quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012 - Cenas de cinema (Fatos)


Summer down
Quem olhasse para 2012, em 2010 ou 2011, diria que a temporada de blockbusters era invejável. O último filme da trilogia de Christopher Nolan para o cavaleiro das trevas, a aguardada estreia de Os vingadores, o reboot de Homem aranha, Ridley Scott de volta ao universo Alien, a terceira parte de MIB, releituras de Branca de neve, a primeira princesa da Pixar, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone juntos, entre outras grandes produções. Apesar de movimentar cerca de U$ 4 bilhões – só Os vingadores fez mais de U$ 1,5 bilhão ao redor do mundo – a temporada não poderia ser mais decepcionante. Com a honrosa exceção de um filme estrelado por um urso de pelúcia, todo o mais está fadado ao esquecimento. É o segundo verão americano marcado por produções abaixo da média; em 2011 foi a mesma história.

Contos de fada em alta
Por falar em Ted, o filme dirigido por Seth MacFarlane foi a grande sensação do ano. Inteligente e engraçadíssimo, o filme chamou a atenção para outra corrente que ganhou destaque em 2012. A do conto de fadas. Alguns filmes, na ânsia de falar sobre maturidade, adentraram a lógica de contos de fadas para fazê-lo. Além de Ted, em que Mark Wahlberg tem como melhor amigo um urso falante e todos em cena lidam muito bem com isso, houve Ruby Sparks – a namorada perfeita, em que o escritor vivido por Paul Dano materializa com sua mente uma personagem que criou no papel.

A força está com a Disney

Tomou o mundo de surpresa, a notícia de que a Lucas Film havia sido comprada pela Disney. Já a notícia de que uma nova trilogia Star Wars sairia do forno foi recebida com ceticismo por alguns e entusiasmo por outros. De qualquer forma, não há estúdio mais poderoso em Hollywood hoje do que a Disney. Nos últimos dez anos foram três aquisições de grande impacto: Pixar, Marvel e Lucas Film.

O brilho do cinema francês
2012 pode entrar para os anais da história, como o ano da França no cinema. E não só no Oscar, como se viu com a consagração de O artista. O emocionante Os intocáveis se tornou o filme francês mais rentável de todos os tempos. Nos EUA, inclusive, foi mais visto do que o oscarizado O artista. No Brasil, conseguiu expandir seu circuito depois da estreia. As salas brasileiras, aliás, nunca exibiram tantos filmes franceses quanto em 2012. A arte de amar, Os intocáveis, Bem amadas, Paris-Manhatan e Holly Motors são apenas algumas das muitas produções do país que conquistaram público e crítica no Brasil.

Cena de Até a eternidade: o cinema francês esteve mais in do que nunca em 2012...


A América de Obama
Todo ano precisa de um documentário polêmico. Em 2012, foi a vez 2016: Obama´s America (que não foi exibido no Brasil). Surpreendente sucesso de público nos EUA, o filme, lançado durante a campanha presidencial americana, não esconde sua veia republicana e, muito menos, sua oposição à figura do presidente Obama. O doc não foi endossado pela campanha de Romney, mas foi mais visto nos Estados em que o republicano prevaleceu nas urnas. Por falar em pregar para convertidos, a maioria das celebridades americanas se engajou na campanha de reeleição de Barack Obama. De Beyoncé à George Clooney, que promoveu o maior jantar de arrecadação de fundos que se tem notícia até hoje. Mas quem brilhou mesmo nesse departamento foi Clint Eastwood, que na convenção republicana mesmerizou o mundo ao discursar para uma cadeira vazia simbolizando Obama.

Beyoncé veste Obama: a cantora e atriz foi uma das muitas celebridades que fizeram campanha pela reeleição do presidente americano


Rir é o melhor remédio
Se houve um gênero que se destacou em 2012, esse gênero foi a comédia. Até o grande sucesso do ano, Os vingadores, se esmera basicamente no humor para alinhar personagens tão distintos e fazê-los funcionar juntos. Mas houve outros destaques. Mais uma vez, prevaleceu no cinema nacional, o gosto pelas comédias. Até que a sorte nos separe e E aí, comeu? foram os grandes sucessos brasileiros do ano. Dois dos filmes mais comentados da temporada também foram comédias e do tipo politicamente incorreto. Ted, pois é, novamente citado nesta seção Cenas de Cinema, provocou a ira do deputado federal Protógenes Queiroz que quis censurar o filme no país, mas só conseguiu fazer com que o interesse por ele aumentasse. Já O ditador mexeu em um vespeiro maior. Sacha Baron Cohen com sua habitual virulência se mirou nas ditaduras e acertou o ocidente e as democracias como poucos artistas já ousaram.

O 3D está morto, viva o 3D
Depois de uma enxurrada de filmes em 3D em 2010 e 2011, 2012 foi mais moderado. A média foi de três lançamentos com o uso da tecnologia por mês. Entre maio e agosto, temporada de blockbusters americanos, a média subiu para cinco. Bem abaixo do ano passado que apresentou, entre maio e agosto, média de oito lançamentos por mês com a tecnologia. Esse arrefecimento é natural sob muitos ângulos. Afinal, muitos desses filmes não faziam bom uso do 3D. Talvez o mais interessante desses ângulos, seja o fato de que diretores consagrados estão utilizando o 3D e ajudando a consolidar a plataforma como ferramenta narrativa. Foi lançado no Brasil em 2012, filmes de gente como Martin Scorsese, Werner Herzog e Steven Spielberg. Em dezembro é a vez de Ang Lee. Esses cineastas se apropriam do 3D e ajudam a cativar um público que ainda resistia à tecnologia. De quebra, testam os limites do cinema.

O fim de Crepúsculo
A Summit, estúdio por trás da saga, reluta em aceitar, mas a verdade é que Crepúsculo acabou. Foi uma jornada e tanto! Um séquito de fãs apaixonados igualmente barulhentos à horda de detratores ferrenhos afluíram esses cinco anos. A franquia foi um fenômeno ao qual foi impossível permanecer indiferente. Os mais de U$ 4 bilhões arrecadados pelos cinco filmes são apenas um vislumbre do poder pop de Crepúsculo. Fãs descabeladas que derrubaram seguranças em um hotel brasileiro e fizeram Taylor Lautner temer por sua vida, talvez seja um artifício mais eficiente para dimensionar o vazio que o fim da saga vai deixar.

Profusão de filmes cults

Uma particularidade de 2012 foi a grande quantidade de filmes lançados no ano com vocação para serem cults. Três dele, é bem verdade, são datados de 2011, mas só aportaram nas salas de cinema brasileiras neste ano. Drive (foto), Shame, Os homens que não amavam as mulheres, Cosmópolis, Argo e Holly Motors têm em comum sua engenharia cult. Dois deles, Argo e Os homens que não amavam as mulheres, se sobressaem por conseguirem também serem pops.


Eles deram química...
Muita gente teve boa química nas telas de cinema em 2012. Na última incursão de Ted na lista, Mark Walhberg e o ursinho dublado por Seth MacFarlane puxam a corrente de quem mandou muito bem. O cachorrinho de verdade Uggie virou celebridade e foi o primeiro canino a pisar no palco do Oscar, muito em parte pelo show que deu ao lado de Jean Dujardin em O artista. George Clooney e Shailene Woodley estavam tão bem em seus papéis em Os descendentes que convenciam que eram mesmo pai e filha e com uma longa história. Clint Eastwood e Amy Adams não ficaram atrás em Curvas da vida. Já Daniel Craig e Rooney Mara soltaram faísca em Os homens que não amavam as mulheres. A química não foi só sexual, mas quando rolava sexo...
Craig por sinal, esbanjou química com Javier Bardem, seu antagonista em Operação Skyfall. E quase que a mesma discrição da química com Rooney Mara se aplica aqui...
Já Andrew Garfield e Emma Stone de tanta química quase fizeram de O espetacular homem aranha outro tipo de filme. Mas pare de pensar besteira!

Daniel Craig, o mr. química de 2012, responde à altura o assédio de Javier Bardem em Operação Skyfall: dinamite pura...


... e eles foram reprovados
Sam Worthington tem tudo para ser o novo Arnold Schwarzenegger. Pelo menos no tocante a sua capacidade de desenvolver química com parceiros e parceiras de cena. Tanto em À beira do abismo, com Elizabeth Banks, como em Apenas uma noite, com Eva Mendes e Keira Knitghtley, o australiano foi reprovado com louvor. Channing Tatum e Cody Horn também ficaram devendo em Magic Mike. Tatum, no caso, foi reincidente em Para sempre, tendo dessa vez como parceira a canadense Rachel McAdams. Será que Tatum sofre do mesmo problema de Worthington? Foi Jonah Hill, em Anjos da lei, que impediu Tatum de ocupar a mesma posição de Worthington na matéria.

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