sábado, 31 de março de 2012

Em off

Nesta edição de Em off, o charme de fazer um filme sobre a produção do filme mais famoso de Hitchcock; as parcerias que ainda vão dar o que falar no cinema nos próximos dois anos; a verdade por trás do “fracasso” de Os homens que não amavam as mulheres; o cinema brasileiro dizendo a que veio e ela, a Musa Claquete eleita pelos leitores do blog.

Parcerias que ainda vão dar bons frutos no cinema
Já se sabia que a parceria entre Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio ainda renderia outros projetos. Ambos estavam ligados à cinebiografia de Frank Sinatra, projeto que parece estar em encubação, e The wolf of Wall Street, autobiografia do corretor da Bolsa de Nova Iorque Jordan Belfort. A notícia é que este último será o próximo projeto que unirá a dupla. As gravações começam no segundo semestre, possivelmente em outubro. Será a quinta colaboração entre Scorsese e DiCaprio. As outras são Gangues de Nova Iorque (2002), O aviador (2004), Os infiltrados (2006) e Ilha do medo (2010).
Inspirado por essa boa nova, Claquete listou algumas parcerias entre cineastas e atores que renderão bons frutos nos próximos anos.

 1- Nicolas Winding Refn e Ryan Gosling preparam Only God forgives para aproveitar o culto a Drive; 2 - Lars Von Trier quer que Charlotte Gainsbourg seja sua ninfomaníaca no filme de mesmo nome; 3 - Steve McQueen já disse que não sabe fazer filme sem Michael Fassbender e o ator estará em 12 years a slave; 4 - Martin e Leo rumam para a quinta colaboração em The wolf of Wall Street; 5-  Pablo Trapero não resistiu aos encantos de Ricardo Darín e o chamou para seu novo filme, Elefante blanco

Steve McQueen e Michael Fassbender
Com Shame ainda impregnado na mente cinéfila é impossível não salivar pelo novo filme de Steve McQueen. 12 years a slave é a adaptação da autobiografia de Solomon Northup, homem que foi sequestrado e feito escravo por doze anos no século XIX no exato período em que os EUA rumavam para a abolição da escravatura. Além de Fassbender, o filme terá Brad Pitt e Chiwtel Ejiofor no elenco. As filmagens ainda não começaram, mas a previsão de estreia é para dezembro deste ano.

Nicolas Winding Refn e Ryan Gosling
Drive foi meio que um acontecimento. Cult instantâneo que provocou no diretor dinamarquês e no ator canadense um encantamento mútuo. Only God forgives, uma história de crime e violência passada na Tailândia, marca a segunda colaboração da dupla. Se depender de Winding Refn, de acordo com suas declarações à revista Total Film, a segunda de muitas. A fita também tem estreia marcada para o final de 2012 nos EUA.  

Lars Von Trier e Charlotte Gainsbourg
Outro diretor dinamarquês que não abre mão de trabalhar com uma atriz que parece disposta a explorar seus limites nos filmes dele. Após AntiCristo e Melancolia, Charlotte Gainsbourg é a única atriz confirmada no elenco de Nymphomaniac, filme que abordará a sexualidade feminina e que, segundo o próprio Von Trier, será pornográfico. Atores pornôs, ainda não especificados, integrarão o elenco também. Ainda não há previsões oficiais a respeito do lançamento do filme.

Pablo Trapero e Ricardo Darín
O intenso e surpreendente Abutres foi mesmo o início de uma relação promissora. Além da esposa Martina Gúsman, que também estava em Abutres, o diretor Pablo Trapero escalou Ricardo Darín, ator fetiche de outros cineastas argentinos, para Elefante blanco. O filme, com lançamento previsto para maio nos cinemas argentinos, conta a história de dois padres argentinos e uma assistente social que tentam resolver os problemas de uma favela argentina. Drama? Comédia? Quem se importa?


Hitch vive
Está mobilizando Hollywood um projeto independente e de um diretor desconhecido sobre a feitura de um dos principais filmes de um dos diretores mais reconhecidos de todos os tempos. Alfred Hitchcock and the making of Psycho tem como objetivo recriar o momento profissional e pessoal que vivia o cineasta à época da produção de Psicose, no final da década de 50.
O projeto está provocando verdadeiras caravanas de estrelas interessadas em participar. Já estão certas as participações de Scarlett Jonhansson, Anthony Hopkins, James D´Arcy, Danny Houston, Helen Mirren, Jessica Biel e Michael Stuhlbarg. A atriz Toni Collette deve ser outra adição a ser confirmada em breve. O diretor Sacha Gervasi deve lançar esse filme, desde já para lá de hypado, em 2013.


Heleno e a evolução do cinema brasileiro

Está em cartaz nos cinemas de todo o país a cinebiografia Heleno. Conhecido por muitos como o craque maldito do Botafogo, Heleno de Freitas é tido como o primeiro “astro problema” do futebol brasileiro – tão exímio na produção dessa espécie. O filme de José Henrique Fonseca apresenta Rodrigo Santoro na pele de Heleno. Mas o filme tem outras atrações que ratificam a evolução do cinema nacional sob a perspectiva temática e, também, em aspectos técnicos. O filme é fotografado em um preto e branco vistoso, com assinatura do papa Walter Carvalho. É um registro histórico de uma época bastante específica, os anos 40, e o trabalho de direção de arte é muito valorizado.
Além das próprias pesquisas realizadas por Fonseca e Santoro que tanto oxigenam o filme e a figura biografada. Essa perícia, e o interesse em exercitá-la, era algo que faltava ao cinema brasileiro.
Xingu é outro filme com lançamento iminente. Com estreia marcada para 6 de abril, o filme de Cao Hamburger com produção de Fernando Meirelles e sua O2, é o que se chama por aí de épico. Com filmagens em locações grandiosas, com grande número de figurantes e um tema tão espinhoso quanto apaixonante como a criação da reserva indígena que dá nome ao filme. Billi pig, atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros, a despeito de sua qualidade, é uma reverência às pornochanchadas brasileiras que marcaram uma era representativa do cinema do país. Selton Mello, que estrela Billi Pig, alcançou no fim de 2011 sucesso comercial e crítico com O palhaço, filme que tão bem concilia o autoral com o comercial.
São demonstrações de que o cinema brasileiro está cada vez mais encorpado, arrojado e pulsante. É uma boa notícia.     


Fracasso?
A MGM divulgou nota oficial informando que o filme Os homens que não amavam as mulheres, versão americana da primeira parte da trilogia Millennium, não rendeu ao estúdio os dividendos esperados. Com orçamento de U$ 90 milhões, a fita rendeu internacionalmente cerca de U$ 231 milhões (esse número ainda pode sofrer ajustes). Acontece que é um co-produção com a Sony e o lucro tem que ser rachado na mesma proporção dos investimentos. No mesmo comunicado, o presidente da MGM, Gary Barber, admite estar considerando alternativas para a produção dos filmes restantes com alterações orçamentárias e a possibilidade de mudança de parceiro. Mais do que descontentamento com o rendimento do filme de David Fincher, o que parece incomodar mesmo a MGM é o lucro da Sony com direitos que pertencem ao estúdio imortalizado com o leão. Vale lembrar que desde a bancarrota  da MGM, a Sony tem sido parceira ativa da MGM, inclusive, bancando a distribuição doméstica (nos EUA) da série 007. A MGM, no entanto, está associada a Warner para a produção de O hobbit, outra série com potencial para “azular” as contas do estúdio. Os homens que não amavam as mulheres, voltado para um público adulto, com censura 18 anos e uma longa metragem não foi um fracasso, foi um senhor sucesso, apenas se vê envolto em politicagens de bastidores.

Natalie Portman é Musa Claquete!

Foram 40 votos. Uma disputa intensa pelo título de Musa Claquete. E a israelense naturalizada americana Natalie Portman foi a escolhida pelos (e) leitores para se juntar a Kate Winslet na galeria, ainda em formação, de musas do blog. Foram 17 votos que consagraram a vitoriosa. Kristin Scott Thomas ficou na segunda posição com nove votos. Penelope Cruz, que obteve sua segunda derrota, ultrapassou Marion Cotillard nas últimas horas para ficar com a terceira posição. Bem vinda Natalie.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Claquete repercute - Anticristo

Anticristo é, sob muitos aspectos, o filme mais íntimo, mais passional, de Lars Von Trier. Fruto de uma depressão profunda e um mal estar que o levou a uma crise existencial tão enraizada nela mesma, Anticristo é uma leitura bipolar da relação de Von Trier com o mundo, com o cinema e com ele mesmo.   
Talvez por isso tenha sido um projeto que suscitou tantas polêmicas e dilatou a resistência à pessoa do cineasta. No festival de Cannes de 2009, onde lançou o filme, Von Trier se auto-proclamou o melhor cineasta do mundo e recusou-se a explicar seu filme, taxado por muitos de misógino e apelativo. As declarações de Von Trier eminentemente transformaram o status de Anticristo e provocaram uma percepção mais conspícua naqueles propensos às simbologias que, francamente, transbordam no filme.
A começar pelo caráter terapêutico que a feitura do próprio exerceu sobre Von Trier e pelas projeções nele embutidas.
As opções estéticas do diretor dinamarquês merecem especial atenção. A estrutura do filme objetiva confrontar noções espessas e conflituosas de psicologia e religiosidade. A culpa, conceito tão cristão e enraizado na tradicional educação ocidental, é o principal vértice sobre o qual Von Trier ergue seu filme – um drama psicológico que se transfigura em terror. Há esse casal que protagoniza um dos mais belos prólogos da história do cinema. Eles fazem sexo, filmado com estilização cênica assoberbada por Von Trier, e enquanto o gozo é experimentado, um acidente terrível tira a vida do filho pequeno do casal. Tudo poderia ter sido evitado se o gozo fosse adiado. É a ilação que fica. A partir daí, o cineasta divide seu filme em três capítulos e mais um epílogo. E acompanha o processo de flagelação física, emocional e psicológica da mulher – vivida com assombrosa dedicação pela atriz Charlotte Gainsbourg – cujo marido (Willem Dafoe), terapeuta, julgar poder contornar.
Uma classificação pertinente, e que circulou à época do lançamento de Anticristo nos cinemas, é de que se trata de um “torture porn psicológico de arte”. De fato, é preciso ser entusiasta da psicologia para apreciar Anticristo – mesmo que não compactue com o desalentado processo criativo de Von Trier, essa condição é necessária para que o filme se torne mais inteligível e menos “viajado”.
Por outro lado, é impossível resistir à técnica da fita. Com fotografia monocromática, direção de arte exuberante, uso poderoso da trilha sonora e uma noção de câmera tão extenuante quanto envolvente, Anticristo é um testamento de um diretor no auge criativo e com profunda compreensão da linguagem cinematográfica e, mais ainda, ansioso por desafiá-la.

Sexo, culpa e estilo: Anticristo é um petardo estético de Lars Von Trier, mas é também uma aguçada provocação às convenções ocidentais em diferentes campos como religião e psicologia  


A violência em todo o seu realismo cru está lá para chocar ou se ajusta etimologicamente à estrutura do filme? Um pouco de ambos. O choque é algo valioso em Anticristo. É um elemento desestabilizador do qual Von Trier se beneficia e possibilita que sua narrativa alcance tons mais sugestivos pela objetividade das imagens.
Feminilidade, cristianismo, sexo, terapia, desejo... são questões que se intercambiam na poderosa mise-en-scène estabelecida.
É, como aferido, um filme muito íntimo. Gerado em um processo depressivo ao qual, na posição de espectadores do filme, estamos todos alienados. O sentido que Von Trier acena é, em última análise, um mistério que nunca excederá a densidade estética e a ousadia temática da própria obra.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Filme em destaque - Um método perigoso

Freud e Jung devassados
O aguardado novo trabalho de David Cronenberg estreia nessa sexta-feira (30) no Brasil e aborda os diferentes picos da relação entre os dois principais idealizadores da psicanálise. Claquete apresenta os percalços da produção e como o filme, aparentemente desconectado da filmografia do diretor, é essencialmente cronenbergiano



Está cansado de Michael Fassbender? Pois ele é o novo elemento da terceira colaboração entre o cineasta canadense David Cronenberg e o ator americano Viggo Mortensen. Até que Um método perigoso chegasse ao cinema, muita coisa mudou – com exceção da participação de Michael Fassbender na fita. Originalmente intitulado The talking cure, o filme oporia os astros de Bastardos inglórios – Chistoph Waltz foi substituído por Moterssen quando preferiu fazer o mais comercial Água para elefantes. O roteiro de Christopher Hampton, adaptado da peça do próprio, que por sua vez era baseada no livro “A most dangerous method” de John Kerr, enfoca o relacionamento de Freud e Jung – os dois principais pilares do pensamento psicanalítico. Cronenberg, posteriormente mudou o nome do filme e se viu na contingência de mudar seu Freud. Com a desistência do austríaco vencedor do Oscar, o diretor canadense recorreu a seu escudeiro que surpreendeu tão positivamente que concorreu ao globo de ouro de melhor ator coadjuvante pelo filme e foi responsável pela lembrança mais midiática a Um método perigoso na temporada de premiações passada.
Cronenberg, em entrevista ao The Guardian, em dezembro de 2011, já previra que seu filme não decolaria nos prêmios. “É muito obscuro”. O filme recebeu críticas elogiosas por onde passou desde a estreia no último festival de Veneza, como Toronto, Rio de Janeiro e Nova Iorque.


O sexo como catalisador
Se em Shame, atualmente em cartaz no país, Fassbender faz um homem perseguido por sua volúpia sexual, aqui ele compõe um Jung igualmente atormentado – ainda que esse tormento obedeça a diretrizes diferentes. A formulação do pensamento psicanalítico por Freud e Jung, e as cada vez mais frequentes divergências entre ambos, são os pontos principais do filme que recorre a um episódio historicamente pouco convencionado quando em pauta estão quaisquer uns dos dois. A influência da russa Sabina Spielrein, no filme vivida pela atriz Keira Knightley, na construção da teoria psicanalítica jungiana.
Knightley não era a primeira opção do roteirista Christopher Hampton, que também atua como produtor associado. Ele tinha em mente a atriz Julia Roberts, mas um convite nem sequer chegou a ser feito. Roberts talvez fosse velha demais para o papel, alguém na produção deve ter ponderado. A primeira atriz a ter o papel ofertado foi Keira, que há muito ansiava por uma oportunidade de trabalhar com Cronenberg. Ela admitiu, em entrevista à Folha de São Paulo, ter ficado receosa em fazer as cenas de sexo, mas que foi tranquilizada pelo diretor que afirmou que as cenas seriam “clínicas e não sensuais”. A opinião de parcela da crítica em Veneza é de que foram “pudicas”.  
De qualquer maneira o sexo está lá: a perfilar os personagens de Cronenberg em seu filme mais acadêmico.

 Jung e Sabina em análise: base da teoria jungiana é empírica e Um método perigoso se arrisca a refleti-la 


As obsessões de Cronenberg
Eis aí palavras que podem soar dissonantes. Acadêmico e Cronenberg. O cineasta do grotesco à frente de uma produção sofisticada, de alta voltagem intelectual, com atores classudos e um tema, bem, um tema que não poderia ser mais “cronenbergiano”.
Transformações e obsessões são elementos que sempre pautaram o cinema do diretor canadense. Mais recentemente esses temas se bifurcaram em histórias mais lineares e bem delimitadas (Marcas da violência e Senhores do crime). Um método perigoso busca cercar a questão por um prisma pouco experimentado por Cronenberg, mas para o cineasta de Crash –estranhos prazeres (1996), A mosca (1986), Scanners – sua mente pode destruir (1981) e Spider- desafie sua mente (2002) faz todo sentido abordar Jung e Freud no momento em que amadurecem seus pensamentos que servem de base para a psicologia moderna. 

terça-feira, 27 de março de 2012

Crítica - Protegendo o inimigo

Eficiência e ritmo

Você já viu a história de Protegendo o inimigo (Safe house, EUA 2012) várias vezes. Mas raramente viu com tamanho senso de ritmo, probidade narrativa e adensamento visual. A favor desse thriller de espionagem que não apresenta nada novo, mas se apresenta com frescor estão Daniel Espinosa, diretor sueco de ascendência chilena em seu primeiro trabalho hollywoodiano, e Denzel Washington, ator cujo carisma parece desconhecer limites.
Em Protegendo o inimigo, Washington vive Tobin Frost, um ex-agente da CIA que hoje atua como free lancer e vende inteligência para quem puder pagar mais. Frost é capturado na Cidade do Cabo e conduzido a um abrigo que a CIA mantém na cidade sul-africana, instalação sob responsabilidade do novato Matt Weston (Ryan Reynolds). Mas antes que os interrogadores possam obter algum êxito em suas tarefas, o local é invadido pelos mesmos perseguidores que já estavam no encalço de Frost antes.
A partir daí, Protegendo o inimigo adentra a seara da previsibilidade, mas jamais é maçante. Daniel Espinosa é hábil na construção de seu filme. Se se referencia na linguagem visual cunhada por cineastas como Tony Scott e Alfonso Cuáron, como fotografia saturada, montagem nervosa e câmera em constante close nos protagonistas, o sueco não faz do requinte visual um elemento de desequilíbrio. Pelo contrário, provê ritmo às atuações imperiosas de Washington e Reynolds – que depois de um 2011 temerário, reencontrou-se em um bom filme.

Denzel e Ryan em cena: atores que sustentam o interesse pelo filme


Um espectador calejado sabe exatamente para onde Protegendo inimigo ruma, mas não se impacienta em virtude dessa consciência. Um mérito que precisa ser atribuído a Espinosa, que orquestra seu filme maravilhosamente bem desde a apresentação dos personagens até às inevitáveis traições e alianças finais, e a Washington, que permanece um ímã para o público. Como um espião ambíguo e oferecendo-se como contraponto ao bem intencionado personagem de Reynolds, o ator demonstra, mais uma vez, que nem mesmo precisa se esforçar para ser um mestre da cadência. Foi ele, também produtor da fita, quem escolheu Daniel Espinosa para dirigir Protegendo o inimigo e o filme nitidamente se beneficia dessa rima de talentos.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Crítica - Habemus papam

Muito respeito temperado com alguma ousadia!

A ideia de colocar um papa recém eleito, mais do que com crise vocacional, no centro de um dilema existencial é, por si só, suficientemente atraente para render um bom filme. Se a proposta encorpar, ainda, um confrontamento entre os dogmas católicos e a retidão do pensamento psicanalítico, melhor ainda. É esse o painel pincelado pelo cineasta italiano Nanni Moretti em Habemus papam (ITA 2011), filme que integrou a seleção oficial do último festival de cinema de Cannes. Contudo, Moretti não entrega tudo que promete com o início desestabilizador de seu filme. A comédia certeira e inteligente que se anuncia, com forte propensão à ridicularização da instituição Vaticano, não se concretiza no curso da fita. O fluxo narrativo alterna um drama existencial, uma comédia nonsense e algum senso crítico nunca levado às últimas consequências. Não que essa oscilação resulte em um filme irregular ou decepcionante. Moretti domina a encenação de tal maneira que a alternância de gêneros ocorre organicamente, porém, não esconde o fato de que Habemus papam não chega a seus limites. Primeiro porque o confronto entre percepções psicanalíticas e religiosas não ocorre – exceto por uma genial cena que apresenta o terapeuta vivido pelo próprio Moretti e que se estabelece como referencial para as potencialidades do filme. Segundo porque a crise existencial vivida pelo papa, magnanimamente interpretado pelo ator francês Michel Piccoli, não é tangenciada em todas as suas possibilidades dramáticas. Moretti opta por ater-se à crise e menos às suas interjeições religiosas, o que, indubitavelmente, diminui o impacto de Habemus papam.

Moretti e Piccoli na melhor cena do filme: fluxo de gêneros e atores em plena forma


Entretanto, Moretti apresenta algumas gags geniais, como a partida de vôlei entre cardeais, a queda de energia tão logo tem início o conclave e  a invasão dos pensamentos dos cardeais, flagrando-os rogando a Deus que não sejam os escolhidos para o mais alto posto clerical.
O desfecho aventado pelo cineasta é pertinente não só ao comentário que objetiva fazer com seu filme, como a toda a construção dramática intrínseca a ele. É, também, uma demonstração, ainda que aparentemente canhestra, de respeito à instituição Igreja católica. A humanização do Vaticano, orquestrada por um diretor afoito em afrontar instituições, não seria consolidada com um final diferente. 

domingo, 25 de março de 2012

Insight

Vamos falar de sexo?


Com Shame em cartaz, parece irresistível falar sobre sexo no cinema. A fita de Steve McQueen demonstra o suplício cotidiano de um homem viciado em sexo, mas vai além: enfoca a solidão contemporânea e a volatilidade das relações interpessoais em tempos como os que vivemos. O tema da fita inglesa premiada no último festival de Veneza, ainda que não seja essencialmente uma novidade, é abordado de maneira corajosa, sem amarras e com forte propulsão sensorial. Mais do que qualquer coisa, McQueen parece interessado em envolver, de maneira provocativa, seu espectador no debate que propõe. Nesse sentido, Shame se diferencia de produções como o francês Para poucos, exibido recentemente nos cinemas paulistanos e que deve chegar em DVD ainda no primeiro semestre. Embora a fita francesa de Antony Cordier apresente uma discussão tão profunda a respeito do sexo e se valha da mesma liberdade praticada por McQueen com seu filme, não há o interesse de colocar o espectador no centro de debate. É, antes de qualquer coisa, uma opção estética e deve ser respeitada. Em Shame, as escolhas de McQueen se provam muito felizes.

Os quatro protagonistas de Para poucos, cuja crítica pode ser lida aqui: dois casais começam a se namorar e, aos poucos, vão descobrindo novos limites para relacionamentos e sexo


Closer-perto demais, por exemplo, recorre a uma lógica teatral para falar de sexo. Há muita verborragia e nenhum sexo em um filme que se permite ser cru, cruel, sensual, excitante, dramático, conflitante e, por vezes, áspero. Mike Nichols confia nos atores e em um texto absolutamente maravilhoso para construir o painel que objetiva. Até mesmo por sua procedência nas artes plásticas, é compreensível que McQueen avance em termos de linguagem na dialética narrativa que almeja com Shame. Sam Mendes, nesse contexto, foi mais conservador na linguagem, mas não no discurso em Beleza americana. O sexo é o principal catalisador para as mudanças que acometem os personagens. As frustrações dos personagens estão ligadas intimamente às respectivas vidas sexuais. O principal motor da radical mudança sofrida pelo protagonista tem a ver com o desejo latente pela amiga de sua filha. A hipocrisia é o alvo de Mendes e, para ele e para o roteirista Alan Ball, não há como falar de hipocrisia sem mirar no sexo.

Natalie Portman e Clive Owen em cena de Closer-perto demais, eleito o melhor filme da década passada pelo blog: um filme que aborda as sombras de toda e qualquer relação amorosa e não se vale de subterfúgios para fazê-lo


Personagens trágicos: Lester (Kevin Spacey), de Beleza americana, e Brandon (Michael Fassbender), de Shame, têm no sexo catalisadores de angústias e insatisfação; ainda que lidem com sexo de maneira totalmente diferente

Os quatro filmes citados constituem um espelho interessante sobre como o sexo é abordado tematicamente no cinema, e, também, sobre as possibilidades estéticas e discursivas disponíveis para tal.
Desde O último tango em Paris, um filme idealizado para falar da nossa relação com o sexo não era tão significativo. São 40 anos entre o filme protagonizado por Marlon Brando e Maria Schneider e Shame. E os 40 anos podem ser sentidos. Confrontando os dois filmes é possível percebê-los candidamente como retratos de suas respectivas eras. Não obstante, compartilham de algumas particularidades. Se o filme de Bertolucci foi proibido em muitos países, inclusive no Brasil, à época de seu lançamento, Shame foi banido nos EUA das salas de cinema da rede Cinemark que o considerou “pornográfico e abaixo do nível de qualidade exigido pela rede”. Coincidentemente, ou não, o filme não integra a programação da rede no Brasil.
O diretor Steve McQueen, que fez campanha assídua para que Michael Fassbender fosse indicado ao Oscar, provocou dizendo que a esnobada se deu em razão dos “americanos temerem o sexo”. Talvez seja verdade. Muito provavelmente é um exagero da parte de McQueen. De qualquer maneira, passa por Shame a mudança desse panorama. 

sábado, 24 de março de 2012

Claquete documenta - Anderson Silva: como água

A aparição de Bruce Lee, logo no início do documentário assinado por Pablo Croce, dá a impressão de que Anderson Silva: como água tem objetivos mais nobres e artísticos do que aqueles que se revelarão ao longo da metragem da fita. Em uma fala muito famosa, Lee dá a sua receita para triunfar nas artes marciais. Anderson Silva é o brasileiro mais bem sucedido do UFC, principal liga das artes marciais mistas – esporte que cresce internacionalmente a passos largos.
É justamente servir como vitrine para o UFC, e para uma antecipadíssima luta que se espraia, que o documentário se apresenta. Pura e simplesmente. É muito pouco. Faltou desvendar a técnica impressionante de Anderson – a qual é aludida pelo título emprestado da fala de Lee - ou, ao menos, tatear o homem por trás do mito – objetivo supostamente primário da fita. Anderson Silva: como água se presta, ainda que desajeitadamente, a incrementar um mito pouco conhecido no Brasil. E aí se percebe outro problema do filme. Ao invés de se esforçar em apresentar o MMA a um público leigo, Anderson Silva: como água opta por se dirigir apenas aos fãs do esporte. Ainda que faça da figura de Chael Sonnen, maior oponente de Anderson Silva em um octógono, um vilão algo canastrão, o filme aliena quem não compartilha com aqueles que estão na tela, da adoração pelo MMA.
Esses são problemas estruturais da fita de Pablo Croce que, como se não bastasse, apresenta problemas narrativos também. Há personagens mal aproveitados, como a tia de Anderson que só surge nos créditos finais - e o espectador só fica sabendo que o criou se recorrer a outros meios alheios ao filme, o pupilo do lutador cuja relação é mal dimensionada, entre outros.
O filme se vale de uma abordagem tradicional, desenha Anderson como um herói incompreendido como se não tivesse outra opção na vida que não lutar no UFC, e tenta alcançar uma comunhão com o público que não existe: a cena final em que o lutador sai em uma ambulância para exames é prejudicada por um off em que Anderson exorta sobre como é importante saber apanhar da vida. Não parece ser ele, um bem sucedido lutador profissional que pouco apanha, o melhor parâmetro nesse departamento.
Como veículo publicitário para o UFC e para seu protagonista, Anderson silva: como água funciona relativamente bem - descontadas todas aquelas incorreções já citadas - mas como documentário é pobre em termos dramatúrgicos e míope narrativamente. 

Cantinho do DVD

É comum que filhos de cineastas de prestígio se experimentem no cinema. Jason Reitman, filho do grande Ivan Reitman, é um prodígio mais encantador do que seu pai jamais foi. Sofia Coppola conseguiu criar uma marca totalmente distinta da de seu pai, Francis. Há outros por aí que tentam a sorte como a filha de Michael Mann ou do diretor Ridley Scott, cujo primeiro filme, Sedução, é destaque do Cantinho do DVD desta semana. Ainda que este primeiro trabalho não seja tão animador, deixa transparecer que Jordan Scott é alguém com talento. A conferir.




O primeiro longa metragem da filha do cineasta Ridley Scott, Sedução (Cracks, EUA /ING 2009) sinaliza uma artista pensativa, criativa e disposta a seguir um caminho mais minimalista do que os traçados pelo pai e tio (o também diretor de cinema Tony Scott). Mas o grande problema do primeiro filme de Jordan Scott é a inconsistência da trama adaptada do romance de Sheila Kohler. Scott parece indecisa se faz um filme sobre a descoberta da sexualidade, sobre a repressão característica dos anos 60, ou sobre uma mulher impelida pelas próprias angústias e como, a partir desta condição, ela desenvolveu uma veia tão manipuladora quanto nefasta.
Essa mulher é vivida por Eva Green, que não consegue se desvencilhar da caricatura. A senhora G é uma professora progressista em uma escola para meninas no interior da Inglaterra. O mote é banal, mas o olhar dispensado a ele, não. A senhora G é aquela quem mais cativa e mais provoca admiração em suas alunas, em parte pelas aventuras vividas que vive a contar. Esse equilíbrio fajuto é esmorecido com a chegada de Fiamma (a bela Maria Valverde), uma espanhola de origem aristocrata, cujas razões para ter sido deslocada para aquele lugar pressupõem um infindável conjuntos de boatos maldosos. Culta, de personalidade difícil e bem mais apaixonante do que as triviais alunas dali, Fiamma logo desperta a obsessão da senhora G. É natural supor que essa história não acabará bem. Scott até consegue criar momentos de genuína tensão que permitem comentários mais profundos sobre o drama que desvela. Mas esses momentos são raros, e em geral, não sustentam o filme.
De qualquer maneira, Jordan Scott demonstra talento e futuro. Sedução não chega a entregar o que promete, mas permite um vislumbre de uma diretora que, com as escolhas certas, pode ser grande.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Repercutindo Shame

Claquete, na expectativa de aprofundar a experiência cinematográfica que é Shame, propõe um debate acerca do filme em si e daquilo que ele oferece em matéria de cinema e reflexão



O título de Shame, filme que vem colecionando prêmios e polêmicas mundo afora, é resultado de uma pesquisa feita pelo diretor, roteirista e artista plástico Steve McQueen com viciados em sexo como parte da preparação para seu filme – cuja ideia havia sido apresentada a Michael Fassbender durante as filmagens de Hunger (2008).
Shame, como se poderia supor de um filme que se propõe a falar de sexo e a mostrá-lo despudoradamente no cinema, não é unanimidade. “Shame trafega entre a pornografia e a melancolia com requinte visual”, escreveu Luciano Ramos na crítica que fez do filme para o site Pipoca Moderna. “O filme não procura fazer julgamentos morais e nem fornecer explicações psicanalíticas. Apenas descreve o modo como isso (o vício em sexo) impede que o personagem seja minimamente feliz”, argumenta Ramos em seu texto. O crítico identificou referências a Michelangelo Antonioni na obra e a clássicos do cinema como O último tango em Paris e Noite vazia. Para Ramos, Shame é, antes de tudo, um exercício de estilo: “(McQueen) constrói determinadas cenas de sexo com extremo requinte de iluminação, câmara e montagem. Ou seja, aquilo que para o viciado é desonra e degradação, ao diretor serve de pretexto para exibir o seu virtuosismo audiovisual.”
O Crítico do Estado de São Paulo, Luiz Zanin não vê por essa óptica. O crítico opta por emoldurar o viés político de Shame. “Pela possibilidade de ter tudo, de adquirir tudo, do último gadget ao corpo de quem bem entende, tudo e todos, no fundo, perdem seu valor. Nessa relação histérica com a vida, quanto mais o personagem se satisfaz mais insatisfeito fica. É o grande paradoxo da sociedade desenvolvida, o seu grande vazio, afinal de contas. Shame é filme político, sim senhor”.
Percepção semelhante ostenta a versão nacional da revista Rolling Stone que, na crítica assinada por Érico Fuks, avaliza o olhar de Zanin: “Ao abrir mão do erotismo e intensificar o aspecto psicológico depressivo dos personagens, o diretor traz à luz outra questão. Enquanto o discurso das potências vende uma sociedade cada vez mais conectada, o filme destrói esse paradigma e traz um cenário de pessoas isoladas em sua apatia e suas obsessões. A retratação deste universo pós-moderno, em que o toca-discos de vinil convive ao lado de um notebook, reitera que, diante de uma sobrecarga de informações que incentivam o hedonismo, nunca o mundo passou por tanta falta de identidade”.

"O filme traz um cenário de pessoas isoladas em suas apatias e obsessões", escreveu a revista Rolling Stone brasileira


Mas há quem perceba em Shame um exercício desprovido de maior fundamentação crítica. A prestigiada crítica de cinema Isabela Boscov, da revista Veja, enxerga uma ode fetichista do cineasta a seu ator principal o que, segundo ela, daria nova dimensão até mesmo ao primeiro filme da dupla. A crítica do Jornal do Brasil não chega a ser tão reticente ao filme, mas o percebe sob os mesmo signos. “A montagem de Shame  usa os truques disponíveis no mercado para deixar o espectador microscópico diante das peripécias sexuais de seu protagonista. Estamos ali, parados à porta do quarto, enquanto ele faz sexo selvagem diante da janela, ou sentados à cabeceira da cama, vendo uma prostituta cara se despir ao seu comando. Estamos também nos cantos escuros de uma boate gay e nos balcões dos bares de Nova Iorque, mexendo com a mulher alheia e apanhando junto com o personagem.
O final exasperante deixa o protagonista de joelhos, só e perdido. É uma espécie de vingança do roteiro de Steve McQueen e Abi Morgan. Todo aquele gozo e toda aquela luxúria inevitavelmente cobrariam seu preço, um alto e impagável”.
Esse moralismo aludido pela crítica do Jornal do Brasil não é verificado pelo crítico Cássio Starling Carlos que refuta o argumento aventado pelo texto do Jornal do Brasil: “O tema da compulsão poderia gerar um enésimo tratado moralista sobre o consumismo, a perda do sentimento amoroso, a superficialidade dos vínculos ou a liberdade forçada como último efeito de uma revolução sexual que deu numa plenitude de experiências não raro associadas à sensação de vazio. São questões sugeridas desde o título (vergonha, em português) até o desenho da culpa e do sofrimento seguido pelo roteiro de McQueen e da dramaturga Abi Morgan. Porém, tal como em Hunger, o aprisionamento emerge como uma camada mais profunda do que a ideologia puritana, refletida nas interpretações psicológicas que Shame pode gerar”. O crítico da Folha continua: “Em vez de justificar ou condenar moralmente seu personagem, as escolhas plásticas de McQueen trazem à tona o sentimento de estar preso”.

A estética do sexo: as corajosas opções estéticas de McQueen para seu filme são justamente reconhecidas pela crítica em sua maioria


O crítico do O Globo, Rodrigo Fonseca, endossa a atenção de Cássio Starling Carlos à estética de Shame: “Cada flerte é fotografado por Sean Bobbitt com o máximo de detalhismo, para que o espectador capte cada gesto de tensão de Brandon em sua tentativa de não deixar que o instinto atropele seu autocontrole. Na escolha das cores, sempre esmaecidas, e na direção de arte que valoriza lençóis amassados e suados, McQueen traduz as contradições de seu Werther antirromântico”. Fonseca finaliza: “ a estetização do corpo parece ter alcançado a lapidação plena em Shame”.
Shame é capaz de provocar reações tão adversas e polarizantes quanto a matéria prima da qual se apropria. É, independentemente do juízo que se faça dele, um filme que torna impossível lhe ser indiferente.

terça-feira, 20 de março de 2012

Questões cinematográficas - Meryl Streep e as atrizes que domam o tempo


Depois da conquista do terceiro Oscar parece pertinente falar de Meryl Streep, atriz que favorece diversificados enfoques sobre a arte da interpretação. Considerada por muitos a melhor atriz da história, Streep, aos  62 anos, evidencia um fato até então tomado como raro no cinema: o poder das atrizes veteranas. Há não muito tempo atrás, Nicole Kidman queixou-se, e outras atrizes de mediano talento aventaram lamentos similares, de que Hollywood era ingrato com atrizes acima dos 40 anos. Halle Berry, que ganhou um Oscar com 35 anos, bradou que à medida que uma atriz se aproxima dos 40 anos, mais raros os papéis ficam. Glenn Close, certa vez, fez um diagnóstico mais encorpado. Disse que são melhores os papéis escritos para os homens e que são raros os papéis pensados para atrizes veteranas. Esse “desabafo” ocorreu à época que a atriz debutou em uma série de TV regular (a elogiada Damages). Para Glenn, a tv nadava na contramão do cinema e estaria sendo muito mais generosa com as atrizes veteranas nesse começo de século XXI.

O que Meryl Streep, e a própria Glenn Close, demonstra é que este raciocínio precisa urgentemente ser relativizado. Sim, Hollywood privilegia os atores e propõe papéis masculinos mais intrigantes, desafiadores e envolventes do que o faz para suas atrizes, mas este é um fenômeno, além de perene, concomitante com a oferta de talentos na faixa etária de atores e não é algo que aconteça apenas no cinema americano. Fernanda Montenegro, por exemplo, em suas últimas incursões no cinema não foi agraciada com papéis relevantes dramaticamente. Catherine Deneuve e Isabelle Adjani, musas francesas de outrora, há muito digladiam por alguma relevância artística descolada da nostalgia de suas aparições passadas.
Veteranos em alta: Streep e Christopher Plummer, ambos
vencedores do Oscar em 2012, se cumprimentam 
Meryl Streep, no entanto, reclama para si a vanguarda. Enquanto gente como Nicole Kidman, Meg Ryan e Sandra Bullock se comiseram pela escassez de bom material para atrizes em sua faixa-etária, Meryl Streep não advoga a causa. É inegável que a atriz vive nessa etapa da carreira, seu melhor momento. Nos últimos dez anos, foram cinco indicações ao Oscar e 18 filmes, nos mais variados gêneros, em que foi protagonista de mais da metade deles. Mais impressionante ainda é o fato de que muitos deles se tornaram sucessos de bilheteria indiscutíveis (casos de Simplesmente complicado, Julie & Julia, Mamma mia e O diabo veste Prada) superando os U$ 100 milhões nas bilheterias americanas.
Meryl Streep já goza de unanimidade crítica há algum tempo, mas se descobriu rainha do box Office depois dos 50 anos. Essa condição se deveria mais ao carisma da atriz ou a oferta de bons papéis no mercado? Excelência rima com excelência e Nancy Meyers, roteirista e diretora de Simplesmente complicado, sabia exatamente o perfil de atriz que queria para viver uma mulher que se reinventa na fase madura da vida. Meyers sempre cria personagens femininas fortes para seus filmes e suas heroínas são defendidas por atrizes de talento indiscutível (Kate Winslet, Diane Keaton e Meryl Streep).
Uma rápida olhada na seleção das atrizes postulantes ao Oscar este ano confirma essa teoria. Glenn Close (65 anos) e Viola Davis (47 anos), que competiram com Streep pelo Oscar, já estão na fase veterana da vida e vivem momentos dourados da carreira. Close, por exemplo, foi indicada duplamente ao prêmio do sindicato dos atores em 2012 – por Damages e pelo filme Albert Nobbs. Outras atrizes veteranas estavam bem cotadas para o Oscar, como, por exemplo, Tilda Swinton (51 anos) que é outra a colecionar papéis vistosos no cinema. Quando falta algo que lhe instigue no cinema americano ela participa de projetos europeus; estratégia recentemente utilizada e que fez com que Um sonho de amor, produção italiana recebesse mais destaque na imprensa internacional. A inglesa Kristin Scott Thomas (52 anos) faz uso do mesmo expediente e bate cartão em produções francesas, italianas e inglesas.

Tilda Swinton, Robin Wright e Kristin Scott Thomas: atrizes que buscam desafios no cinema independente ou europeu e mantêm-se artisticamente relevantes


O cinema independente ou a colaboração com cineastas expressivos são estratégias igualmente certeiras que outras atrizes como Helen Mirren (66 anos), Ellen Burstyn (79 anos) e Robin Wright (48 anos) lançam mão.
São atrizes que optam por exercer o controle de suas carreiras da maneira mais ativa possível e não se resignam com os rumos de uma indústria voltada para o lucro e para um público cada vez mais jovem.
Meryl Streep, neste contexto, é mais do que um expoente. É uma religião.  

segunda-feira, 19 de março de 2012

Crítica - Shame

Orgasmo infeliz

Shame (Ingl 2011) apresenta dois personagens auto-destrutivos. Brandon (Michael Fassbender) é um executivo nova-iorquino bem sucedido e viciado em sexo. Sua rotina dedicada exclusivamente à luxúria carnal é interrompida pela chegada da irmã Sissy (Carey Mulligan) que apresenta um outro tipo de promiscuidade que está diretamente relacionada à dependência afetiva e emocional que ela sinaliza. O interessante é que esses personagens, ainda que tenham dificuldade em tomar ciência dos próprios demônios, diagnosticam o outro com alguma desenvoltura.
Steve McQueen realiza um filme com tantos predicados que diagnósticos parecem supérfluos em uma fita que busca, primeiro, salientar as possibilidades nauseantes do excesso de liberdade e, segundo, mas inerente a este contexto, tratar o sexo como vício e compulsão com um enfoque que jamais lhe foi dado.
Brandon é um homem bem sucedido, mas incapaz de se conectar. Aparentemente à vontade com essa condição pós-moderna, e a ambientação em Nova Iorque ganha sentido estupendo nesse aspecto, à medida que o filme avança Brandon vai ganhando consciência de que é prisioneiro de sua liberdade.
McQueen é muito feliz no registro que faz do vício de Brandon. O diretor “deserotiza” sua mise-en-scène e busca dar vivacidade à “fome” de Brandon ao flagrar pedaços de corpos e transformar as cenas de sexo em movimentos mecanizados e sem muita graça. A fotografia saturada, por vezes escura, também inibe alguma sensualidade que pudesse erigir.
Engana-se, porém, quem pensa que McQueen cede ao moralismo. Ele desvia-se teimosamente dele. A cena final, inclusive, demonstra isso. Depois de percorrer um doloroso pathos, Brandon é confrontado novamente com a “droga” que tanto lhe consome e somos negados a qualquer indicação de como reagirá após sua recém-adquirida consciência do mal que lhe acomete.

Brandon, vivido soberbamente por Michael Fassbender, em raro momento de vulnerabilidade em Shame


Antes desse final, testemunhamos Brandon ter uma “overdose”. Sua necessidade pelo orgasmo é tanta que ele até mesmo cede à experimentação homossexual em um clube gay, flerta perigosamente com a namorada de um valentão e faz sexo com duas profissionais. O momento em que atinge o gozo é, também, aquele em que se evidencia o suplício de sua existência. A face de Fassbender se transfigura na imagem da tristeza de tal forma que é impossível não se sentir atordoado com tamanha angústia.
Shame é um filme que depende muito de seus atores. Como se constrói sobre aquilo que eles podem sugerir, através de sentimentos retidos, e mostrar, através de corpos expostos, a força do filme reside na capacidade de seus protagonistas em articular personagens tão desarticulados.
Desse ponto de vista, a nudez de Fassbander, ator que se permite ser contemplado até mesmo urinando, é providencial para o sentido que Shame objetiva construir. O mesmo pode se dizer da primeira vez que Carey Mulligan surge em cena, nua. Era necessário para pavimentar a natureza da relação conturbada e de intimidade fragmentada entre Brandon e sua irmã.
McQueen é hábil ao expor seu protagonista, o que para alguns pode ser tomado como fetiche. Desde sua ansiedade inescrupulosa – que pode ser vista no olhar penetrante que dispensa à paqueras em geral - ou na falta de tato com uma mulher que inadvertidamente lhe desperta algum interesse; e como essa inadequação afetará sua virilidade, para que depois ele a recupere em mais um desmando de sexo sem intimidade, pelo orgasmo puro e simples.
É inegável que Michael Fassbender, mais do que o sustentáculo de Shame, é sua alma. Ator incrivelmente charmoso e sensual, ele precisa dar vida a um homem não muito charmoso – ainda que se vista maravilhosamente bem – e que exiba fragilidade e virilidade em sintonia perceptível. Só não é um desafio maior do que dar viço ao caos emocional de Brandon ou despir-se por completo em frente a câmeras curiosas de sua intimidade física.
É, enfim, um trabalho robusto que destaca-se pela ousadia, coragem e capacidade de prospecção.
Shame, em última instância, é um filme que busca provocar no público uma reflexão mais ampla do que a mera discussão em torno de como o sexo é percebido moral e socialmente em nosso tempo. Justamente por isso, o filme se nega a desvendar o passado potencialmente traumático dos dois personagens centrais e teorizar sobre seus efeitos no presente deles. Essa ruptura com o modus operandi vigente na dramaturgia em geral, demonstra que McQueen está plenamente consciente dos efeitos de seu filme. Passa por essa condição, a opção de não oferecer a sua audiência um desfecho convencional.

domingo, 18 de março de 2012

Insight

O jeito Denzel de fazer as coisas

Já há algum tempo Denzel Washington adentrou àquela galeria de atores consagrados que vivem decalques de si mesmos nos filmes. Jack Nicholson, Robert De Niro e Al Pacino constituem a trinca mais reconhecível desses honoráveis intérpretes. Acontece que, diferentemente desses atores, Washington faz questão de deixar tudo muito claro para um público que o segue sem amarras e enxerga no gênero de ação uma plataforma cômoda para exercer essa estratégia. Muitos astros dos anos 80 e 90 decidiram não se reinventar nos anos 00. A opção é reforçada por um viés caricatural inerente às escolhas da maioria deles. Além de Washington, outro vencedor do Oscar cada vez mais frequente no mesmo papel é Nicolas Cage. Mel Gibson, John Travolta e Bruce Willis – em escalas diferentes – seguiram o mesmo raciocínio. O que, porém, diferencia Washington de todos esses é a qualidade que o ator imprime em suas caracterizações.  Não há um filme sequer em que Washington esteja mal. Ainda que interprete variações de sua persona na tela. O diretor Carl Franklin, que já o dirigiu duas vezes, disse que seu Por um triz (2002) – que marcou a segunda colaboração entre ambos - seria um filme convencional não fosse por Washington. “É tudo ele", disse à época, revelando que foi o ator quem dimensionou dramaticamente tanto seu personagem quanto os conflitos propostos na trama. Tony Scott, por sua vez, diz preferir trabalhar com Washington (já foram cinco trabalhos) porque “todo o processo é muito dinâmico e Denzel sabe exatamente como eu penso. Não há ninguém melhor do que ele nesse ramo”.
Washington sempre significou confiabilidade, mesmo quando muito pouco é esperado. Caso de filmes como Incontrolável (2010), O livro de Eli (2010), ou do recente Protegendo o inimigo – desde sexta-feira em cartaz no país.

Denzel em cena de Por um triz, thriller que melhora muito em virtude de sua presença... 

... e no novo Protegendo o inimigo, em que mede forças com Ryan Reynolds em um filme de espionagem


No início da carreira, o ator estava mais interessado no ativismo racial – o discurso dele ainda é pautado por essa agenda – mas suas escolhas como ator já se desvencilharam dela. Filmes como Malcom X (1992) e Um grito de liberdade (1988) não parecem mais pertinentes à fase da carreira que vive o ator. Depois de conquistar dois Oscars – o único negro a ostentar tal façanha – ele tem dito que está interessado em fazer comédias. Seria um desafio. O gênero está mesmo omisso na filmografia de Washington. Denzel parece querer fustigar os teóricos de que ele é bom lendo até mesmo lista telefônica.

Musas Claquete - Natalie Portman



Por que votar em Natalie?
É linda
Venceu um Oscar
Como foi atriz mirim, cresceu em frente aos nossos olhos
É pop e também é cult


Principais filmes:
O profissional (1994)
Todos dizem eu te amo (1996)
Star Wars: episódio I – ameaça fantasma (1999)
Cold Mountain (2003)
Closer-perto demais (2004)
Free zone (2005)
V de vingança (2005)
Um beijo roubado (2007)
A outra (2008)
Cisne negro (2010)
Sexo sem compromisso (2011)

Natalie mexe com Clive na cena mais explosiva de Closer-perto demais

Personagem icônica:
Nina em Cisne negro
Momento mais sexy:
O strip-tease de Closer
Fãs declarados: 
Jude Law, Clive Owen, Julia Roberts, Marion Cottilard, George Clooney, Darren Aronofsky, Scarlett Johansson, Anette Benning, Amos Gitai, Colin Firth, Robert De Niro, Jean Reno, David Letterman, Tobey Maguire, Jake Gynllenhaal e Robert Pattinson.

Ela em uma frase:
“Eu basicamente tenho um corpo de menino”

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A votação está em vigor e segue até o dia 30/03/2012. Não é o BBB, mas vote quantas vezes quiser! Acompanhe atualizações a respeito da votação para Musa do blog na fan page de Claquete no Facebook.

sábado, 17 de março de 2012

Cantinho do DVD

O destaque da seção Cantinho do DVD desta semana é um filme de gangster um tanto anticlimático. O pior dos pecados quer ser, também, filme de arte. Mas o diretor Rowan Joffé não é Martin Scorsese ou Brian De Palma e isso fica bem claro conforme a trama protagonizada pelo ascendente Sam Riley - que em breve será visto em On the road de Walter Salles - avança. Leia a crítica a seguir:




Crítica
Os filmes de gangster, na demasia com que são produzidos, envolvem uma gramática cinematográfica muito particular. São produções que falam sobre inadequação, ambição, impossibilidades e outras questões humanas que se cristalizam em metáforas tão bem acampadas por cineastas como Martin Scorsese, John Huston, Francis Ford Coppola, Sidney Lumet e Brian de Palma. Rowan Joffé, filho do cineasta Roland Joffé não é um desses cineastas. Por mais que O pior dos pecados (Brighton Rock, ING/EUA 2010) tenha fonte fidedigna, o romance de Graham Greene, não consegue se materializar em uma obra pulsante e convicta – ainda que tenha seus momentos. A impressão que fica é que Joffé até é um roteirista talentoso, é dele o texto do primoroso Um homem misterioso, mas ainda se mostra um diretor oscilante. O que não deixa de ser natural, já que O pior dos pecados ainda é seu segundo longa-metragem.
Joffé busca amparar-se na atmosfera setentista do cinema americano. Dos planos às falas dos personagens, a despeito da trama ser ambientada nos anos 60, percebe-se que o diretor constrói seu filme em referências nem sempre bem fundamentadas visualmente ou dramaticamente.  
Pinkie (Sam Riley) é um gangster que tenta subir na vida depois da morte do líder do grupo. Mas a influência de seu grupo na cidade está cada vez menor e Pinkie ainda precisa administrar uma testemunha que o viu matar um homem. Não fica muito bem estipulado o por que Pinkie se envolve com a garçonete Rosie (Andrea Riseborough). Já que matar vai se tornando algo cada vez mais banal para ele. Joffé não consegue convencer seu espectador do thriller que realiza. Ainda que a trama ganhe fôlego com sutilezas impensadas no terceiro ato, O pior dos pecados se mostra um filme bem irregular, com atores pouco convincentes (Sam Riley, em particular, é uma decepção) e com uma proposição mal ajambrada. Não funciona como thriller, como filme de gangster e muito menos como drama. Rosie, no entanto, é uma personagem bem construída. É sua jornada de abnegação que vale ser observada no filme. E qualquer menção positiva a O pior dos pecados (que conta com uma divertida ponta de Andy Serkis) se deve a essa personagem.

Crítica - Motoqueiro fantasma: espírito de vingança

Para o atoleiro e sem freio!

Quando um filme é classificado por seus realizadores como uma espécie de sequência ou refilmagem do original, desconfie! O que Mark Neveldine e Brian Taylor, responsáveis por fitas bacaninhas (desde que temperadas com a boa vontade do espectador) como Adrenalina e Gamer, fazem com essa “continuação de mentirinha” de Motoqueiro fantasma (fracasso homérico de público de 2007) não é uma coisa nem outra. É algo bem menos passível de adjetivação.
A favor do primeiro filme, solenemente ignorado nessa “sequência”, estavam Peter Fonda tirando onda de capeta, Eva Mendes como a “Maria motoca” de Cage e uma expectativa positiva em relação aos prospectos do filme. Depois do fracasso era compreensível que a saga demoníaca de Johnny Blaze fosse aposentada terminantemente nos cinemas. Mas eis que surge esse Espírito de vingança com uma pegada mais dark, segundo Cage revelou em entrevistas promocionais. Fica na bravata. O filme é chato. Não há cenas de ação cativantes, o 3D não diz a que veio (além de amealhar uns trocados a mais nas bilheterias) e Nicolas Cage parece mais “embotoxado” do que nunca.
A trama é bem óbvia. Uma irmandade de monges precisa reaver o filho do Diabo e um desses monges (um beberrão com jeito para armas vivido por Idris Elba) vê na figura de Blaze – ainda em conflito com seu demônio interior – a pessoa certa para o trabalho.
Os efeitos especiais até que não fazem vergonha, mas mereciam um filme com desenvolvimento melhor. Até Christopher Lambert, outro ressuscitado, surge como um monge com cacoetes de ninja. Acreditem: se um terceiro motoqueiro fantasma vier a acontecer, é porque Hollywood terá aceitado seu destino cruel.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Filme em destaque - Shame

Quebrando alguns tabus
 Michael Fassbender vive um homem viciado em sexo no segundo longa-metragem de Steve McQueen e entrega a atuação mais elogiada de sua promissora carreira. Mas Shame, além de oferecer o ator em pêlo, tem outros objetivos e Claquete os apresenta


Rodou Hollywood nos idos de janeiro e fevereiro a ‘pratical joke’ de que Michael Fassbender ficou de fora dos finalistas da disputa pelo Oscar de melhor ator em virtude do tamanho de seu pênis, que aparece em Shame – filme no qual interpreta um executivo viciado em sexo e com sérios problemas de relacionamento. O diretor Steve McQueen, em entrevista a um programa de tv americano, ofereceu uma análise menos brincalhona e mais incendiária: “Michael não foi indicado porque os americanos temem o sexo”. Ele não disse que há hipocrisia. Não falou em moralismo e nem em puritanismo. Falou em medo mesmo.
Shame acompanha um homem que não consegue desenvolver nenhum tipo de relação em sua vida que não tenha como meta sexo. “Mas não é um filme sobre prazer sexual”, acrescentou Michael Fassbender em entrevista à revista Total Film. “É um filme sobre nosso tempo”, defendeu o New York Times à época da premiere do filme no festival de Veneza 2011, de onde saiu com o Leão de ouro de ator para Fassbender.
McQueen, que além de cineasta é artista plástico, disse em Veneza que Shame é um filme tão político quanto seu elogiado drama de estreia (Hunger) – também estrelado por Michael Fassbender. “Aquele era sobre uma prisão na Irlanda do Norte, esse é sobre como a liberdade de alguém pode aprisioná-lo e ele precisa de um vício para atenuar uma dor”.
O crítico de cinema Pablo Villaça desenvolve raciocínio intercambiável com a explanação de McQueen: “se a expressão ‘viciado em sexo’ parece estranha, já que normalmente não pensamos em dependência quando lidamos com algo que soa tão natural e prazeroso, é porque muitas vezes nos esquecemos de que esta é precisamente a natureza do vício: transformar o prazer em obsessão”. Para o principal crítico do portal Cinema em Cena, Shame é um filme muito bem urdido por seu diretor que apresenta um personagem “que parece experimentar um misto de dor e tristeza ao buscar mais um orgasmo”.
McQueen orienta Carey Mulligan e Fassbender: a atriz
disse, em uma conflituosa descrição, que o diretor foi
"cruel" e "generoso" com ela

Shame é um minucioso retrato de nosso tempo”, estipulou o jornal San Francisco Chronicle em sua resenha do filme. A busca por uma conexão real, de fato, parece estar em pauta no cinema. De filmes como Drive até Os descendentes, a questão é colocada em camadas e tonalidades diversas, mas o que Shame propõe é uma reflexão muito mais profunda e interiorizada.
Há muito sexo em Shame, mas McQueen optou por não erotizar as imagens. “Brandon (Fassbender) não é um mulherengo”, argumenta o diretor. “Seria uma forma de distrair o público do foco do filme”. McQueen acrescenta que escolheu a cidade de Nova Iorque como cenário do filme (Shame, vale lembrar, é uma produção britânica) por ser a big apple a capital do mundo. “Além do fato de todo mundo ser um pouco solitário em Nova Iorque”, apontou em entrevista à GQ americana, deixando transparecer que Shame também fala sobre solidão. “São novas compulsões as que a internet estabeleceu”, filosofou em Veneza.
Sexo, vício, política, solidão, internet... Shame reúne muitos tabus sob seu jugo. Quebrá-los todos de uma vez, como teorizou McQueen ao comentar a esnobada de Fassbender pela academia, é um desafio inquebrantável. 

Musas Claquete - Penelope Cruz




Por que votar em Penélope?
É a principal atriz européia da atualidade
É musa de Almodóvar
Ficou ainda mais linda depois da maternidade
Dona de sotaque latino irresistível
Já venceu o Oscar

Principais filmes:
Carne trêmula (1997)
Tudo sobre minha mãe (1999)
Não se mova (2004)
Volver (2006)
Fatal (2008)
Vicky Cristina Barcelona (2008)
Abraços partidos (2009)
Nine (2009)

 Do you have a light? Penelope em seu momento...


Personagem icônica:
María Elena em Vicky Cristina Barcelona
Momento mais sexy:
Cantando toda sensual no musical Nine
Fãs declarados: 
Antonio Banderas, Pedro Almodóvar, Alec Baldwin, Johnny Depp, Woody Allen, Rob Marshall, Scarlett Johansson, Salma Hayek, Matt Damon, Gwyneth Paltow e Jennifer Lopez


Ela em uma frase:

“A coisa mais difícil do mundo é começar uma carreira sendo conhecida por sua aparência e tentar se transformar em uma atriz séria. Ninguém te leva a sério quando você é uma atriz bonita.”


* A votação será iniciada após a apresentação de todas as candidatas