sábado, 31 de julho de 2010

Claquete destaca

* Será exibido hoje pela HBO brasileira, às 21h, o elogiado filme You don´t know Jack. A produção que concorre ao Emmy no mês que vem é amparada por uma colossal atuação de Al Pacino na pele do dr. Morte (médico que estimulava e assistia seus pacientes a renunciarem às próprias vidas).

Al Pacino no poster da produção que a HBO exibe hoje: a crítica americana saudou a atuação de Pacino no filme como a sua melhor na última década

* Na comic com 2010, encerrada no último domingo, foi anunciada com pompa a produção e o elenco do filme Os vingadores. Além de Robert Downey Jr. (Homem de ferro), Chris Evans (Capitão América), Samuel L. Jackson (Nick Fury), Scarlett Jonhansson (Viúva negra) e Chris Hemsworth (Thor), subiram ao palco Jeremy Renner, que viverá o gavião arqueiro, e Mark Ruffalo, escolhido para ser o terceiro ator a viver o Hulk nas telonas. Sobre o fato de substituir Edward Norton que não entrou em um acordo financeiro com a Marvel, Ruffalo declarou à Entertainment Weekly esta semana: “Vejo como se ele tivesse passado o papel para mim e o considero o Hamlet de nossa geração”. E assim, polido, Os vingadores chegará aos cinemas de todo mundo em 4 de maio de 2012.

Elenco de heróis: A nata de hollywood na produção mais ousada da Marvel até aqui


* O cultuado e festejado diretor Stephen Daldry estará a frente da adaptação do livro Extremamente alto & incrivelmente perto. A trama gira em torno de Oskar, garoto de nove anos, cujo pai foi uma das vítimas do 11 de setembro. O roteiro será de Eric Roth (Forrest Gump, Munique e O curioso Caso de Benjamin Button) e o principal personagem feminino foi oferecido a vencedora do Oscar Sandra Bullock.

Em busca de sua quarta indicação ao Oscar de direção: com seu quarto trabalho, o inglês pretende manter seu aproveitamento perfeito junto à academia


* Foi divulgada a relação dos filmes que participarão do 34º Festival de cinema de Toronto, festival célebre por dar o pontapé inicial na temporada de ouro do cinema. Na edição que ocorrerá entre os dias 9 e 19 de setembro, muita coisa boa. Teremos os novos trabalhos de Woody Allen (you will meet a tall dark stranger), Robert Redford (The conspirator), Alejandro González Iñarritu (Biutiful), Darren aronofsky (Black Swain), Dennis Tanovic (Cirkus Columbia), Mile Leigh (Another year) e Michael Winterbotton (The trip).
Chama a atenção na seleção desse ano o alto número de atores diretores com filmes na seleção. David Schwimmer exibirá The trust com Clive Owen e Catherine Keener; Tony Goldwyn lança o elogiado Conviction com Hillary Swank e Sam Rockwell; Emilíio Estevez dirige seu pai, Martin Sheen, em The Way; Philip Seymour Hoffman estréia na direção com Jack goes boating e Ben Affleck dirige e atua no policial The town.
Outros destaques da seleção ficam por conta de The debt, novo trabalho do diretor de Shakespeare apaixonado; The housemaid, produção sul-coreana de In Sang-Soo que fez sucesso em Cannes; Blue Valentine que arrebata por onde quer que passe desde Sundance; Tamara Drewe, comédia de Stephen Frears com a bela Gemma Artenton; Stone que opõe uma vez mais Robert De Niro e Edward Norton em um duelo de interpretações; Never let me go, do suíço Mark Romanek, Lope, co-produção entre Brasil e Espanha assinada por Andrucha Waddington e os novos trabalhos de François Ozon e Julian Schnabel, Potiche e Miral respectivamente.


* Depois de ter anunciado o fim da Miramax e ter, ainda que informalmente, posto à venda o principal estúdio de cinema independente a surgir em Hollywood nos últimos anos, a Disney anunciou esta semana a venda da empresa para um grupo de investidores por U$ 660 milhões. Ainda não se sabe o plano desse grupo que leva, além do nome e prestígio do estúdio, todo o seu catálogo de filmes e projetos em desenvolvimento.


* Em enquete promovida pelo blog sobre o novo layout de Claquete, não houve maioria. A maior parte dos leitores se dividiram. 40% consideraram o novo visual ótimo e mais atraente para a leitura, enquanto que outros 40 % consideram o novo visual de Claquete bom, mas feito a ressalva de que preferiam o antigo. Houve, ainda, uma pequena parcela que desaprovou a mudança gráfica proposta. Mais empates quando buscava-se apurar qual a nova seção do blog que mais entusiasmou o internauta. Claquete repercute e Claquete entrevista foram as mais votadas. Logo atrás vieram Panorama e Claquete destaca, Claquete documenta não foi lembrada.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Panorama - Desejo e perigo

Quando um cineasta está muito a vontade com um tema, ele procura sofisticá-lo sempre que possível. É o que Ang Lee faz em Desejo e perigo (Lust, caution China 2007), filme que, tal qual O segredo de Brokeback mountain, valeu ao diretor o leão de ouro em Veneza. Na trama ambientada na Xangai sob ocupação japonesa na segunda guerra mundial, Lee captura os conflitos emocionais de ambos os lados que estão diametralmente opostos na guerra, mas sexualmente atraídos nas figuras de Wang Jiazi (Wei Tang), uma estudante chinesa transformada em espiã por força das circunstâncias, e o senhor Yee (Tony Leung), o alvo japonês da espionagem. É pelo trânsito de emoções e percepções desse par de personagens que Desejo e perigo se inscreve como a mais sofisticada análise de Lee sobre a dicotomia entre o dever, a responsabilidade perante um grupo, e o anseio pessoal, brilhantemente emulado na força sexual que enraíza a relação peculiar entre o senhor Yee e Wang Jiazi.
Se em Brokeback Mountain a responsabilidade era de ordem civil e social, e era ela que emperrava os caubóis de se entregarem ao flagelo de sua paixão, em Desejo e perigo é a responsabilidade patriótica que clama à contenção. À entrega dissimulada. Um filme vigoroso que deixa claro de uma vez por todas o cerne da obra de Ang Lee. O interesse por esmiuçar a relação intrínseca entre o desejo e a necessidade de controlá-lo. Mais que isso, Lee se interessa por aventar as razões que levam uma pessoa a optar por ceder ao desejo ou por reprimi-lo e quais as consequências dessa escolha.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Numerologia

Estréia de Eclipse abaixo do esperado, mas quebra alguns recordes
Eclipse estreou durante a Copa do mundo. Nada demais, já que o público alvo do filme é pouco afeito ao futebol. Contudo, esperava-se números mais consagradores na estréia da terceira aventura baseada nos escritos de Stephenie Meyer. Apesar de registrar recorde de bilheteria em um mesmo dia, a fita não chegou perto das melhores aberturas do feriado de 4 de julho nos EUA. No Brasil, o filme registrou 200 mil espectadores nas seções de 00:00h do dia 30 de junho e estabeleceu um recorde. Recorde fácil, já que exibições como essa não são comuns no país. Um mês depois da estréia, Eclipse não deve superar a bilheteria de Lua nova, algo que todos estavam contando.

Shymalan, sempre um desagregador
Pois é, O último mestre do ar não devolveu a M.Night Shymalan os bons tempos com a crítica. De quebra, algumas cópias em 3D (já que o filme foi convertido para o formato para aproveitar a onda) também desagradaram espectadores que malharam o filme em redes sociais como o twitter. Contudo, no frigir dos ovos, o filme não se apresentou como a decepção de bilheteria que foram os últimos trabalhos do indiano como Fim dos tempos e A dama na água. A fita já rendeu no mercado americano cerca de U$ 135 milhões e está perto de equiparar-se ao alto custo de U$ 150 milhões. Com a arrecadação mundial o filme deve dar lucro, ainda que pequeno.

Meu malvado favorito triunfa sobre Eclipse
Lua nova manteve a liderança das bilheterias americanas por três semanas, Eclipse não conseguiu liderar por mais de uma semana. Pode-se argumentar que o terceiro filme da saga Crepúsculo estreou na mais movimentada temporada do cinema, o verão americano, mas mesmo assim era de se imaginar que a fita superasse a estréia da animação Meu malvado favorito. No entanto, no primeiro fim de semana em que se confrontaram, a fita da Universal jogou Eclipse para segundo lugar com uma diferença de faturamento de U$ 20 milhões.

Presa
Robert Rodriguez já anunciou a continuação de Predadores, reboot da série iniciada em 1987 com Arnold Schwarzenegger no elenco. Contudo, o filme estrelado por Adrien Brody e Alice Braga parece não ter empolgado a crítica. Com um custo de produção estimado em U$ 60 milhões, a fita se despede do TOP 10 americano com U$ 45 milhões em caixa após duas semanas em cartaz. Na estréia brasileira a fita também patinou, conquistando um modesto sexto lugar.

O reino de Shrek no Brasil
Nem Tom Cruise, nem Edward. Quando um certo ogro verde está na parada, as bilheterias brasileiras são dele. Mesmo com a ampla e antecipada estréia de Encontro explosivo, último filme estrelado por Tom Cruise, e com dois filmes de mídia em cartaz (Eclipse e Toy story 3), Shrek para sempre mostra apetite avassalador. O filme tal qual ocorrera nos EUA manteve a liderança do Box Office de forma consecutiva e em três semanas alcançou a marca de 4 milhões de espectadores com uma arrecadação superior a R$ 65 milhões. Nada mal para um mercado periférico como o brasileiro.

Shrek e sua turma: no Brasil ele reina nas bilheterias deixando astros de primeiro time, vampiros e brinquedos para trás


A arrasadora estréia de A origem e a repercussão na crítica
A menina dos olhos da Warner nessa temporada de verão é o filme A origem. A obra de Christopher Nolan, totalmente original, é um oásis cinematográfico em uma época em que adaptações, remakes e sequências dão o tom. Se havia certo receio quanto a receptividade do público para um filme intrincado, que exige atenção e inteligência do espectador e sem nenhum material midiático prévio que o viabilize, esse temor caiu por terra. Duas semanas após a estréia de A origem, só se fala no filmaço de Christopher Nolan. É o filme mais bem avaliado pela crítica americana no ano até aqui e já rendeu U$143 milhões nas bilheterias americanas.
A fita manteve a liderança no fim de semana seguinte batendo a estréia de Salt, estrelado por Angelina Jolie. Enquanto o filme de Jolie fez U$ 36 milhões (uma estréia abaixo das expectativas da Sony), A origem, em seu segundo fim de semana, arrecadou U$ 43 milhões.


Carma
2010 é o pior ano da carreira do Midas do cinema de ação e aventura Jerry Bruckheimer, com dois blockbusters na temporada que, literalmente, encalharam. Príncipe da Pérsia: areias do tempo ficou bem longe do hype que se imaginava e só não dará prejuízo graças ao mercado internacional que abraçou o filme. Em julho foi a vez de Aprendiz de feiticeiro derrapar e aguar de vez o 2010 de Jerry Bruckheimer. O filme estrelado por Nicolas Cage, Jay Baruchel e Monica Bellucci já se despede do Top 10 americano sem chegar perto dos U$ 100 milhões. Cadê Jack Sparrow para ir ao socorro de Jerry?

Os eleitos de Veneza



O francês François Ozon é o único cineasta europeu de renome a integrar a mostra competitiva de Veneza em 2010

Foi divulgada hoje a seleção oficial do 67º festival de cinema de Veneza. O júri presidido pelo cineasta Quentin Tarantino irá avaliar 22 filmes em competição oficial. Desta mostra, há forte presença americana, algo que vem sendo reiterado em Veneza nos últimos anos. Os novos trabalhos de Sofia Coppola (Somewhere), Darren Aronofsky (Black Swan) e Julian Schanabel (Miral) estão entre os destaques. Também dos EUA vem a nova produção do ator, diretor, artista plástico e músico Vincent Gallo, afastado da direção desde Brown Bunny (2003), ele volta com Promisses written in water.
Outros cineastas respeitáveis exibem seus novos trabalhos em Veneza. São eles: o espanhol Alex de la Iglesia com Balada triste de trompeta, o japonês Takeshi Miike com 13 assassins, o francês François Ozon com Potiche e o alemão Tom Tykwer com Drei.
No geral a seleção oficial é pouco convidativa. Alguns dos filmes que estarão em Veneza, tanto em competição como fora de competição, também estarão no Festival de Toronto (mais detalhes sobre esse festival em Claquete destaca deste sábado), o que diminui um pouco a força de Veneza este ano. A cópia restaurada de O leopardo, grande clássico de Giuseppe Tornatore, já exibida em Cannes este ano, também integrará a maratona cinéfila em Veneza.
Das produções que serão exibidas fora de competição na cidade italiana, as que mais chamam a atenção são os novos trabalhos de Ben Affleck, The Town, de Andrucha Waddington, Lope, e de Casey Affleck, o documentário I´m still here: the lost year of Joquin Phoenix. Todas estas fitas também estarão sendo exibidas, quase que concomitantemente, em Toronto. Como diferencial, Veneza exibe um elogiado trabalho de Dennis Hooper, ator e diretor americano morto há um mês, The last movie (1971) é a pedida exata para o tom desta edição do festival.

John Hamm em cena do thriller policial The town, segundo longa de Ben Affleck como diretor: filme que estará tanto em Veneza como em Toronto



Confira a lista dos filmes em competição:
Black Swan, Darren Aronofsky (EUA)
La Pecora Nera, Ascanio Celestini (Itália)
Somewhere, Sofia Coppola (EUA)
Happy Few, Antony Cordier (França)
La Solitudine dei Numeri Primi, Saverio Costanzo (Itália, Alemanha, França)
Silent Souls, Aleksei Fedorchenko (Rússia)
Promises Written in Water, Vincent Gallo (EUA)
Road to Nowhere, Monte Hellman (EUA)
Balada Triste de Trompeta, Alex de la Iglesia (Espanha, França)
Venus Noire, Abdellatif Kechiche (França)
Post Mortem, Pablo Larrain (Chile, México, Alemanha)
Barney's Version, Richard J. Lewis (Canadá, Itália)
Noi credevamo, Mario Martone (Itália, França)
La Passione, Carlo Mazzacurati (Itália)
13 Assassins, Takashi Miike (Japão, EUA)
Potiche, François Ozon (França)
Meek's Cutoff, Kelly Reichardt (EUA)
Miral, Julian Schnabel (EUA,França, Itália, Israel)
Norwegian Wood, Tran Anh Hung (Japão)
Attenberg, Athina Rachel Tsangari (Grécia)
Detective Dee and the Mystery of Phantom Flame, Tsui Hark (China)
Drei, Tom Tykwer (Alemanha)

quarta-feira, 28 de julho de 2010

TOP 10

Para fechar o ciclo das músicas que marcaram décadas aqui em Claquete é imperativo que falemos das principais músicas dos anos 00. Logo de partida é preciso contextualizar: não há fenômenos como nos anos 80 e 90. O cinema arranjou outros elementos agregadores como os efeitos especiais e as canções de hoje já não são tão onipresentes como outrora. Ainda assim há muita coisa boa sendo produzida originalmente para o cinema. Vamos conferir as 10 músicas que fizeram a cabeça dos anos 00.


10 – There you´ll be, do filme Pearl Harbor (2001)
O filme dirigido por Michael Bay e produzido por Jerry Bruckheimer ambicionava ser o Titanic da nova década. Protagonistas bonitos, uma história de amor trágica, orçamento milionário, um porta aviões (na ausência de um transatlântico) e uma música melosa interpretada por uma cantora famosa, no caso Faith Hill. Não deu. Pearl Harbor tem seu charme, emplacou a música nas paradas, conseguiu meia dúzia de indicações ao Oscar, mas passou longe de repetir o frisson de Titanic.

9 – All that jazz, do filme Chicago (2002)
Ok, a música não foi composta para esse filme. Mas a verdade é que All that jazz ajudou a consolidar o sucesso dos musicais. Rádios pop tocavam a música em 2002 e o clipe fez sucesso inimaginável na época. All that jazz é sexy, vibrante e dá o tom certeiro para a sociedade do espetáculo. Ontem e sempre.

8 – Things have changed, do filme Garotos incríveis (2000)
O belo drama dirigido por Curtis Hanson é emoldurado pela última grande composição de Bob Dylan. A vencedora do Oscar e do Grammy Things have changed é apoteótica e pueril ao mesmo tempo. Captura a essência da fita e rememora toda a obra de Dylan.

7 – Painted on my heart, do filme 60 segundos (2000)
O filme é bacana, mas acabou ofuscado pela febre Velozes e furiosos que surgiria no ano seguinte. O que não teve jeito de abater mesmo foi a deliciosa música composta pelo The cult especialmente para o filme. Assistir ao clipe da música no DVD do filme é uma experiência mais convidativa do que assistir o próprio filme.

6 – Old habits die hard, do filme Alfie – o sedutor (2004)
Mick Jagger já tem um globo de ouro para chamar de seu. O líder dos Rollings Stones mantém uma carreira solo com relativo sucesso e aqui, com essa canção, contribuí para a aura de comédia romântica para os homens do filme estrelado por Jude Law. Com pegada agridoce, Old habits die hard é uma mea culpa cafajeste irresistível.

5 – Only time, do filme Doce novembro (2001)
Enya esteve em voga no início da década. Emplacou canções nos primeiro e terceiro capítulos de O senhor dos anéis e nesse drama romântico estrelado por Keanu Reeves e Charlize Theron. A impossibilidade é o tema da música que tocou nos MP3 e futuros IPODs de uma geração de apaixonados.

4 – The hands that built america, do filme Gangues de Nova Iorque (2002)
Martin Scorsese e U2 juntos para contar a saga do nascimento de Nova Iorque. Ok, não foi bem assim, mas o romantismo apoteótico de The hands that built America ao fim de Gangues de nova Iorque permite o devaneio. A aguardada, elogiada e, também, contestada produção de Scorsese valeu ao grupo irlandês sua única indicação ao Oscar de canção ate hoje.

3 – The wrestler, do filme O lutador (2008)
Sinergia existe e o último filme de Darren Aronosky é a prova cabal disso. Mickey Rourke e seu personagem se confundem em O lutador e a bonita música de Bruce Springsteen faz dessa confusão um estado de espírito.

2 – Lose yourself, do filme 8 mile –rua das ilusões (2002)
O que dizer do primeiro rap a faturar o Oscar de melhor canção original? Lose yourself é vibrante, expansiva e arrebatadora. Eminem escreveu com coração a música que lhe rendeu um lugar na história do cinema. E Curtis Hanson, diretor do filme, ajudou figuras tão díspares como Dylan e Eminem –em uma mesma década – na façanha de conquistar um Oscar.

1 – Die another day, do filme 007 um novo dia para morrer (2002)
Era a despedida de Pierce Brosnan da pele de James Bond, ainda que isso não fosse sabido à época. A estrela pop máxima de nossa geração, Madonna, compôs a música que grudou feito chiclete. Agitada, instigante e sensual, Die another day foi a música tema de 007 mais marcante desde Live and let die.

terça-feira, 27 de julho de 2010

ESPECIAL SALT - Quem é Salt?


A pergunta que dá título a esta reportagem é o que move a mais recente produção estrelada pela diva Angelina Jolie. Salt, principal lançamento de verão da Sony Pictures, é um filme que mistura ação e espionagem nos termos da era Bush, momento em que o filme ganhou o aval para ser produzido. “Se você me perguntar quem é Salt, vou ser sincera. Não construí nenhuma identidade para ela. Não a enquadrei em nenhum conceito- boa, má, heroína, traidora. Se o fizesse teria criado uma figura unidimensional”, explica Angelina Jolie em entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo em Cancún (México), onde esteve para divulgar o filme duas semanas atrás.
Na trama, Evelyn Salt (Angelina Jolie) é apontada como uma agente dupla e passa a ser perseguida por seus antigos colegas. Salt pode ser confundido com filmes que ganharam os cinemas na guerra fria, como Sem saída (1987), em que Kevin Costner surpreende meio mundo quando se revela um agente triplo, ou até mesmo Caçada ao outubro vermelho (1989), primeiro filme estrelado pelo agente da CIA Jack Ryan.


Sabendo rezar a missa
E por falar em Jack Ryan, o diretor de Salt é um cara escolado em matéria de espionagem no cinema. Jogos patrióticos (1992) e Perigo real e imediato (1994), ambos estrelados por Harrison Ford como Jack Ryan, foram dirigidos por Philp Noyce que desde esses dois filmes não voltava ao mundo da espionagem via Hollywood.
Noyce esteve envolvido com o projeto desde o inicio. Angelina não. “O papel foi desenvolvido para Tom Cruise que recusou”, lembra o cineasta em entrevista a Entertainment Weekly. “Ele receava que o filme saísse muito parecido com a série que estrela, Missão impossível”, continua o diretor.
Salt teve, então, que ser reescrito. A Sony e Noyce acharam interessante escalar uma mulher no papel principal. Mas quem? “Só poderia ser Angelina”, sentenciou Noyce. O diretor argumenta que ficou impressionado com a performance física da estrela em filmes como Sr. & Sra. Smith (2005) e O procurado (2008). “Se há uma mulher capaz de convencer como heroína de ação, essa mulher é Angelina”, bradou o entusiasmado diretor à Entertainment Weekly. “Não vou dizer que é tudo 100% eu porque seria mentira, mas fiz muito mais do que o estúdio e a seguradora gostariam, por razões de segurança, e menos do que eu esperava fazer, por que chega um momento em que você precisa recorrer aos profissionais”, esclarece a atriz sobre as movimentadas sequências de ação que rodou para o filme.

Fotos: Getty images
Angelina Jolie e o maridão compareceram a premiere americana do filme no último dia 19 de julho

Angelina posa para os fotógrafos: Salt arrecadou U$ 36 milhões em seu primeiro fim de semana em cartaz nos EUA. Desempenho inferior as expectativas do estúdio


Saldo final
A Sony pôs Angelina para trabalhar. Em um espaço de duas semanas, a atriz percorreu meio mundo. Foi ao México, a alguns países da Europa, ao Japão, a Comic Com em San Diego e na premiere americana do filme em Los Angeles, fora o batalhão de entrevistas promocionais. Tudo para fazer do filme que lhe valeu um cheque de U$ 20 milhões (o maior pago a uma atriz em um filme de ação) um sucesso.
Enquanto isso, ironia do destino, Tom Cruise lança na mesma temporada uma comédia de ação em que vive um agente secreto, acusado de ser agente duplo e traidor. Encontro explosivo não fez boa carreira nas bilheterias americanas e faz relativo sucesso nas bilheterias internacionais. Salt vem para o jogo agora e a pergunta que abre a matéria, parece mais próxima de ter uma resposta.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Movie Pass

E já que o tema do mês parece ser espionagem (os dois filme que recebem o Especial Claquete giram em torno do tema), nada mais justo do que reverenciar um dos maiores filmes do gênero e tido por muitos cinéfilos e ensaístas como seu legítimo precursor. Trata-se de Intriga internacional (North by northwest, EUA 1959). O destaque da seção Movie Pass deste mês é o 59º filme do mestre, e prolífero, Alfred Hitchcock.
Na trama, Cary Grant faz um executivo confundido com um agente secreto e que, justamente por isso, passa a ser perseguido pelos EUA por um grupo de agentes que compõe uma misteriosa organização. Intriga internacional é um deleite. Objeto de culto dos fãs do diretor inglês e dos adoradores do gênero consagrado por James Bond, o filme apresenta todos os cacoetes do cinema de Hitchcock. Diálogos matadores, truques de narrativa, colagem de imagens certeiras, reviravoltas inesperadas e atores inspirados (além de Grant, Eva Marie Saint e, principalmente, o vilão James Mason) fazem de Intriga internacional um filme referencial no gênero.
Até hoje cinéfilos se reúnem à mesa de bar para discutir a famosa cena em que Grant é perseguido por um avião. Coisa que só Hitchcock era capaz de fazer crível, ainda mais com os recursos escassos da época. Um filme tenso, divertido e inteligente. Cult por excelência e obrigatório para a formação cinéfila.


domingo, 25 de julho de 2010

ESPECIAL SALT - Insight

Por que a espionagem dá certo no cinema?

Angelina Jolie é acusada de ser uma agente dupla em Salt, que estréia na próxima semana no país


É um mistério digno de James Bond. A sociedade e o cinema atravessaram profundas transformações ao longo dos anos, despontando tendências e consagrando gêneros e estilos cinematográficos das mais diversas estirpes e procedências. A espionagem, porém, desde que surgiu com força no cinema, nos idos dos anos 60, sob o calor da guerra fria, tem se mantido firme e renovável no eixo central da produção cinematográfica contemporânea. Se James Bond é o símbolo maior da guerra fria, como explicar seu sucesso itinerante nesses últimos anos? É lógico que Bond foi atualizado. É desnecessário frizar mais uma vez as influências da trilogia Bourne nos mais recentes filmes do agente britânico. Mas não é o próprio Bourne um reflexo dos temores da guerra fria? Por que esse tipo de cinema ainda encontra respaldo em uma época aparentemente tranquila?
Julia Roberts e Clive Owen em cena de Duplicidade: Espiões a serviço de multinacinacionais

Primeiro porque é contingência do mundo globalizado em que vivemos a proliferação de teorias conspiratórias. As teorias conspiratórias surgiram no âmago do imaginário cultural juntamente com o cinema de espionagem e com a guerra fria. Logo, embora a guerra fria - como o conceito a define - tenha acabado, os outros elementos ganharam dimensão própria. Na era do Big Brother, dos poderosos vírus de computador e dos super jatos sônicos é difícil imaginar que as potências mundiais ainda precisem dos velhos arquétipos representados pela figura do espião. Tony Gilroy fez um ótimo filme ano passado, Duplicidade, mostrando que a espionagem hoje serve melhor as grandes corporações do que aos países. O que, de fato, reflete a nova ordem econômica mundial.
Mas não é só. A espionagem deixou de ser tratada como cinema de escape e passou a ser coisa séria. Sidney Pollack e Alan J. Pakula ajudaram a transmutar a cara desse cinema com fitas como Os três dias do condor (1975) e Todos os homens do presidente (1976). Daí para a frente a abordagem da espionagem na tela grande passou a ser mais multifacetada.
Perpassando o drama, com exemplares como O jardineiro fiel (2005) e O americano tranquilo (2002), a ação, como no recente Salt (2010), e até mesmo a comédia, como no já citado Duplicidade (2009).

O brasileiro Fernando Meirelles orienta Ralph Fiennes e Rachel Weiz nos sets de O jardineiro fiel, adaptação do best seller britânico de John Le Carré

Contexto

Quando fazer rir da política é um bom (e inteligente) negócio

A política brasileira pode ser considerada um excelente celeiro para o humor nem sempre sofisticado do brasileiro. Figuras como Lula, Severino Cavalcanti, José Sarney, Roberto Jefferson, Collor, Paulo Maluf e Fernando Henrique Cardoso são alguns componentes de uma fauna tão multifacetada quanto dotada, em si, de poderosos elementos cômicos.
O cinema se habituou a reverberar essa curiosidade cultural. A ideia de político bonachão, cafajeste, popularesco, embora esteja intrinsecamente relacionada a nossa cultura, não é patrimônio brasileiro. Filmes estrangeiros já se valeram de figuras históricas, tanto em filmes biográficos quanto em tramas ficcionais, para explicar o imponderável através de um viés humoristíco.
Dentro desse contexto, o filme O bem amado, baseado no texto de Dias Gomes, vem engrossar as fileiras de produções como Chá com Mussolini (1999), de Franco Zeffirelli, Jogos do poder (2007), de Mike Nichols, Segredos do poder (1998), de Mike Nichols, O grande ditador (1940), de Charles Chaplin, Mera coincidência (1997), de Barry Levinson, A comédia do poder (2006), de François Ozon, entre tantos outros.

No calor da segunda guerra mundial, Charles Chaplin ousou ridicularizar a figura de Hitler em O grande ditador
Em comum, essas fitas têm a proposta de fazer rir no mesmo compasso que pretendem fazer o espectador pensar. As abordagens são sempre inspiradas e, quando não reproduzem fielmente, se esmeram grandemente em figuras e eventos reais.
Em O Bem amado, Odorico Paraguaçu, personagem vivido com gosto por Marco Nanini, é o prefeito da fictícia cidade de Sucupira no litoral baiano. Corrupto, cheio de malandragens e traquinagens, é dono de uma lábia e carisma que estão acima de qualquer suspeita. O fluxo de O bem amado, dirigido com propriedade por Guel Arraes, não traz nada de novo em relação àquelas máximas familiares a quem entende de política ou a quem entende de humor. O mérito está justamente na ambientação, na construção do comentário e na introdução de aspectos novos, trabalhando com a memória do espectador, a um uma estrutura narrativa manjada.
Independentemente das virtudes e das falhas da fita, é louvável que se objetive aproximar o público de um tema tão importante como a política. Se fizer com que o público de divirta, melhor ainda.
Marco Nanini como Odorico em cena de O bem amado: o ator já havia encarnado o personagem no teatro

Se você gostou deste artigo e do tema debatido, Claquete recomenda:

Jogos do poder, de Mike Nichols (EUA 2007)
Mera coincidência, de Barry Levinson (EUA 1997)
O grande ditador, de Charles Chaplin (EUA 1940)
O candidato aloprado, de Barry Levinson (EUA 2006)

sábado, 24 de julho de 2010

Claquete destaca


* Desenrola, filme dirigido por Rosane Svartman e que faz parte do pool de lançamentos da Globo filmes para esse segundo semestre, foi o grande destaque do Festival de Paulínea. O filme que acompanha o universo dos adolescentes cariocas de classe média, é uma espécie de As melhores coisas do mundo made in rio. Kayky Brito faz um surfista cobiçado pela protagonista da fita. Tal qual no filme de Laís Bodansky, o elenco é composto por jovens e novos atores cercados de coadjuvantes de peso como Juliana Paes e o jornalista Pedro Bial que faz uma ponta como um professor de matemática.

* Outro grande destaque do festival que acontece no interior de São Paulo foi o filme Malu de bicicleta, baseado no livro do jornalista Marcelo Rubens Paiva. Além de representar um oásis na produção cinematográfica brasileira que pouco se esmera em sua literatura contemporânea, o filme, segundo o protagonista Marcelo Serrado, se inspira em Woody Allen. Na trama, Serrado faz um empresário paulistano mulherengo que se apaixona pela carioca Malu que o atropela com uma bicicleta na primeira vez que ambos se encontram. O filme deve estrear nos cinemas brasileiros em novembro.

Romance no Rio: Em Malu de bicicleta um homem descobre o amor em uma mulher bem mas jovem

* Mas o grande vencedor do festival foi 5 X favela – agora por nós mesmos com 7 prêmios, incluindo melhor filme. O prêmio da crítica foi entregue para Jefferson Dê, em sua estréia em longas ficcionais, por Bróder. Ambos os filmes já haviam passado por festivais internacionais como Tribeca e Cannes. Contudo, essa premiação não deixa de mimetizar aquela velha máxima de que o cinema brasileiro e suas reminiscências (as premiações) se prestam a uma justificação social que não lhes cabe. Isso ficou patente na fala de Rodrigo Felha, um dos co-diretores de 5 X favela. “Vocês estão subestimando a favela. Não façam isso, por favor”, exaltou ao receber o primeiro prêmio na noite de quinta-feira. Com os outros seis, viria a certeza: a favela, no cinema, segue superestimada.


Comic com 2010
Está sendo realizada desde a última quinta-feira, e será encerrada amanhã, a nona edição da Comic com, realizada anualmente em San Diego. A principio, o evento era voltado apenas para o mercado dos quadrinhos, mas ganhou dimensões maiúsculas quando o cinema passou a interagir com maior frequência com esse filão. Hoje, a feira é a melhor plataforma para divulgação das últimas novidades da cultura pop.
Neste ano, os principais destaques ficaram por conta de Salt, filme estrelado por Angelina Jolie que estréia na próxima sexta no Brasil, Tron legacy, continuação da aventura cult dos anos 80 estrelada por Jeff Bridges e Scott Pilgrim vs o mundo, outra adaptação de HQ. Foram reveladas ainda as primeira imagens de aguardadas produções como Piratas do Caribe 4 e Lanterna Verde. Entre os tradicionais painéis do evento chamaram a atenção o de Glee, maior fenômeno da TV americana na atualidade, e de Smallville, antecipando alguns destaques da última temporada.

Angelina Jolie e Liev Schreiber compareceram ao evento para divulgar Salt



Bruce Willis e Helen Mirren estão em RED, outra adaptação de HQ cult celebrada na feira de San Diego


Stallone, que foi divulgar Os mercenários, fez piada de mal gosto com o Brasil, virou tending topic no twitter e pediu desculpas em nota oficial. Uma sexta-feira agitada...


O ocaso das comédias românticas
Uma pesquisa divulgada pela Warner home vídeo australiana, com vistas a promover o DVD de Idas e vindas do amor naquele país, traz um dado curioso. De acordo com a apuração da pesquisa, os australianos entendem que as comédias românticas afetam profundamente a percepção e as expectativas que têm em seus relacionamentos amorosos. Resta apurar, em termos práticos, se isso é bom ou ruim.

* Foi anunciado esta semana que o novo filme de Darren Aronofsky, o thriller Black Swan, será o filme de abertura da próxima edição do Festival de Veneza, a ser realizado entre os dias 1 e 11 de setembro. Aronofsky já levou o leão de ouro em 2008 por O lutador.

Natalie Portman na primeira cena divulgada do filme. Rivalidade, amor, obesseão e sexo são componentes de um dos filmes mais aguardados da temporada de ouro do cinema, a Oscar season

quinta-feira, 22 de julho de 2010

ESPECIAL SALT - Credibilidade sempre


Existem aqueles atores que são muito festejados em alguns círculos da crítica, que podem ou não colecionar prêmios, e que, de maneira geral, são reconhecíveis pelo grande público. Essa parcela de atores tem um legítimo representante em Liev Schreiber. Aos 42 anos, muito bem casado (embora não de papel passado) com a atriz australiana Naomi Watts, Schreiber teve seu primeiro grande papel como coadjuvante na trilogia Pânico (1996,1997,2000). Versátil e com berço no teatro era aposta segura para sofisticar produções como Hurricane – o furacão (1999), Kate & Leopold (2001), A soma de todos os medos (2002) e Sob o domínio do mal (2004).
Ator capaz de provocar empatia, Schreiber mostra-se um valioso elemento em filmes que se valham de ingredientes de ação como Um ato de liberdade (2008), X-men origens: Wolverine (2009) em que faz o irmão e oponente do protagonista vivido por Hugh Jackman e no recente Salt (2010) em que é o principal ponto de equilíbrio entre a platéia e a personagem de Angelina Jolie.

Companhia constante: Schreiber não costuma fazer aparições públicas sem a mulher do lado

Schreiber também se experimenta pelo drama. Esteve presente nos pouco comentados Amor nos tempos do cólera (2007), adaptado da obra de Gabriel Garcia Márquez, O despertar de uma paixão (2006) e em Aconteceu em Woodstock (2009). Estreou como roteirista e diretor no singelo e eficiente Uma vida iluminada (2005), mostrando que é um artista completo e muito mais insurgente do que uma rápida espiada em sua filmografia pode sugerir.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Panorama - O segredo de Brokeback mountain


Existem filmes que polarizam atenções e tornam-se atemporais mais pela repercussão social que deflagram do que por sua própria qualidade. A princípio, poderíamos alinhar o décimo filme de Ang Lee, quinto rodado nos EUA, a essa conjuntura. Mas seria apequenar o filme e seu impacto. Para não dizer que estaríamos incorrendo em uma inverdade.
O segredo de Brokeback mountain é, a primazia, um elaborado e poderosíssimo estudo sobre a solidão, suas circunstâncias e vicissitudes. É um melodrama romântico clássico, à parte a particularidade de versar sobre um amor homossexual em uma América repressora, e é um drama sobre personagens às voltas com seus impulsos interiores.
O segredo de Brokeback mountain ajuda a entender, também, algumas obsessões de Ang Lee enquanto cineasta. A dualidade representada entre o desejo (majoritariamente vinculado a sexualidade) e a responsabilidade (seja ela civil, familiar, social ou de qualquer outra ordem). A questão é abordada em outros filmes de Lee, como em O banquete de Casamento (1993), Razão e sensibilidade (1995) e Desejo e perigo (2007), mas nunca é tão bem delineada quanto nesse drama romântico. Mas essa dicotomia não é o único aspecto humano que interessa a Lee e que pauta seu cinema. O cineasta tem um profundo interesse em cercar personagens às voltas com seus demônios interiores. Que se encontrem em conflito. Seja com suas convicções ou com sua própria natureza. Esse aspecto, já bastante visível em seu filme anterior, o blockbuster Hulk (2003), é realçado na figura de Ennis Del mar (Heath Ledger) que entra em litígio consigo mesmo na tentativa de refutar sua essência e a paixão por outro homem que o consome.
Por tudo isso é seguro afirmar que O segredo de Brokeback Mountain é, não só o melhor, mas o mais expressivo trabalho de Ang Lee no cinema. Ter gerado todo o buzz que gerou é uma contingência dos tempos em que vivemos, mas que não diminui a força do filme. Tão pouco o tira de seu esquadro.


terça-feira, 20 de julho de 2010

ESPECIAL ENCONTRO EXPLOSIVO - Crítica

Um novo tipo de príncipe encantado!

Encontro explosivo (Knight & Day, EUA 2010) padece nas bilheterias por duas razões. A primeira delas, inegável, é que Tom Cruise já não é o astro atrativo de outrora. A segunda é a overdose de comédias de ação, subgênero desencadeado pelo lançamento de Sr. e Sra. Smith em 2005, que acomete os cinemas. Antes de Encontro explosivo chegar aos cinemas americanos em junho passado, Caçador de recompensas (com Gerard Butler e Jennifer Aniston) e Par perfeito (com Ashton Kutcher e Katherine Heigl) também sofreram e não conseguiram se pagar. Encontro explosivo, portanto, marca a curva descendente do subgênero nas telonas. O que não deixa de ser paradoxal, já que justamente desde Sr. e Sra. Smith, a fita é a melhor dessa manjada seara. Cruise vive Roy Miller, um agente do FBI que é queimado depois de descobrir um caso de traição. Cabe a ele proteger o cientista que desenvolveu uma bateria que está movimentando o mercado negro da espionagem. June (Cameron Diaz), por força das circunstâncias, acaba fazendo parte da rotina de fugas, tiroteios e mistérios de Miller.
Um príncipe, uma princesa e muitos tiros: Cameron Diaz e Tom Cruise capricham na química

A fita tem fôlego. Isso quer dizer que tem bons momentos de ação e um humor requentado na medida certa. De quebra, se apresenta como entretenimento moderno. Se a ideia de príncipe encantado está mudando e hoje se aproxima de um vampiro brilhoso com super poderes, por que não um superagente que é capaz de atravessar um marejado de tiros só para não deixar a garota pensando que ele não ficou feliz em vê-la? Encontro explosivo não é o filme do ano. Na verdade, nem mesmo quer sê-lo. Mas é um ótimo programa em uma temporada de verão que anda carecendo de programas que possam ser adjetivados como ótimos.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Crítica - À prova de morte

Estilo e pujança tarantinescas!

Depois de três anos, finalmente chega ao país À prova de morte (Death proof, EUA 2007), parte integrante do projeto Grindhouse que Quentin Tarantino e Robert Rodriguez rodaram em conjunto para homenagear o cinemão B e o modelo como este chegava ao público nos idos dos anos 80 (com a força do cinema trash). Rodriguez dirigiu o média metragem Planeta terror (com zumbis, Bruce Willis e Josh Brolin), exibido no país ainda em 2007, e Tarantino concebeu esse Á prova de morte em que um dublê usa seu carro para matar jovens moçoilas pelo interior dos EUA.
A versão que chega ao país é a européia que foi apresentada ao júri do festival de Cannes em 2007 com 27 minutos a mais de metragem. À prova de morte é tudo aquilo que se imagina de Tarantino. É, assumidamente, um filme para seus fãs. Desde a abertura com um close nos pés da principal personagem feminina (o diretor é podólatra assumido) até a ponta não creditada de Uma Thurman, passando por referências explícitas e outras mais sutis sobre o cinemão B das décadas de 70 e 80.
À prova de morte tem dois segmentos unidos pelo personagem de Kurt Russel, Stuntman Mike, o dublê que ostenta uma enorme cicatriz na face e dirige um carro tão possante quanto assustador. Tarantino brinca com as noções do gênero do terror trash e entrega um filme que só agrada a quem gosta do gênero ou aprecie seu cinema. Visto em comparação com Bastardos inglórios, principalmente para o espectador brasileiro que só pode assisti-lo agora, À prova de morte parece um tanto infantil. Os diálogos, embora divertidos e identificáveis, não tem a engenhosidade dos do filme ambientado na segunda guerra. Tarantino, também, cede inadvertidamente a seus cacoetes, algo muito mais controlado em Bastardos. Não deixa de ser uma experiência interessante constatar o salto de qualidade de um filme para o outro. Afinal, ambos são brincadeiras e homenagens do diretor. Só que um também tem luz própria enquanto que o outro nunca excede a homenagem.

Ahhh, os pés: assim como Tarantino, o perturbado Stuntman Mike também não pode ver um belo par...

A versão americana de À prova de morte, que é mais consistente do que a que chega a nossos cinemas, espera-se, deve estar presente no DVD do filme. Comparar as duas é outro deleite cinéfilo. É uma prova de estilo e conhecimento cinematográfico. No fundo, é tudo que À prova de morte ambiciona ser. Cabe ao espectador ter ciência disso.

domingo, 18 de julho de 2010

Claquete documenta


Para inaugurar a nova coluna Claquete documenta, projetada para repercutir o gênero documentário, nada mais oportuno do que eleger um filme que relativize a verdade dos documentários. A proposta de Jogo de cena, 22º filme do documentarista Eduardo Coutinho, um dos expoentes brasileiros no gênero, é simples. Ele colocou um anúncio no jornal O Globo, do Rio de Janeiro, se disponibilizando para ouvir histórias de vida de mulheres de variadas procedências. Selecionou 23 destas histórias e escalou atrizes, algumas famosas e outras desconhecidas, para “interpretar” essas histórias. No corte final, Coutinho mistura as versões de uma mesma história. Os depoimentos das atrizes e das verdadeiras donas das histórias são apresentados ao espectador.
Jogo de cena é mais do que um elaborado exercício de metalinguagem. O que Coutinho pretende com seu filme é debater o próprio conceito do documentário. A ideia que move o filme é a de que uma câmera transforma a verdade. E isso é verdade. Alguém que nem sequer vivenciou os dramas que relata é capaz de exprimir muito mais emoção a ponto de que alguém que vivenciou momentos dolorosos pode não ser tão convincente.
A objetividade do gênero também é questionada no filme em um movimento corajoso e desprendido de ideologias por parte do diretor. Coutinho brinca com a percepção do espectador ao escalar atrizes como Fernanda Torres, Marília Pêra e Andrea Beltrão para contarem a história de mulheres que também as contam ali no mesmo tempo e espaço.
Por fim, Jogo de cena acaba por valorizar a obstinação da pessoa do documentarista, no caso o próprio Coutinho, que se enfileira em busca da verdade que as imagens e todo o resto teimam em negar. Jogo de cena não é só cinema obrigatório para quem aprecia o gênero documentário, é obrigatório para quem quer aprender mais sobre si mesmo.

Insight

Eclipse e um olhar sobre a evolução da saga Crepúsculo


Bryce Dallas Howard como a vilã Victoria: uma das bem vindas novidades de Eclipse



Eclipse bateu, internacionalmente, no fim de semana passado nos U$ 480 milhões. A quantia somada em 10 dias dá uma ideia do fôlego da saga. A obra de Stephenie Meyer é hoje o maior fenômeno cultural mundial em ebulição. Desde 2008 quando o primeiro Crepúsculo foi lançado, esse amor por Crepúsculo e tudo que o gravita só tem aumentado. Novos fãs, filmes e seriados que aproveitam o fenômeno (até mesmo uma paródia no estilo Todo mundo em pânico chamada Vampire sucks estréia ainda este ano) só aumentam o frisson em torno da cria de Meyer.
No primeiro filme, vemos a retraída e tímida Bella se apaixonar pelo vampiro galante Edward. A dinâmica da relação deles, além de alegoria para a castidade, é uma versão menos inspirada de Romeu e Julieta. Jacob aqui é retratado como um garoto local que se vislumbra com a garota da cidade, mas não há química. Tão pouco a realização se preocupa em sugeri-la. Crepúsculo foi marcado por risíveis cenas de ação. O roteiro previa cenas que precisavam de efeitos especiais e esse foi o maior problema do filme. Os efeitos eram toscos (a palavra de baixo calão reflete a qualidade dos efeitos do filme). Crepúsculo sofria, ainda, de um grave problema narrativo (talvez em virtude de uma imposição do estúdio). Embora com alma de romance adolescente pretendia se vestir como um filme de ação. Embarcando na mitologia fantástica aproveitada pela autora, a fita apresenta grande irregularidade sempre que tenta se comunicar com um público que não faça parte do seu target. Ou seja, apesar dos pesares, Crepúsculo é muito bem sucedido quando se dirige às adolescentes. Mas é profundamente infeliz ao tentar cativar os rapazes (o que ajudou a deflagrar a resistência masculina ao produto).



O elenco do primeiro filme em foto promocional: Crepusculomania


Essa foi a principal razão por trás da demissão de Catherine Hardwicke (diretora do primeiro filme) e da contratação de Chris Weitz para a direção de Lua Nova. Weitz já havia dirigido tramas sobre adolescentes (os dois primeiros American pie) e adaptado livros sobre o universo fantástico com orçamento limitado, A bússola de ouro (para o estúdio New Line). Lua nova contou com um orçamento mais inflado (U$ 50 milhões contra os U$ 25 milhões do primeiro filme) e com um diretor ciente do que tinha que melhorar no segundo filme.
Lua nova estreou em novembro passado batendo recordes e mostrando que Crepúsculo era sim uma mina de ouro a ser explorada nos cinemas. A fita de Weitz é bem melhor do que a de Hardwicke em todos os aspectos passíveis de melhora. Mas não conseguia esconder que ainda havia limitações de material (Crepúsculo, afinal, não é nenhum primor literário) e de mão de obra (se os efeitos haviam melhorado não se podia dizer o mesmo de grande parte do elenco).
O vértice amoroso foi mais bem desenvolvido em Lua nova. Weitz soube conferir vivacidade ao drama dos personagens e Jacob (em parte pela inspirada atuação de Taylor Lautner) despontou como o grande personagem do longa. Lua nova, no entanto, falha na tentativa de ser bem sucedido onde Crepúsculo falhara. Lua nova é um ótimo filme para os fãs da obra original, mas aborrece o expectador casual com uma história sem desfecho cabível e com uma irregularidade narrativa abismal nos primeiros 20 minutos.

Chris Weitz, diretor do segundo filme, orienta Kristen Stewart nos sets de Lua nova
David Slade foi convocado para dirigir Eclipse. O diretor do obscuro 30 dias de noite (um ótimo filme de vampiros) conferiu humor a saga e um ritmo mais satisfatório também. Houve rumores de que Catherine Hardwicke foi chamada para regravar algumas cenas do filme. Vendo Eclipse é possível depreender uma certa verdade nesses boatos. Já que duas cenas mais açucaradas destoam do ritmo geral. De qualquer forma, Eclipse é o filme mais equilibrado da série até aqui. É no terceiro filme que o elenco apresenta seu melhor trabalho, que os diálogos não ruborizam um espectador alheio a Crepusculomania e que se consegue fazer do filme um produto palatável fora de seu gueto.
O quarto e último livro da série, Amanhecer, será dividido em dois filmes. Ambos serão dirigidos por Bill Condon e lançados em novembro de 2011 e em 2012 respectivamente.
Slade, mesmo que tenha tido seu trabalho remexido, foi quem melhor traduziu a obra de Meyer para o cinema. E foi um belo tradutor. Periga a tradução ter ficado melhor que a obra original.

sábado, 17 de julho de 2010

Claquete destaca

*A revista americana Entertainment Weekly traz em sua matéria de capa esta semana uma foto do ator Ryan Reynolds caracterizado como o Lanterna verde. Vale lembrar que o uniforme é completamente digital. O filme, um dos mais aguardados do próximo ano, é considerado pela indústria do entretenimento uma resposta da Warner (e DC comics) ao Homem de ferro da Marvel.


Reynolds caracterizado como o herói e ao lado de Blake Lively, seu par romântico no filme

*O que Michael Mann, Dustin Hoffman, Dennis Farina e Nick Nolte estão fazendo juntos? Produzindo uma nova série para a HBO, que se chamará Luck. A série abordará o mundo das apostas e a relação inerente que há com a bandidagem. As filmagens para o piloto receberam o aval do canal esta semana. Com uma equipe dessas a frente do projeto o resto é só formalidade. Agora é esperar pelo que promete ser a grande série do canal desde The sopranos.

*Enquanto o mundo ainda respira Eclipse, Melissa Rosenberg, roteirista da safa Crepúsculo no cinema, já pensa nos quarto e quinto filmes que serão rodados simultaneamente. A roteirista falou sobre o processo de criação do roteiro e disse estar ansiosa para escrever as cenas em que Bella se transforma e também da protagonista se acostumando com seus poderes. Uma cena que Melissa admite não ter a mínima ansiedade é a do parto. “Não acho que precisamos ver os dentes de Edward na placenta”, disse ao site Popsugar.

*O Hollywood Reporter divulgou esta semana que Angelina Jolie recebeu U$ 20 milhões para estrelar a fita de ação Salt. Até aí nada demais, já que a própria Angelina já havia embolsado U$ 15 milhões para rodar filmes como Sr.e Sra. Smith e O procurado e atrizes como Julia Roberts e Cameron Diaz já chegaram a receber a módica quantia (U$ 20 milhões) por algum trabalho em Hollywood. O alarde se justifica pelo fato que esta configurou-se como a primeira vez que uma atriz recebeu este valor para estrelar uma fita de ação. Antes dela só feras como Tom Cruise, Mel Gibson e Arnold Schwarzenegger. Esqueçam Hillary, o negócio é Angelina para presidente.

* Apesar dos boatos que inundaram a internet nesta última semana, o diretor Fernando Meirelles reafirmou que não dirigirá um filme sobre a vida de Janis Joplin. Segundo Meirelles, ele e os produtores experimentaram um impasse quanto aos rumos do roteiro e voltarão a conversar após o desfecho da saga Crepúsculo, trabalho para o qual Meirelles também foi sondado e no qual os produtores em questão se encontram envolvidos


* Enquanto a Sony elenca figuras de gosto duvidoso para o reboot que planeja em Homem aranha 4, a Fox larga na frente em X-men –first class, filme que conta as origens do grupo mutante. Depois da confirmação de James McAvoy como um jovem Charles Xavier e de Michael Fassebender (Bastardos inglórios) como Magneto, Kevin Bacon acaba de ser alistado para um filme que promete ser muito interessante. Resta torcer para que não caiam na tentação de elencar Taylor Lautner como um jovem Wolverine...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tira - Teima











Vampiros x vampiros

Crepúsculo = Os vampiros podem andar à luz do dia. A pele deles brilha em tom fosco e por isso, o clã Cullen se retira na gélida Forks. Existe uma organização hierárquica vampírica, mas os dentuços não se revelaram para o mundo. Alho, cruz e outras produtos “anti-vampiros” não chegam a fazer mal para as criaturas de Stephenie Meyer.

True Blood = Depois que os japoneses criaram uma bebida baseada em sangue sintético, chamada True Blood, os vampiros se revelaram para o mundo. O sangue de vampiro é considerada uma poderosa droga, V, e atiça o mercado negro. Também existe uma organização hierárquica vampírica que é mais elaborada do que em Crepúsculo. Com xerifes, juízes, reis e rainhas. Há os vampiros que são favoráveis a socialização e há aqueles que são contrários. Vendo os humanos apenas como presas.




A pegada


Crepúsculo= A trama gira em torno da paixão de Bella por Edward e da bifurcação que esta faz em Jacob.

True Blood= A trama da série é mais multifacetada. O romance entre os protagonistas é apenas o ponto de partida e não o eixo central da trama. Outras questões como preconceito e os dilemas de outros personagens ganham atenção.


O slogan matador

Crepúsculo= “Edward is a vampire. He´s thirst for my blood and I´m crazly in love with him”

True Blood= “It hurts so good…”

quarta-feira, 14 de julho de 2010

TOP 10

No último TOP 10 Claquete apresentou as dez músicas que fizeram a cabeça dos anos 90 no cinema. Dessa vez, vamos um pouco mais longe e chegamos aos anos 80. Talvez a década mais nostálgica, colorida e musical do cinema.


10 – Ghostbusters, do filme Os caça fantasmas (1984)
Com gosto de jingle, essa divertida canção que deu ritmo a aventura dirigida por Ivan Reitman, além de ter sido indicada ao Oscar, ajudou a dar vida a um dos maiores hypes da década.

9 – Footloose, do filme Footloose (1984)
O filme que revelou Kevin Bacon para o mundo (ok, tem gente que ainda não sabe quem ele é) é daqueles filmes que mostram como a música, e a dança, podem mudar o mundo de algumas pessoas. Com uma trilha sonora recheada do que hoje são os chamados clássicos, tem uma música tema que é, certamente, o maior deles.

8 – Walking on sunshine, do filme Olha quem está falando (1989)
No filme em que Bruce Willis dá voz a um bebê super pop, essa música deu o tom desse clássico da sessão da tarde. É mais fácil lembrar desta música do que de John Travolta e Kristen Allen, protagonistas do filme.

7 – The heat is on, do filme Um tira da pesada (1984)
Um dos clássicos de ação dos anos 80 que mostrava todo o talento de Eddie Murphy na frente das câmeras e de Jerry Bruckheimer comandando o show por trás delas. E essa pegajosa (no bom sentido) música dá o caldo certo para o momento. The heat is on...

6 – The eye of the tiger, do filme Rocky III (1982)
Música épica para embalar o herói de uma geração. O filme é fraco, mas a música faz por merecer o bordão de Balboa “ It ain´t over till is over”!

5 – Billie Jean, do filme Moonwalker (1988)
Ok, o filme é uma bomba. Mas é impossível rememorar os anos 80 e não falar do rei do pop na década que ele conquistou essa alcunha. Em Moonwalker, uma história que mistura hip hop e alienígenas, Jackson faz seu famoso passo e lança sua música mais dance, a agitada Billie Jean.

4 – What a feeling, do filme Flashdance (1983)
Jennifer Beals hoje faz relativo sucesso na série fetichista The L World, mas ela chegou perto de ser uma movie star ao dançar ao som desta música no filme de Adrian Lyne e, olhe só, produzido por Jerry Bruckheimer.

3 – Take my breath away, do filme Top Gun – ases indomáveis (1986)
Mais uma vez um filme produzido por Bruckheimer imortaliza uma canção na década de 80. Take my breath away é, com o perdão do trocadilho, de tirar o fôlego. A música ajudou a eternizar essa agradável fita de ação.

2 – She´s like the Wind, do filme Dirty dancing – ritmo quente (1987)
Uma das músicas mais românticas de um filme essencialmente romântico que revelou ao mundo todo o carisma de Patrick Swayze, morto no ano passado. Essa canção, cantada pelo próprio ator, mostra que Swayze além de ótimo dançarino também mandava bem com a voz.

1 – The time of my life, do filme Dirty dancing – ritmo quente (1987)
Quem não imitou os passos da cena final de Dirty dancing ao ritmo dessa música? De tão contagiante, a cena faz até quem não gosta de dançar querer dançar. É a cara dos anos 80.

terça-feira, 13 de julho de 2010

ESPECIAL ENCONTRO EXPLOSIVO - Perfil: James Mangold

Um diretor acima de qualquer suspeita

Ele tem 47 anos. Já dirigiu grandes astros como Russel Crowe, Reese Withespoon, Hugh Jackman, Meg Ryan, Christian Bale, Angelina Jolie, Robert DeNiro e Sylvester Stallone, mas você provavelmente não o conhece. O nova-iorquino James Mangold está longe de representar a grife de nomes como Steven Spielberg, Christopher Nolan e Martin Scorsese, mas é tão eficiente quanto. Já dirigiu dramas calcados em personagens reais, como o elogiado Johnny & June sobre a vida e a obra de Johnny Cash. Esteve a frente da comédia romântica mais nostálgica dos últimos anos, Kate & Leopold, em que colocou o Wolverine Hugh Jackman em trajes de lorde inglês. Mangold mostrou verve narrativa e senso de história do cinema no remake do clássico Galante e sanguinário, intitulado Os indomáveis, em que opunha os astros Russel Crowe e Christian Bale em um tradicional e denso western americano. Mas Mangold já dirigiu um tenso drama passado em um sanatório (Garota interrompida), um policial cheio de conteúdo (Cop Land), um suspense de contornos psicológicos (Identidade) e agora lança uma comédia de ação, Encontro explosivo, seu primeiro blockbuster assumido. Curiosamente, seu mais recente filme se encaminha para sagra-se seu primeiro fracasso comercial.

Mangold junto com a equipe e os globos de ouro de Johnny & June

Mangold começou escrevendo roteiros para a TV, sua estréia no cinema foi com o independente Paixão muda, estrelado por Liv Tyler. Mangold escreveu e roteirizou o filme. O filme agradou e logo ele encaixou outro projeto independente. Um filme que atraiu astros do quilate de Robert DeNiro, Harvey Keitel e Sylvester Stallone. Cop Land era um filme que mostrava uma cidade repleta de policiais. Acontece que tratava-se de uma cidade repleta de policiais corruptos e o xerife, papel de Stallone, era o único honesto deles. Depois da boa recepção de Cop Land, o diretor engatou outro projeto independente. Garota interrompida trazia uma Angelina Jolie pré-fama e uma Winona Ryder pré- problemas com a justiça em momentos inspirados. Um filme sobre auto-descobrimento e força de espírito. Após ir ao Oscar, com a indicação por roteiro e para sua atriz coadjuvante (Angelina Jolie), as ofertas começaram a surgir. O primeiro projeto de estúdio de Mangold foi Kate & Leopold. O próprio escreveu e dirigiu para a Buena Vista, braço de produções de médio orçamento da Disney. A partir de então, média de um filme a cada dois anos. Mangold também se arriscou na TV, tentando firmar-se como grife na seara de onde veio. A série Men in trees, que produziu e dirigiu o piloto, no entanto, não deu certo.
Com Encontro explosivo, o diretor avança no sentido do marketing pessoal. Faz um filme grande, com dois astros de ponta, na época mais movimentada do cinema ianque. Contudo, apesar de sua versatilidade, Mangold ainda agoniza entre o status de diretor de estúdio e diretor independente. Não conseguiu se firmar nem como um nem como outro. De qualquer jeito, está envolvido em 10 projetos para o futuro. Seja como diretor, como produtor ou como roteirista. Status, no final das contas, é só status.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

crítica - Eclipse


Ajuste lunar!

No terceiro filme da saga há notáveis avanços que o configuram como o melhor filme da série até o momento

O que você anda lendo por aí é verdade. Eclipse (EUA 2010), terceiro filme da saga Crepúsculo, é o melhor da série. O filme dirigido por David Slade dos intrigantes Meninamá.com e 30 dias de noite (um dos melhores filmes de vampiro dos últimos anos) é o mais equilibrado dos três filmes adaptados da obra de Stephenie Meyer até aqui.
O primeiro grande mérito de Slade remete a direção de atores. Estão todos mais comedidos; em especial Robert Pattinson, que faz menos caretas e consegue seu melhor resultado como Edward. A afinação do tom das caracterizações surge como contingência do clima sombrio deste terceiro capítulo. Em Eclipse acompanhamos a repercussão da escolha de Bella (a vida eterna ao lado de Edward e a consequente opção por tornar-se vampira). Percebemos como essa escolha lhe afeta no foro íntimo e como afeta os dois outros vértices do triangulo amoroso, Edward e Jacob (Taylor Lautner). Há boas sutilezas nesse quadro, como as pulseiras que Bella recebe em momentos distintos de seus dois pretendentes.


Em Eclipse, todo mundo sai ganhando: Taylor Lautner aparece mais tempo em cena com camisa e Robert Pattinson está consideravelmente melhor na pele de Edward


É lógico que Eclipse apresenta os velhos problemas estruturais e narrativos que acometem a saga, mas isso é mais demérito da obra original do que da equipe deste terceiro filme. A roteirista Melissa Rosenberg - que também escreveu os outros dois filmes - notadamente evolui no ofício, conseguindo filtrar melhor o texto de Meyer e também caprichando mais nos diálogos. Apesar de momentos românticos, não há o tom over dos outros dois capítulos. Há, ainda, momentos inspirados de paródia, como a provocação mútua entre Jacob e Edward em diferentes partes do filme.
Eclipse consegue se comunicar muito bem com seu público. Inclusive, assume de vez o mantra da abstinência sexual que sempre lhe foi atribuído em uma cena calculada para ser mais romântica e menos constrangedora do que é.
O terceiro filme registra mais um salto qualitativo na série, já que as arestas estão mais bem aparadas. Como produto cinematográfico, quase não há imperfeições. Contudo, mais uma vez, é necessário pontuar a fragilidade da obra enquanto discurso narrativo. Neste terceiro filme, a despeito dos esforços de direção, roteiro e elenco, isso fica mais evidente do que nunca na tediosa indecisão de Bella que parece apenas fruto de uma necessidade de expandir a narrativa.
Eclipse deve se firmar como o melhor filme da saga já que o quarto livro desagradou a maioria dos fãs e é tido como o pior da série. O amanhecer será dividido em dois filmes para potencializar o ganho da Summit, estúdio responsável pelos filmes no cinema, e, quem sabe, diminuir o impacto do potencialmente ruim desfecho da saga.

domingo, 11 de julho de 2010

Claquete Entrevista


“Já nasci com o DNA do cinema”


Cristiane Costa esbanja conteúdo, versatilidade e generosidade. Cinéfila declarada, ela mantém um dos mais charmosos e inteligentes blogs de cinema da atualidade, o imprescindível Madame Lumière. Cris é a entrevistada do primeiro Claquete Entrevista, coluna mensal que abrirá espaço para cinéfilos, críticos e demais envolvidos com essa paixão maior que a vida que é o cinema.
Nesse gostoso bate papo com Claquete, Cristiane elenca alguns filmes de sua vida, discute a função da crítica de cinema, analisa o advento de novas mídias e tecnologias, relaciona os principais cineastas de sua geração, diz quais foram os melhores filmes do ano passado e ainda abre para gente algumas de suas preferências cinéfilas.


1- Desde quando você se considera cinéfila?
Já nasci com o DNA do Cinema, acredito que é uma herança que já está no meu sangue, no meu eu, no entanto se for precisar um período, me considero cinéfila desde minha adolescência. Naquela época eu já tinha comportamentos que demonstravam meu amor pelo cinema e que, na maturidade, seriam mais intensos, mais profundos. Assistir 5 filmes em um único dia, ir a uma sessão de Cinema atrás da outra e estabelecer relações entre o Cinema e outros campos do saber tornou-se recorrente na minha vida. O engraçado é que meu pai me proibiu um bom tempo de ir ao Cinema e só fui à uma sessão a por volta dos 18 anos, então eu assistia vários filmes na tv aberta e, quando comecei a trabalhar e ter meu próprio dinheiro, alugava os que eu sempre quis assistir e nunca tinha tido a oportunidade de fazê-lo de forma mais independente.


2- Qual é, precisamente, a tua relação com o cinema?
Minha relação com o cinema tem a ver com uma paixão e curiosidade naturais que simplesmente eu deixei aflorar no decorrer dos anos, mas definitivamente é uma relação em construção porque é um relacionamento com a sétima arte que por si só é um campo aberto, ilimitado, e um grandioso laboratório para entendimento de mim mesma e das relações humanas, Acima de tudo, é o meu ato de entrega porque, quando eu me entrego ao cinema, eu abro meu coração para histórias que me emocionam, que podem ser um reflexo da minha vida, que podem revelar valiosas descobertas, que podem catalisar mudanças.

3- Como surgiu a ideia de fazer um blog?
O Madame Lumière surgiu espontaneamente, por pura inspiração que me moveu a uma apaixonada ação, o de explorar esta magnífica seara. Não houve um planejamento mesmo com minha familiarização com o cinema, as letras, o webjornalismo, mas desde o começo, eu queria que fosse um espaço intimista e diferenciado que refletisse quem eu sou, como eu comunico minhas paixões e meu conhecimento. Ele surgiu muito mais como um desejo de falar o que eu sentia sobre o cinema e todas as experiências relacionadas a ele. Compartilhar tais emoções e percepções com pessoas, fazê-las se apaixonar pelo Cinema e compreender os sentimentos do mundo através da tela grande são as minhas bases como escritora e, a meu ver, são as bases de um cinema que comunica o que somos, por isso o blog tem uma perspectiva de ordem comportamental, humanista. É uma experiência puramente pessoal com uma linguagem muito própria e que não deixa de lado a base contextual do cinema, não deixa de abraçar o coletivo.


4- Qual a sua cinematografia preferida? Por quê?
Sou bem eclética, então é bastante variável porque há diversos trabalhos ora esteticamente primorosos, ora emocionalmente marcantes, ora ambos e minha cinematografia preferida ainda é bem pulverizada, de Victor Fleming, passando por Fritz Lang e Sam Mendes até comédias românticas de Nancy Meyers. Mas vamos lá: Conceitualmente, gosto muito do cinema europeu de François Truffaut e Luis Buñuel, da fase expressionista/ realista alemã na década de 20, do cínico e sensual americano noir da década de 40 e da geração Hollywood anos 70/80 (Coppola, Spielberg, Scorsese). Dentre estes, aprecio filmes que romperam barreiras tradicionais de pensamento, que foram divisores de águas e são exemplos de impetuosidade cinematográfica. No geral considerando o número de filmes admirados, minha cinematografia preferida ainda está muito relacionada a Pedro Almodóvar, Martin Scorsese, Woody Allen, Quentin Tarantino, Alfred Hitchcock, Joel e Ethan Coen, Tim Burton, Juan Jose Campanella, Carlos Saura e Clint Eastwood que sabem colocar a câmera para emocionar e que são únicos no que fazem a ponto de serem também autorais: Almodóvar e o colorido desejo, Scorsese e a precisão cinematográfica, Allen e a autêntica neurose da modernidade, Tarantino e a abordagem cult e pop, Hitchcock e o terror humor, Os Coen e seu negro sarcasmo, Tim Burton e a lúdica estética, Juan José Campanella e sua universal latinidade, Carlos Saura e a flamenca paixão, e Eastwood e a contemporaneidade humanista.


Cineastas referenciais: 1- Christopher Nolan, 2- Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino, 3 - Sofia Coppola, 4 - Tim Burton e 5 - Juan José Campanella


5 – Em relação ao cinema nacional, qual a sua posição?
Penso que o cinema nacional desenvolveu-se bastante nos últimos anos com a notoriedade de trabalhos bem realizados por ótimos cineastas brasileiros como Fernando Meirelles, Walter Salles, Sandra Werneck, Laís Bodanzy, Guel Arraes, Hector Babenco, entre outros. Isso é motivo de orgulho para nós brasileiros. O público começou a assistir mais estes trabalhos com os incentivos culturais e propagandistas, acreditando no cinema nacional, porém, ainda penso que faltam investimentos massivos na indústria de cinema nacional e faltam oportunidades bem abertas de carreira neste segmento. É necessário também abrir o leque para trabalhos criativos de outros diretores talentosos que não sejam, por exemplo, uma extensão da rede Globo como o trabalho de Daniel Filho que faturou nas bilheterias com sucessos como Se eu fosse você 1 e 2 e Chico Xavier. Não estou criticando o trabalho dele, o qual também respeito, e nem criticando o apoio financeiro da Globo, porém temos que andar por pernas próprias que alcancem o nível de excelência global em filmes estrangeiros, como o do cinema argentino de Juan José Campanella, o alemão de Michael Haneke. Também acho que tem que parar de fazer o cinema 'favela' como se o Brasil só tivesse isso para dizer ao mundo. Entendo que é uma vertente da violenta realidade social do nosso país, mas incomoda-me o fato de usarem muito deste argumento em vários filmes nacionais sendo que o Cinema deveria ser palco das existenciais problemáticas humanas. Temos muita gente talentosa para fazer isso, basta aumentar o patrocínio, entregar roteiros diferenciados nas mãos de diretores competentes.


6 – Quais são os grandes diretores da sua geração?
Sou jovem, então citar os diretores da minha geração seria mais difícil. Dos mais jovens, com um trabalho formidável e um potencial de crescimento espetacular estão Jason Reitman, Christopher Nolan, Sofia Coppola, Spike Jonze e Laís Bodanzy.

7 – Qual foi o grande filme da década passada? Por quê?
Gostaria de citar 2 filmes, incluindo excepcionalmente um de 1999. Beleza Americana (de Sam Mendes) é beleza cinematográfica pura, do roteiro à direção, do humor ao drama, do elenco às entrelinhas. É um grande filme porque é um filme que desmascara de forma realista e, com uma sarcástica melancolia, a fútil aparência da sociedade contemporânea.
Em 2006, Ang Lee nos trouxe o primor de uma história de amor entre 2 homens em O Segredo de Brockback Mountain. Não é somente o drama de uma relação amorosa homossexual, mas é o drama de uma história de amor universal, um romance verdadeiro. A forma sensível e não estereotipada como foi filmado, o brilhantismo de Jake Gyllenhaal e do saudoso Heath Leger tornam o filme grandioso e inesquecível.

Beleza americana: Tão bom que cavou uma vaga na década seguinte...




8 – Qual foi o grande filme do ano passado? Por quê?
Eu ficaria com 2 grandes filmes do ano passado, nesta ordem de preferência: Bastardos Inglórios de Quentin Tarantino, pelo roteiro preciso e a direção eficaz em reconstruir um momento da história do Nazismo e rir vingativamente de tudo isso, e Amor sem Escalas de Jason Reitman, também pelo roteiro contemporâneo e a direção objetiva e não menos sensível que trouxe um elemento existencial (e corporativo) importante: a angústia do desemprego em um período de crise global.
Pôster promocional de Bastardos inglórios: o melhor de 2009



George Clooney e Vera Farmiga em cena de Amor sem escalas: um filme que trouxe um "elemento existencial"





9 – Há quem acredite no potencial terapêutico do cinema. Você concorda com a ideia de que o cinema pode desempenhar outros papéis além do entretenimento? Por quê?
Totalmente. Como disse anteriormente, o cinema é um grandioso laboratório para entendimento das relações humanas e tem um efeito mimético que espelha muito do que o ser humano é e como ele se sente, logo ele se torna uma grande experiência catártica, de libertação, de cura. Basta entregar-se a cada filme, deixar com que ele se conecte com sua mente e alma, e não há como escapar, Cinema é a melhor terapia do mundo, certamente, ele trará um melhor autoconhecimento e o conhecimento do outro e ainda te fará uma pessoa mais feliz.


10 – Você acredita que o advento de novas tecnologias (como o 3D e o perfomance capture) e de novas mídias (como o Blu- ray e os downloads digitais) possam promover mudanças significativas no cinema?
Não há dúvidas de que as mudanças acontecem com o advento de qualquer tecnologia porque estúdios e distribuidoras movimentam o mercado baseados também no que é tendência de consumo em cinema. Novos discursos, novas campanhas de marketing, novos preços já estão por aí. Já estamos testemunhando tal mudança, a começar a filmagem de filmes em 3 D e/ou convertidos em 3 D, desprendendo tempo, capital e conhecimento para manobrar o mercado e vender modernidade no cinema. Com o advento da pirataria descontrolada, Blu-Ray e downloads digitais se tornaram necessários mas também é preciso pensar na democratização da cultura cinematográfica e na acessibilidade da sétima arte a quem deseja cinema mas não tem conhecimento e nem dinheiro para acessar as novas mídias, então prefiro enxergar tais mudanças como uma forma de oferecer ao público uma experiência cinematográfica mais realista, mais vivaz. Não acho que elas trarão mudanças muito significativas, mas trarão um movimento do mercado em competir e conquistar o consumidor, só espero que não se esqueçam da qualidade do filme em seus elementos intrísecos como roteiro, direção, elenco, etc... isso independente de tecnologia.

11 – Qual foi ou é o melhor período para ser cinéfilo?
Não vivi as décadas de 70 e 80 em termos 'presenciais', porém é uma das melhores épocas do cinema, um ilustre período de grandes filmes como O poderoso chefão, Taxi Driver, O último tango em Paris, Blade Runner, etc. Eu queria ter vivido esta época, preferencialmente, estar em Hollywood, ser amiga íntima de Martin Scorsese (risos). Era tempo de revolução, com o talento criativamente rebelde de diretores em ascensão do porte de Scorsese, Altman, Coppola, Lucas, Spielberg e a nova ordem do cinema que refletia muito da contemporaneidade habitual: sexo, drogas, violência, ficção, ação. Era também um tempo de libertação do erotismo. Tempo de ser um fora da lei. Tempo de ir ao espaço. Tempo de ser autêntico e nada caricato. Não há como não reverenciar as obras destas décadas e o trabalho destes diretores, titãs do Cinema.

12 – Quais são os melhores críticos de cinema na sua avaliação e por quê?
Esta é uma pergunta difícil porque acho a crítica de cinema deficiente e homogênea demais, inclusive são poucos os bons críticos no Brasil que conseguem reunir paixão, expertise, contexto, profundidade, espontaneidade, imparcialidade e, principalmente, proximidade com o leitor, fugindo da dicotomia gostei-não gostei.
Não é fácil ser crítico, não importa qual o segmento, porque implica apontar virtudes e desvirtudes de uma obra/produto, e a depender do veículo de comunicação para o qual se trabalha e das relações humanas que se tem, sua liberdade de expressão pode ser afetada, sua crítica também. Infelizmente esta é uma realidade porque avaliar um blockbuster ruim após ter sido convidado pela distribuidora para a première é bem delicado. No mais, alguns bons críticos escrevem para jornais, fazem textos mais profundos sobre determinado aspecto do cinema e, o Brasileiro tem um baixo índice de leitura, quase não compram jornais e, poucos têm paciência de ler textos mais elaborados, inclusive até mesmo a internet educou o ser humano a ler conteúdos pasteurizados, superficiais, facilmente digeríveis. Além disso, o problema não é só da crítica, é mais geral e complexo. Para formar novos e bons críticos para novos e bons leitores, falta acesso à educação em cinema e ao diálogo metalinguístico que ela estabelece com vários conhecimentos, falta o público educar melhor o olhar para o bom cinema e não ceder somente a massificação de filmes sem qualquer conteúdo, falta o mercado de trabalho oferecer mais vagas para profissionais de cinema, inclusive os jornalistas nesta área, falta o mercado editorial parar de vender propagandas de blockbusters que lotam as raras revistas do segmento e invetir mais no conteúdo para uma educação cinematográfica. Dos que acompanho e que posso citar estão Inácio Araújo, Cássio Starling, Ricardo Calil, Isabela Boscov e Ana Maria Bahiana, porém ainda não encontrei o meu crítico ideal de cinema, prefiro ser eu mesma, por enquanto, a minha própria crítica de cinema e também visitar alguns blogs de cinema que, a meu ver, expressam uma opinião mais sincera sobre o filme e tem demonstrando um grande esforço em valorizar a arte cinematográfica, educando a blogosfera na disseminação da cultura e na formação de opinião.


13 - Qual é o papel da crítica de cinema na sua opinião?
O papel da crítica de cinema é explorar a linguagem cinematográfica com embasamento teórico e contextual e indicar ao seu leitor os melhores caminhos que colaborem para uma experiência mais intensa e profunda com o filme, desta forma, aguçando o olhar do leitor, abrindo sua mente para a apreciação do paladar visual, a sensibilidade das linguagens, a emoção da história e como tudo isso pode ser útil a cada existência. Gosto de pensar na crítica de cinema como “alavancadora” de novos pensamentos e questionamentos a partir de uma obra de arte, gosto de pensar na crítica que faz com que o público pense e encontre respostas a perguntas e perguntas a respostas. Penso exatamente como o cineasta Alejando Amenábar, " Meu cinema não é um cinema de respostas e sim de perguntas". Assim deve ser o papel de crítica.



14 – Quais filmes você elencaria como os mais importantes para você hoje? Por quê?
Os mais importantes ainda são aqueles que falam comigo profundamente e que marcaram momentos de minha história cinéfila de uma forma muito intimista, pessoal; não necessariamente são os que acho os melhores na minha cinematografia preferida. Elencaria alguns como E o Vento Levou, O poderoso chefão, O Fabuloso destino de Amèlie Poulain, Pequena Miss Sunshine, Fale com Ela, Beleza Americana, Moulin Rouge, Adeus Lênin, O Filho da Noiva, Titanic, a trilogia do Senhor dos Anéis e a de Toy Story, Closer, Brilho eterno de uma mente sem lembranças, entre outros.



Filmes de uma vida: 1-Closer, 2- O fabuloso destino de Amèlie Poulain, 3- Moulin rouge, 4 -Adeus Lênin e 5- Pequena miss sunshine



15 – Qual filme você recomendaria para alguém que quer se apaixonar por cinema?
Se fosse para indicar somente um filme : Crepúsculo dos deuses, que já tem a sua excelência em falar de Cinema e é uma obra prima. Porém seria injusto citar somente um(risos). E o vento levou, Casablanca, A Felicidade não se compra, Cinema Paradiso... são belos e apaixonantes.
E se quer se apaixonar mais? Renda-se ao primor de O poderoso chefão.

Pôster de Crepúsculo dos Deuses: Para se apaixonar pelo cinema...


Claquetadas:
Qual filme você acha que poderia mudar o mundo se o mundo pudesse ser mudado?
A Felicidade não se compra

Oscar ou Cannes?
Oscar, com melhorias.


Tarantino ou irmãos Coen?
Tarantino na direção e irmãos Coen no roteiro.

Pipoca doce ou salgada?
Salgada, com um fio de azeite

Um filme romântico:
Diário de uma paixão

Um filme de ação:
Os sete samurais

Uma comédia:
Aconteceu naquela noite

Um drama:
Beleza americana

Um suspense:
Um corpo que cai

Um terror:
O bebê de rosemary

Um filme que você mudaria o final:
E o vento levou

Um filme que você pensou que ia gostar e não gostou:
Império dos sentidos

Um filme que você pensou que não ia gostar e gostou:
Sangue Negro

Humphrey Bogart ou Gary Grant?
Cary Grant...always

Tom Cruise ou Brad Pitt?
Hmmm, que difícil! Tom Cruise, pelo conjunto da obra.

George Clooney ou Javier Bardem?
Javier Bardem, sempre!

5 diretores da sua vida:
Martin Scorsese
Pedro Almodóvar
Woody Allen
Clint Eastwood
Juan Jose Campanella

Se sua vida desse um filme, qual seria o título?
Pétalas e espinhos