quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Panorama - Violência gratuita




Em 2008 Michael Haneke resolveu visitar Michael Haneke. O diretor rodou o remake americano de um de seus filmes mais “desagradáveis”. Violência gratuita ou Funny games US (EUA 2008) foi muito criticado por fãs e críticos de cinema. Eles entenderam que Haneke cedeu a um impulso comercial e que não havia razão de refilmar, quadro a quadro, uma obra que já era tão completa. A verdade é que eles estavam certos. Mas a reação virulenta ao trabalho de Haneke não se justificava. O diretor apenas vislumbrou alcançar um público mais amplo com uma fita americana e estrelada por Naomi Watts, Tim Roth e pelo darling indie Michael Pitt.
A trama de Violência gratuita gira em torno de uma família em veraneio que é surpreendida por dois jovens em estado elevado de sadismo. O que os jovens querem é brincar. Mas a concepção aí engloba torturas de toda a ordem: física, emocional e sexual.
Aqui Haneke está no auge de seu cinismo e critica severamente a postura anestesiada da classe média. Contudo, seu filme também pode ser lido como uma elaborada (e porque não hedionda) demonstração da perversidade humana. Não há nada na versão americana que a diminua em relação ao original austríaco de 1997; apenas a urgência do registro e, talvez, um alvo subliminar de Haneke. Muita gente vira um ataque ao american way o life com o filme de 1997. Para esses, a simples existência do remake é uma blasfêmia. Na verdade, é uma prova de que viram coisa demais.

5 comentários:

  1. Não assisti ao filme original, mas não considero esta uma obra agoniante, como eu pensava que ela fosse ser.

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  2. Bem, na época quando o vi, achei bem entediante, não sei...esperava bem mais, no final eu apenas vi uma violência descabida. Porém hoje percebo certas nuances que o diretor deixou. Enfim, preciso revê-la!

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  3. Kamila: Então vc não vai considerar o original agonizante tb. É quadro a quadro o mesmo filme. Bjs

    Alan: Exatamente Alan. As nuances de Haneke exigem muita atenção e, mais que isso, compenetração. Abs

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  4. Eu não assisti o original, mas adoro a refilmagem! Acho tenso e forte...

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  5. Concordo plenamente com a sua percepção do filme Matheus. Abs

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