes que a última seção Contexto do ano abordará.
A primeira grande lembrança de 2010 estará relacionada a um filme de 2009. Avatar alcançou seus “major records” neste ano. Sagrou-se a maior bilheteria da história do cinema (U$ 2,7 bilhões) e popularizou de vez o 3D (embora este já fosse popular). Avatar foi, ainda, a maior bilheteria de um filme internacional nos cinemas brasileiros. Sim, porque no geral foi prata da casa. Tropa de elite 2 tornou-se o maior blockbuster da história de nosso cinema. Lançado e produzido nos moldes hollwoodianos, Tropa de elite 2 está na vanguarda e ainda será muito importante para evolução do mercado de cinema no país.
Mas Tropa 2 não foi o melhor filme nacional a aportar nos cinemas. Boas surpresas estiveram em campos opostos. Laís Bodansky aliou trejeitos autorais a uma linguagem pop e multifacetada para fazer o melhor filme sobre teens dos últimos anos. As melhores coisas do mundo é a prova definitiva de que o cinema brasileiro pode ser mais cinema e menos brasileiro. Marco Ricca, por sua vez, estreou com o pe direito como cineasta. É dele o melhor filme nacional do ano, Cabeça a prêmio. Um filme pensativo passado no centro-oeste brasileiro e que se esmera na força de um elenco coeso. Ricca rejeitou a possibilidade de mastigar seu filme para o público, assim como o fizeram o mestre Martin Scorsese em Ilha do medo e Christopher Nolan (que anda merecendo a alcunha de mestre) em A origem. Ambos, também em simetrias opostas, deram verdadeiras aulas de direção e de como contar uma história (até certo ponto simples) de maneira sofisticada.

Chris Nolan fazendo pose: depois de duas obras primas, ele anda merecendo a alcunha de mestre



Sofisticação teve David Fincher ao apoderar-se de uma história com potencial explosivo (a criação do Facebook e os litígios que se seguiram) para pintar o retrato de uma geração em A rede social. Tudo com dinamismo e agilidade, elevando o roteiro (que como diria Hitchcock é a chave de todo o filme) ao seu devido status.
Status foi o que adquiriu Kathryn Bigelow em 2010. Uma diretora competente, mas longe de ser a mais representativa entre as muitas mulheres que dirigem, até porque pouco se vale de um olhar feminino em seus filmes (Caçadores de emoção e K-19 para citar dois exemplos). O Oscar de direção a ela entregue, o primeiro concedido a uma mulher, lhe aferiu uma importância que sua obra não pressupunha.
O Oscar para Guerra ao terror, aliás, reacendeu a importância da crítica de cinema. Há algum tempo o noticiário cultural atentava para um distanciamento dos grandes prêmios do sentimento da crítica e de como a crítica de cinema havia se tornado um instrumento de pouco valor (pelo menos do ponto de vista das bilheterias). Contudo, para cada Crepúsculo que prescinde da crítica mais por ser um produto com público já pré-estabelecido e vacinado do que pela qualidade que apresenta, surge um A origem que se não fosse pela atividade da crítica não teria o fôlego que demonstrou nas bilheterias. Em 2010 comentou-se muito cinema. Não só em Claquete, mas em todo o eixo cultural. Desde o filme de Lula (que fracassou) até o filme que Polanski rodou como alegoria da própria condição em relação aos Estados Unidos (O escritor fantasma).

Cena do independente Guerra ao terror: os seis Oscars concedidos ao filme de Bigelow devolveram à crítica de cinema uma importância perdida


Os festivais de cinema foram surpreendentemente pouco cativantes em 2010. Cannes exerceu fascínio, mais pelas estrelas e pelo status que ocupa no calendário cinematográfico do que pela qualidade dos filmes exibidos. Tim Burton (que presidiu o júri em Cannes) e Quentin Tarantino (que presidiu em Veneza) decepcionaram em suas seleções.
O cinema europeu provocou pouco interesse em 2010. Só triunfou em festivais realizados fora do continente. Na Europa, a Ásia e os Estados Unidos continuaram a ter as cinematografias de maior destaque. Na América Latina, o bom momento do cinema brasileiro (com sucessos de público enfileirados) foi eclipsado pela força do cinema argentino que venceu o Oscar com o ótimo O segredo dos seus olhos. Dos hermanos também veio Abutres. Dois filmes que ganharam destaque internacional que o maior dos sucessos nacionais (Tropa 2) não deve nem mesmo arranhar. Merecidamente em ambos os casos, diga-se.

Ricardo Darín em cena do oscarizado O segredo dos seus olhos: o ator esteve presente nos dois grandes sucessos de crítica (e público) do cinema argentino em 2010


O verão americano, aquela famigerada temporada pipoca que todos adoram odiar ou odeiam adorar, não foi das mais entusiasmantes. Afora A origem e Toy story 3, não se pode dizer que nenhum filme marcou. Mas tivemos Robert Downey Jr. provando mais uma vez que é o cara em Hollywood, as animações se viabilizando mais e mais como o melhor custo benefício de uma indústria sempre em movimento como a do cinema e o ocaso do produtor Jerry Bruckheimer que sem Johnny Depp teve dois relativos fracassos no verão (O príncipe da Pérsia: areias do tempo e O aprendiz de feiticeiro). Aliás, 2010 trouxe a primeira má atuação de Johnny Depp em anos. Mas Alice no país das maravilhas será uma mancha maior no currículo de Tim Burton. Mas a revisita a obra de Lewis Carroll rendeu um bilhão de dólares e ajudou o cinema a registrar um aumento de rendimento (e na venda dos ingressos também) em 2010. Se o lado comercial vai bem, o artístico vai muito bem obrigado. Apesar dos festivais falharem em apresentar tendências e renovações neste ano, em nenhum outro ano o mainstream foi tão autoral. Além de Fincher, Nolan, Scorsese e a Pixar (com Toy story 3), tivemos anseios artísticos manifestados em projetos tão díspares como Um homem misterioso (estrelado por George Clooney e dirigido por um fotógrafo) e Atração perigosa (em que Ben Affleck exalta o que o cinema tem de melhor em um filme de autor embalado em fórmulas comerciais).
O saldo que se vislumbra é de que 2010 foi um bom ano para o cinema. Embora em linhas gerais tenham prevalecido os filmes medianos, houve uns cinco ou seis grandes filmes e muita coisa ainda se desdobrará de dois deles em especial: A origem e A rede social. Mas isso, já é outro contexto.

Martin Scorsese mostrou em A ilha do medo porque é um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos




Reminiscências de 2010

+ Leonardo DiCaprio explorou com duas ótimas atuações os limites da mente nos filmes A origem e Ilha do medo


+ O cinema independente, após ser consagrado com o Oscar concedido a Guerra ao terror, viveu o mais fracos de seus últimos 5 anos


+ Josh Brolin esteve em quatro filmes em 2010 (Jonah Hex, Você vai conhecer o homem dos seus sonhos, Wall street – o dinheiro nunca dorme e, no ainda inédito, Bravura indômita). Um ator que fica melhor a cada novo trabalho. E 2010 deu uma boa noção disso.


+ Tivemos dois filmes de Woody Allen lançados comercialmente no Brasil este ano. Tudo pode dar certo em abril e Você vai conhecer o homem dos seus sonhos em novembro. Uma raridade bem recebida...


+ Christopher Nolan ratificou sua condição de visionário ao negar-se a dirigir o terceiro Batman em 3D. Na contramão de James Cameron, Nolan vê a tecnologia como uma efemeridade narrativa


+ O cinema nacional deve retrair em 2011 depois do excelente 2010. Pelo menos em termos de bilheteria...


+ O Blu-Ray vai pegando aos poucos, mas não representará a revolução que foi o DVD. Tão pouco essa revolução está nos downloads e distribuição online de filmes. No Brasil, em especial, o arrefecimento deste setor se deu antes da devida alavanca. A banda larga brasileira inviabiliza esse modelo de negócios.


+ Os atores voltaram a atrair interesse nos cinemas em 2010. Sem grandes sagas (com Harry Potter chegando ao fim) e com uma exaustão de filmes adaptados de outras mídias (como Homem de ferro 2 e Eclipse), 2010 deixa o caminho para uma mudança de posicionamento de alguns estúdios


+ Astros deverão estar novamente na ordem do dia nos próximos anos


+ O que não quer dizer que as adaptações estão fora da jogada, apenas prevê-se um equilíbrio maior nessa equação


+ Martin Scorsese e Roman Polanski lideraram, com seus filmes, a rotina de excelentes trabalhos de direção no ano. Também merecem destaque Pablo Trapero, José Padilha, David Fincher e Chris Nolan

domingo, 26 de dezembro de 2010

OSCAR WATCH 2011 - Insight

 As faces por trás das melhores atuações do ano

Apesar de ainda parecer aberta, as disputas pelos Oscars de atuação já estão bem delineadas. Já surgem no horizonte, os principais postulantes a estatueta. Mas antes de ceder a esse indefectível prazer de especular quem fica com o ouro, é preciso apontar quem de fato irá disputá-lo. É a esse préstimo que Claquete se lança nesta presente seção de Insight.
Um confiável barômetro para as indicações ao Oscar, é a lista do sindicato dos atores (SAG), que foi divulgada há duas semanas, mas com raras exceções essa lista foi plenamente aproveitada pela academia. Se o globo de ouro tem falhado cada vez mais em antever até mesmo os vencedores da estatueta, nesse aspecto o SAG tem se mostrado exímio, com raros desacertos.
Na disputa pelo SAG de melhor ator está Robert Duvall (Get Low), um favorito da classe dos atores, que está em um filme que foi bastante elogiado pela crítica quando lançado nos EUA (no meio do ano). Duvall já venceu o Oscar, mas não tem um SAG como intérprete e essa indicação, no mínimo, objetiva essa correção. Acumulando seis indicações ao Oscar (uma vitória) e outras três indicações ao SAG (quarta com a atual), Duvall pode ter aqui sua última chance de ser agraciado por seus pares. Isso faz dele um favorito ao Oscar? Não exatamente. Faz dele um favorito ao SAG, mas o impacto dessa indicação, o credencia à corrida do Oscar. Ainda que com poucas chances.

Robert Duvall e Bill Murray em cena de Get Low: filme elogiado pela crítica e uma derradeira chance de ser honrado por seus pares


Jeff Bridges (Bravura indômita), outro ator que ficou de fora do Globo de ouro, mas que apareceu na lista do SAG, por sua vez, tem maiores chances. Muito em parte pela força do filme que estrela. Aliás, dizem alguns críticos, sua atuação em Bravura indômita é superior a oscarizada em Coração louco. Contudo, pesa contra o ator o fato de acabar de ter sido premiado mais pela carreira do que pelo papel propriamente dito. Esse “infortúnio” pode limá-lo da disputa e novamente esculhambar com o timing da academia para entregar prêmios tardios.
Certezas na disputa por melhor ator são três. Jesse Eisenberg (A rede social) perece ter assegurado sua vaga junto a Colin Firth (O discurso do rei) e ao novo darling James Franco (127 horas). Se Bridges e Duvall têm a confiabilidade do SAG a seu favor, Ryan Gosling tem a aura cult que sonda sua persona e seu filme, Blue Valentine, do seu lado. Michael Douglas (O solteirão) é outro nome que não pode ser descartado. A academia já provou que não hesita em resgatar nomes negligenciados por premiações periféricas. Recentemente fez isso com Tommy Lee Jones (No vale das sombras) em 2008 e no esse ano com Maggie Gyllenhaal (Coração louco). Portanto, apesar de estar passando ao largo nessas primeiras premiações, Douglas e sua comovente composição em O solteirão não podem ser descartados.

Jesse Eisenberg em fotografia do editorial do The times com as celebridades de 2010: nome certo entre os cinco finalistas do Oscar de melhor ator


Uma segunda indicação ao Oscar em 5 anos para um ator tão limitado quanto Mark Wahlberg (O vencedor) parece pouco provável (lembrando que ele foi indicado por Os infiltrados em 2006). Apesar da festa em torno do filme que estrela, o ator deve se contentar mesmo com sua indicação ao Globo de ouro. E Leonardo DiCaprio? Muitos creem que DiCaprio está sendo injustamente esquecido. Mas o ator pode se beneficiar da mesma lógica que Michael Douglas. Improvável, apenas, que os dois sejam lembrados. Nesse sentido, DiCaprio tem a primazia de ter estrelado dois sucessos de bilheteria (Ilha do medo e A origem). Fato é que em 2011 dificilmente os cinco atores lembrados pelo sindicato serão anunciados pela academia em 25 de janeiro. É isso que Leonardo DiCaprio, Mark Wahlberg, Ryan Gosling, Michael Douglas e, em menor escala, Javier Bardem (Biutiful) almejam.


Colin Firth em cena de O discurso do rei: vencedor de alguns prêmios da crítica, favorito ao globo de ouro e com a lembrança forte de sua performance em Direito de amar, Firth veste a roupa de favorito na corrida pelo Oscar



As atrizes
Como de hábito, a disputa pelo prêmio de melhor atriz já se encontra mais delineada. Até mesmo com uma favorita declarada ao prêmio (Natalie Portman por Cisne negro).
Se já está certo que Jennifer Lawrence (O inverno da alma) e Annette Bening (Minhas mães e meu pai) lhe farão companhia na categoria, as outras duas vagas abrigam uma briga quase formal. Halle Berry (Frankie & Alice), Michelle Williams (Blue Valentine), Naomi Watts (Jogo de Poder) e Hilary Swank (Conviction) têm poucas chances de tirar as vagas de Nicole Kidman por Rabbit Hole (a atriz anda precisando de um novo empurrãozinho na carreira) e Lesley Manville por Another year (a melhor chance do filme de Mike Leigh ser reconhecido).
Aqui a inclusão de Swank faz lembrar quando Angelina Jolie foi indicada tanto ao Globo de ouro quanto ao SAG por O preço da coragem em 2008 e o Oscar corrigiu o exagero nomeando Laura Linney por A família Savage. Hilary com dois Oscars em duas indicações não parece ter um filme suficientemente comentado para chegar ao Oscar. Já o SAG não considera tanto um critério como esse na hora de destacar as atuações do ano. De qualquer jeito, a disputa pela estatueta de atriz, além de já ter uma favorita inconteste, parece mais definida do que a corrida pelo Oscar de melhor ator.

Natalie Portman, entre o ator francês Vincent Cassel e o diretor Darren Aronosfky, na premiere de Cisne negro: favorita absoluta ao Oscar de melhor atriz

+No próximo domingo, a corrida dos coadjuvantes+

sábado, 25 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010 - O cinema de 2010 em dez cenas

Todo ano, cenas nos emocionam, nos assustam, nos contagiam, nos empolgam e marcam nossa memória. Em 2010 não foi diferente. Para esse TOP 10 das melhores cenas do ano foi considerado desde o filme mais comercial ao mais independente, passando pelo mais inventivo sem deixar de lado o mais emocionante. No último TOP 10 do ano, antes do mais aguardado de todos (a lista dos dez melhores filmes de 2010 será publicada na quarta-feira, 29 de dezembro), Claquete honra alguns dos momentos mais transcendentais do cinema nesse ano que se despede.  




10 – O retorno de Gordon Gekko
Esse era um dos eventos do ano no cinema. Um dos grandes personagens do século XX, que excedeu os limites da sétima arte e influenciou gerações de executivos e corretores de bolsa de valores, regressava ao cinema. A cena inicial de Wall street – o dinheiro nunca dorme escancara logo que os tempos são outros. Gekko saindo da prisão e recebendo um celular obsoleto e sem ninguém para recepcioná-lo, enquanto um membro de gangue é recebido por uma limusine, é emblemático.



9 - Perdedores a espera de perdão
A vida durante a guerra transcorre e durante todo o tempo seus personagens esperam uma redenção que parece teimar em não vir. Lá pelas tantas do filme, Ciarán Hands, que faz um pedófilo, conversa à mesa de um bar com Charlotte Hampleing (que tem essa como sua única cena no filme) acerca das ingênuas expectativas por perdão. Um diálogo forte, cru e intensamente verdadeiro. A cena vale o filme.



8 – It´s your call!
Viver a vida que se leva ou tentar levar a vida que se tem? Pode parecer simplista, mas Ben Kalmen chega ao fim do filme sem se decidir por uma ou outra condição. Mas como exemplifica a cena final de O solteirão, ninguém pode tomar essa decisão por ele e é ele quem tem que estar 100% comprometido com a decisão que tomar. E como a decisão é de Ben, não temos acesso a ela. Pelo menos não de imediato.



7 – Na igreja
Finalmente aconteceu. Bruce Willis, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger dividiram uma mesma cena em um mesmo filme. A divertida e histórica cena ocorreu no antecipado e contestado Os mercenários. A auto referência bancada por Stallone teve seu ponto alto justamente nessa cena da igreja. Não poderia haver lugar melhor para reunir esses bispos do verdadeiro cinema de ação.



6 – O telefonema
Se uma cena pode fazer valer a um ator o Oscar, essa cena é a que o personagem vivido por Colin Firth recebe o telefonema que lhe mudará o trato com a rotina. A dor da morte do amante é processada com riqueza de detalhes pela face de Firth que emociona e desespera o espectador. E ainda estamos no começo do filme Direito de amar.



5 – Porrada no político
Pergunte a qualquer pessoa qual a melhor cena de Tropa de elite 2? Dificilmente alguém apontará outra que não a cena em que Nascimento desce a sova em um político corrupto em uma madrugada sangrenta no Rio de Janeiro. Não é por acaso, que Tropa de elite 2 sagrou-se campeão de público e essa cena provocou aplausos de Porto Alegre a Natal.



4 – I´m sorry Paul!
O peso da inevitabilidade não deve ser fácil no momento que sucumbe um ser humano. Daí o impacto do clímax de Enterrado vivo. Quando as palavras perdem o sentido perante a força da imagem e dos acontecimentos que se anunciam, a revolta já não faz mais sentido.



3 – A despedida
Essa talvez seja a cena mais emocionante do ano. Quando Andy se despede dos brinquedos que lhe ajudaram a passar por sua infância em Toy story 3, uma reação normal é encharca-se em lágrimas. A nostalgia nunca foi tão transbordante para uma mesma geração no cinema.



2 – Sem gravidade
Essa quase foi a cena de 2010. Em A origem Chris Nolan chegou a lua em termos cinematográficos. Se os efeitos especiais de A origem são de cair o queixo, na cena em que uma luta é encenada sem as leis da gravidade, o público se apega ao questionamento se aquilo é efeito especial ou sonho propriamente dito.



1 – Não sou o tipo remador
Deslumbrante do ponto de vista técnico, arrepiante em termos narrativos, sintomática da história que precede e sarcasticamente inteligente, a melhor cena do ano faz parte do filme mais inteligente do ano. A cena de abertura de A rede social é, em si, uma aula de cinema propriamente dita. O personagem central não poderia ter sido mais bem apresentado. Em um veloz, abrupto e atropelado diálogo com sua então namorada, nosso herói se define em metáfora pedestre: não sou o tipo remador.

Panorama: Rockn´rolla - a grande roubada


Com o fim do casamento com Madonna, renovou-se o cinema de Guy Ritchie. Rockn´rolla foi apontado por muitos setores da crítica como um dos principais filmes de 2008. Rápido, divertido, sarcástico (como Ritchie não era desde antes de casar-se) e dinâmico, o filme aliava com inteligência as commodities do cinema de gangster com a erosão da bolha imobiliária que ocasionou a crise econômica mundial em 2008. Ritchie novamente concebeu grandes personagens em um filme e Tom Wilkinson e Mark Strong se incumbiram de torná-los ainda maior. Rockn´rolla é sexual e sensual, explosivo e pop, inglês e internacional. Ritchie acertara a mão novamente. O filme também deixou claro que Destino insólito e Revólver foram filmes necessários para que Ritchie evoluísse como cineasta. Rockn´rolla apesar de ser um filme típico de Guy Ritchie, guarda poucas semelhanças (narrativas e estruturais, não de linguagem) com seus dois exemplares mais famosos até então. É um filme em que o diretor Ritchie prevalecia sob os outros aspectos como um legítimo Rockn´rolla (só vendo o filme para entender).

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010 - Dez personalidades que se destacaram no ano


10 – George Clooney
É um lugar comum. Entra ano e sai ano e Clooney se destaca. O começo do ano foi especialmente do ator. Dono de uma das performances mais elogiadas da temporada de premiações, Clooney esteve em todas com Amor sem escalas. Não obstante, esteve à frente dos esforços midiáticos para prover ajuda as vitimas do terremoto no Haiti. Reuniu-se, pelo menos, cinco vezes com o presidente Obama e outros líderes de Estado para tratar da ajuda humanitária a Darfur e Sudão. 2010 também foi um ano em que George Clooney foi bastante homenageado por seus pares, justamente por seus esforços humanitários.



9 - Sofia Coppola
Ela já tem um Oscar e agora pode desfilar com seu leão de ouro também. A diretora recebeu a honraria máxima concedida pelo festival de Veneza por seu quarto longa-metragem, Em qualquer lugar. No encalço de seu pai, Sofia já apresenta uma média de prêmios superior ao big daddy nessa fase da carreira.



8 - Jeff Bridges
Ator americano que é muito querido. Bridges guardará 2010 com carinho na memória. Dominou a temporada de premiações, que culminou no Oscar de melhor ator por Coração louco, e voltou ao universo de Tron (um dos grandes destaques de sua carreira) em Tron Legacy.



7 – Marco Ricca
Ator respeitado com trânsito no cinema e no teatro, Marco Ricca debutou como cineasta em 2010. Cabeça a prêmio foi o melhor filme brasileiro do ano, o que por si só já valeria um lugar de destaque para Ricca em uma lista como essa. Mas o que mais impressionou a crítica foi a segurança do estreante atrás das câmeras.



6 – Sylvester Stallone
Ninguém foi alvo de tanto desprezo brasileiro quanto o Rocky sessentão. Depois de proferir algumas palavras de mau gosto com relação ao Brasil e aos brasileiros, Stallone virou persona non grata em Mangaratiba (onde Os mercenários foi parcialmente gravado e uma estátua em homenagem ao ator seria erguida). Stallone, no entanto, deu a volta por cima. Consagrou-se nas bilheterias e trouxe uma série de estrelas decadentes para a ordem do dia.



5 – Leonardo DiCaprio
As previsões em 2009 eram de que 2010 seria dele e assim foi. DiCaprio foi o grande nome de dois dos principais filmes do ano. Esteve muito bem no filme mais comentado do ano (A origem) e melhor ainda na quarta colaboração com Martin Scorsese (Ilha do medo). Não se espantem se DiCaprio adentrar 2011 colhendo os louros de 2010.



4 – James Franco
Única presença tida como certa nos principais prêmios de 2011 desde mados de setembro, Franco dedicou-se ao cinema independente em 2010. O que lhe conferiu um distinto lugar nesta lista. Sua performance visceral em 127 horas, novo filme de Danny Boyle, tem causado verdadeiras comoções onde quer que o filme seja exibido. Franco também colhe elogios por Howl, que desde o festival de Sundance é exibido em festivais mundo afora.



3 – Jesse Eisenberg
Em A rede social ele vive o cara do bilhão de dólares. Jesse Eisenberg pode ter um 2011 bem mais estelar do que foi 2010, em que apareceu bem na fita também nos filmes O solteirão e Zumbilândia.



2- Michael Douglas
Diagnosticado com um câncer na garganta, Michael Douglas passou 2010 lutando contra este mal. A batalha, com grandes chances de ser vencida, continuará sendo travada em 2011. Fica em 2010, porém, a marca do retorno do ator a grande forma em filmes como Wall street – o dinheiro nunca dorme, em que reviveu seu mais célebre personagem (Gordon Gekko), e O solteirão, filme que pode levá-lo novamente ao Oscar.



1 – Ben Affleck
Se alguém vivenciou uma ressurreição artística em 2010, esse alguém foi Ben Affleck. Em sua segunda incursão como diretor, Affleck foi novamente bastante elogiado pelo filme Atração perigosa. Mas é como intérprete que os elogios chamam a atenção. O ator obteve forte reconhecimento tanto por seu desempenho no filme que dirige quanto em The company men (ainda sem previsão de estréia no Brasil).