sexta-feira, 26 de julho de 2013

Filme em destaque - Wolverine: imortal


A Fox queria mudar. X-men origens: Wolverine (2009) não chegou a ser um fracasso retumbante nas bilheterias – arrecadou cerca de U$ 373 milhões internacionalmente tendo custado pouco mais de U$ 120 milhões – mas não deixou boa impressão na crítica, na indústria e, principalmente, no público que esperava um filme menos banal sobre a origem de um dos personagens mais complexos do universo mutante.
Com a sequência garantida e o universo X em vias de expansão com X-men: primeira classe que seria lançado em 2011, o estúdio já sabia para onde queria ir: ao Japão. Algumas das melhores sagas com o personagem nas HQs se passam no Oriente e era a manobra certeira para revestir o filme de uma complexidade que inexistia no primeiro filme. Hugh Jackman, que além de ser o astro do longa é produtor associado, sugeriu Darren Aronofsky – com quem havia trabalhado em Fonte da vida (2006) e que estava em alta com a celebração em torno de Cisne negro (2010). Aronofsky aceitou o convite da Fox e a pré-produção foi iniciada em cima do argumento pincelado pelo roteirista Christopher McQuarrie de Os suspeitos e Jack Reacher – o último tiro. Aronofsky e Fox, no entanto, estavam em desacordo quanto aos rumos da trama e como a narrativa deveria se desenvolver. Oficialmente, a renúncia de Aronofsky à direção – que chegou a ser tema da seção Insight à época – se deveu à indisposição do diretor de passar um período dilatado de tempo no Japão, mas Aronofsky, então em um processo de separação de Rachel Weisz, insinuou vez ou outra que não embarcaria no projeto se não detivesse o corte final do filme.
A pressão do estúdio pesou e Hugh Jackman foi buscar em outro versátil diretor com quem já havia trabalhado o abrigo que o personagem precisava. James Mangold, que dirigiu Jackman no romance Kate & Leopold (2001), já comandou comédias de ação como Encontro explosivo (2010) e faroestes como Os indomáveis (2007). Era uma escolha plausível dentro da opção do estúdio de ter um diretor competente e habilidoso em termos narrativos, mas fiel aos tramites de uma superprodução de estúdio.
Mark Bomback e Scott Frank então reescreveram o roteiro aproveitando a espinha dorsal do texto de McQuarrie e Wolverine: imortal, que chega nesta sexta-feira (26) aos cinemas brasileiros, começou a se tornar uma realidade.
 
Ah, as mulheres: boas ou más, elas movem a trama do novo filme estrelado pelo mutante canadense
 
 
Complexidade emocional e inspiração em HQ consagrada
Levar a trama para o Japão fazia parte do projeto de destacar os conflitos emocionais de Logan, totalmente negligenciados no filme de 2009. A inspiração, ainda que não devidamente creditada, é a HQ “Eu, Wolverine”, escrita por Chris Claremont e desenhada por Frank Miller em 1982.
A trama também se resolve como ponte entre a trilogia X-men original e o próximo filme da saga mutante, X-men: days of future past. Nesse contexto, Logan vai ao Japão atormentado pela morte de Jean Grey e se sentindo amaldiçoado por sua imortalidade. Como uma fera acuada, ele é sabotado por uma pessoa que cria lhe querer bem e todos sabem como age Wolverine quando provocado. James Mangold foi buscar referência em uma HQ clássica do herói e esse expediente tem se provado frutífero no universo mutante no cinema. X2 (2003), para muitos o melhor filme da franquia X, também é baseado em uma HQ assinada por Cris Claremont (“O conflito de uma raça”) e o aguardado “encontro de gerações” em X-men: days of future past (2014), por sua vez, é inspirado na saga “Dias de um futuro esquecido”.
A recepção da crítica, de maneira geral, tem sido positiva. Hugh Jackman, em especial, recebe elogios efusivos por sua sexta encarnação do personagem. Sobram elogios para o ator até mesmo de quem não embarcou na onda do filme. O australiano, porém, sabe que carrega o filme nas costas e que esses elogios não vendem ingressos. A maratona promocional de Wolverine: imortal, justamente por isso, beirou a insanidade. Jackman em um espaço de uma semana esteve em países diversos como Coréia do Sul, Japão, Inglaterra, Espanha, e Estados Unidos.
A aposta da Fox no longa é tão alta que a distribuidora nacional apostou até em merchandising na novela das nove. Com os filmes estrelados por super-heróis rendendo seguramente mais de U$ 500 milhões nas bilheterias mundiais, reside em Wolverine imortal a responsabilidade de ser o primeiro filme com gene X a romper essa barreira.

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