terça-feira, 12 de outubro de 2010

Crítica - Comer rezar amar

Hedonismo de auto-ajuda!


Ajudar as pessoas a se encontrarem. Essa é a principal razão de ser dos livros e, em um movimento cada vez mais flagrante, dos filmes de auto-ajuda. Descontadas, é claro, as motivações financeiras que pautam tanto um mercado quanto o outro. Comer rezar amar (Eat pray Love, EUA 2010) é a adaptação hollywoodiana para um bem sucedido exemplar da literatura de auto-ajuda. O livro de Elizabeth Gilbert foi publicado no Brasil pela editora Objetiva e em um desses acertos do marketing entrou novamente na lista dos mais vendidos graças ao filme.
A fita protagonizada por Julia Roberts é um deleite para todos aqueles que julgam necessário entrar em contato com o seu eu interior. Aprender a se ouvir. Ou seja, todos nós humanos. O fato de ser um filme considerado para “mulherzinha” é um reflexo do que socialmente se estipula: as mulheres estão mais dispostas a terem DRs consigo mesmas. E o cinema é um catalisador voraz nesse sentido.
Comer rezar amar, o filme, talvez seja maior do que fosse necessário. Talvez a protagonista Liz Gilbert (uma Julia Roberts que não chega a convencer em seu registro de mulher afundada em uma crise existencial) seja ofuscada por coadjuvantes agradáveis e surpreendentes. Talvez a mensagem principal do filme (que é verbalizada em uma das muitas falas seguidas de caretas de um xamã em Bali: “Às vezes perder o equilíbrio por amor é a melhor maneira de levar uma vida equilibrada”.) não seja afirmativamente transpassada. De qualquer jeito, a personagem principal aprendeu muito em sua viagem. A respeitar e compreender seus sentimentos, a se perdoar, a experimentar e por aí vai.

Antes e depois: 1- Com David imersa em paralisia sentimental e 2- com o brasileiro Felipe vivendo o hedonismo em Bali

O filme começa com Liz presa a um casamento em que o amor não parece ser o combustível. Logo após um divórcio truculento ela se envolve com um ator um tanto quanto hedonista (James Franco). Esses relacionamentos servem para que Liz veja a luz amarela em sua vida. Ela não se sente feliz e pretende entender o por quê. Se lança em uma viagem para se espiritualizar. Os destinos são Itália, Índia e Indonésia. Nesses lugares ela passará por transformações que poderia muito bem passar em Nova Iorque. E aí reside a fragilidade de Comer rezar amar. Além de pintar painéis pouco lisonjeiros dos lugares aos quais Liz visita (os italianos são vagabundos, os brasileiros têm o hábito de beijarem os familiares na boca e o rito religioso praticado na Índia é tedioso), o filme -como já dito - não consegue fazer sua mensagem ser perfeitamente captada. Fica a sensação de que ela buscava mesmo um novo amor, já que o filme acaba com essa conquista. De qualquer maneira, fica a singela metáfora da viagem em busca de nós mesmos.

6 comentários:

  1. Ou seja, o filme sai de um lugar para chegar no mesmo. é um circulo ? ? ? hehehehe
    De tanto que estou lendo sobre o filme, parece até que eu já o vi ... bem, quem sabe uma hora ou outra, eu veja.

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  2. Essa impressão de que o amor é o fim de tudo, fica mesmo perdido na história. Afinal, ela queria se encontrar ou encontrar um amor? Se queria um amor porque precisou largá-lo nos Estados Unidos? Mas, ainda assim, eu curti o filme. A história é leve, nos envolve e até faz pensar em alguns momentos.

    bjs

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  3. Acho que ela não buscava apenas um "novo".
    Acho que buscava talvez acreditar novamente,
    sem medo,viver algo verdadeiro,pois todos os
    outros que viveu até ali não eram completos,e,talvez não fossem completos porque
    ela não tinha se permitido ou aprendido á perder o equilibrio em função desse sentimento,aprendido á se entregar,tanto é que ela reluta um pouco antes de aceitar o convite do Felipe em ir pra ilha.Acho que é mais do que isso.Não é encontrar novamente o amor,e sim os caminhos necessários para se chegar lá,sem medo de se perder.

    Talvez encontrar á si mesmo,e redescobrir o prazer nas coisas,é algo que acontece só quando
    nos entregamos ao amor.Talvez ela viajou o mundo para descobrir isso...Mas não precisava ir tão longe para descobrir...
    Viver é amar,e amar é viver.Encontra-se
    Deus e vida,através dos olhos do amor...

    Enfim...É apenas o meu ponto de vista.
    Eu gostei do filme.Tenho simpatia por
    filmes para "mulherzinha",rs

    Beijos

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  4. Eu, particularmente, adorei este filme. Acho que é uma obra tipicamente para mulheres. Me identifiquei com a jornada de Liz Gilbert e queria ter a coragem dela para largar tudo e partir em busca de si mesma. De qualquer maneira, o teor auto-ajuda é uma coisa que me incomoda profundamente.

    Beijos!

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  5. Alan: Vc matou a charada meu velho.rsrs. É bem por aí... É justamente esse o problema, quer falar uma coisa e acaba falando outra... abs

    Amanda: Pois é... Bjs

    Pat:Tb adoro filmes para "mulherzinha". rsrs. Não me entenda mal. rsrs. Concordo com tudo o que vc disse Pat. O filme que passar isso mesmo, mas não consegue. O pouco que transmite não é com convicção. Uma falha capital, já que essa é a força motriz e grande razão de ser do filme. Bjs

    Rodrigo Mendes: Ótima essa! Abs

    Kamila: Gostei do filme tb Ka. É muito agradável. O problema é que falha justamente onde devia ser mais contagiante.
    Bjs

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