domingo, 11 de novembro de 2012

Especial Argo - As faces da espionagem no cinema


Esses últimos meses têm sido especiais para o cinema de espionagem. 2012, por exemplo, é o primeiro ano em que a franquia Bourne, que deu novo apelo ao universo da espionagem no cinema, se encontra com a franquia 007, que celebrou o status da espionagem no cinema. Tudo bem que a primeira veio sem seu protagonista e com pontuais alterações estruturais para que o show continue a render dinheiro, mas as mudanças foram tão bem orquestradas por Tony Gilroy, roteirista dos quatro filmes e diretor do último, que tudo faz sentido. Não foi só a franquia Bourne que mudou não. James Bond passou por uma reciclagem geral em Operação Skyfall. Tudo para deixá-lo mais afeito aos tempos modernos. Paradoxalmente, Argo faz um retrato dos tempos em que os espiões eram super-heróis de verdade. O novo filme de Ben Affleck vai ao final dos anos 70 e início dos anos 80 para mostrar a ação de agentes da CIA e da inteligência canadense para resgatar seis diplomatas americanos refugiados na embaixada canadense no Irã. Enquanto a franquia Bourne investe bruscamente no realismo, técnica absorvida pelo 007 da fase de Daniel Craig – anda que suavizada no mais recente filme, Argo opta por um registro mais sutil e saboroso. Ben Affleck deixa o clima de thriller se contagiar pelo ar farsesco de Hollywood, já que a estratégia adotada pela CIA é forjar a produção de um filme no Irã.

Paranoia e adrenalina: a franquia Bourne modificou os termos da espionagem no cinema com um choque de realismo


Mundo moderno: os bancos são os grandes vilões de Trama internacional, filme de espionagem que não desgosta da boa e elegante ação


Essa opção acresce em dramaturgia e permite, também, um bem vindo respiro ao fundo político que, a bem da verdade, inexiste nos outros dois filmes.
Há quem acredite que filmes de espionagem que não trazem fundo político são, de fato, filmes de ação. É um corrente que carrega certa verdade. Principalmente se confrontada com filmes como Munique (2005), obra prima de Steven Spielberg sobre a resposta israelense a um atentado terrorista promovido por um grupo terrorista palestino nas olimpíadas de Munique em 1972. Uma curiosidade cinéfila, pouco pertinente ao artigo, mas que acrescenta a ele: foi durante as gravações de Munique que Daniel Craig foi convidado para assumir o papel de James Bond.
O próprio Ben Affleck já havia feito um filme que tem como mote a espionagem. Antes de Argo, ele foi agente da CIA em A soma de todos os medos, quarto filme do agente Jack Ryan nos cinemas. Naquele filme, como em Bourne e Bond, a ação é privilegiada, mas há a preocupação – ainda que esparsa – com o fundo político.
Filmes como Trama internacional (2009), Conduta de risco (2008) e Duplicidade (2010), os dois últimos do mesmo Tony Gilroy que assina a quadrilogia Bourne, versam sobre outro tipo de espionagem: a corporativa e empresarial. É um filão ao qual o cinema ainda não se debruçou de maneira efetiva, mas no qual pode descobrir ótimas histórias. Como demonstram os três excelentes filmes. Há muitos outros exemplos de produções sobre espionagem nos cinemas. Desde sátiras como Agente 86 (2008) à Hitchcock, com Intriga internacional (1959). É um campo vasto, plural e que Ben Affleck, agora, se inscreve como referência.
 

3 comentários:

  1. Muito legais os artigos sobre "Argo"! Eu curto filmes de espionagem, e gostei também de "O Espião que Sabia Demais", que era meio "à moda antiga", com aquela trama complicada de acompanhar (tive que ver duas vezes pra "sacar" a história toda! rs). E o primeiro Bourne é um dos melhores!
    Um abraço!

    ps.: temporada de prêmios chegandooo! Uhuuu! Ainda bem que o blog voltou!

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  2. Quem diria que o Ben Aflleck viraria referência de algo! rsrsrsrs

    Ainda não assisti "Argo", mas adoro filmes do gênero de espionagem. Adoro o suspense que eles trazem.

    Beijos e parabéns pelo artigo!

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  3. José: Obrigado pelos elogios e pelo entusiasmo José. Se prepare pq vem muita coisa boa aí na oscar season. Tb gostei de "O espião que sabia demais", cuja crítica vc pode encontrar aqui no blog. Admito que ficou faltando referência a este filme no artigo.
    Abs

    Kamila: Obrigado Ka. E algo me diz que vamos nos habituar com Affleck como referência.
    Bjs

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