sexta-feira, 12 de julho de 2013

Espaço Claquete - Grande demais para quebrar


O gênero thriller financeiro surgiu nos últimos anos quase que como um dos muitos reflexos da crise que assolou o mundo em 2008. Um dos melhores exemplares desse grupo do qual pertencem os excelentes Margin call – o dia antes do fim (2011) e A negociação (2012) é Grande demais para quebrar (Too big to fail, EUA 2011), produção original da HBO baseada no livro homônimo de Andrew Ross Sorkin.
Filme e livro tratam da eclosão da crise financeira sob a perspectiva da equipe econômica do governo Bush e os esforços do secretário do tesouro (equivalente ao ministro da fazenda aqui) Henry Paulson (William Hurt) para impedir que o sistema financeiro americano entre em colapso.
Dirigido com agilidade e sobriedade por Curtis Hanson, Grande demais para quebrar não dá tempo para o espectador respirar. A velocidade dos desdobramentos que ameaçam a saúde dos principais bancos americanos permite um relevo pedagógico da realização, mas Hanson não se obriga a pajear aqueles que não embarcarem no ritmo atroz dos acontecimentos.
A adrenalina dos homens mais poderosos do mundo flagrados à beira do precipício é algo capaz de render ainda muitos outros bons filmes, mas Grande demais para quebrar parece se interessar majoritariamente por dois aspectos: o primeiro é o componente de criança malcriada que os altos executivos de Wall Street ostentam e isso é algo que o filme é implacável em pavimentar. O famigerado egocentrismo desses homens poderosos e arrogantes ganha nova conotação ao mostrá-los desamparados correndo para baixo das saias do governo. O segundo aspecto, ainda mais esmerado em um comentário político do que o primeiro, diz respeito à volatilidade de um mercado carente de uma regulamentação mais efetiva. Muito já mudou desde 2008, mas muito continua exatamente igual. O olhar inquieto e cheio de incertezas de William Hurt, magnífico como Paulson, na última cena do filme é dessas certezas demolidoras de que o mundo como conhecemos ainda corre perigo.

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