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sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Especial Gravidade - Obstinação ou predestinação?


Sandra Bullock não era a primeira opção para estrelar Gravidade. A Warner Brothers, estúdio por trás do filme, suficientemente receosa com a proposta ousada do filme de focar quase que inteiramente em uma personagem feminina ao relento no espaço, queria uma atriz jovem para o papel – reiterando aquela máxima de que atrizes acima dos quarenta anos são logo escanteadas em Hollywood. Natalie Portman, então na crista da onda com Cisne negro, era a opção do estúdio. Mas a atriz, grávida, declinou da proposta. Jessica Chastain, outro nome da moda, foi testada antes do papel parar no colo de Sandra Bullock – que hesitou em aceitá-lo por ser este física e psicologicamente desafiante para ela que havia acabado de adotar um bebê.
Ser mãe, no final das contas, acabou ajudando na concepção de sua personagem – enlutada justamente pela perda de uma filha.
Sandra sentiu-se adornada pela coragem do diretor Alfonso Cuarón em bater o pé e exigir o protagonismo para o papel feminino – o estúdio já exercia pressão para que o papel fosse reescrito para um homem. “É um elefante na sala, mas se os estúdios perceberem que as mulheres podem trazer audiência para os cinemas, o que é uma tendência momentânea pode virar norma”, comentou Sandra Bullock no painel sobre o filme na última edição da ComiCon em San Diego, na Califórnia.
A ficção científica tem, pelo menos, uma grande personagem feminina que originalmente seria interpretada por um homem: a tenente Ellen Ripley da franquia Alien. A personagem de Sigourney Weaver não foi uma sombra para Sandra compor Ryan Stone, nome até certo ponto unissex de sua personagem em Gravidade, segundo a atriz.
Rotina exaustiva: Sandra em um tanque de água filmando
cenas que seriam tratadas digitalmente depois
Cotada para o Oscar, Sandra Bullock quebra uma escrita que acomete atrizes vencedoras do Oscar. Elas não conseguem mais obter sucesso de crítica após o triunfo no Oscar. Gwyneth Paltrow, Halle Berry, Julia Roberts, Reese Whiterspoon e Nicole Kidman são alguns dos exemplos. Depois da questionável vitória em 2010 por Um sonho possível, Sandra Bullock retorna ao cinema em 2013 com o sucesso comercial de As bem armadas – atualmente nos cinemas – e o êxito crítico de Gravidade. Voltar à disputa pelo Oscar talvez fosse algo que a pequena participação em Tão forte e tão perto (2011) insinuasse, mas que não parecia ao alcance.
A vontade de trabalhar com Cuarón e o desejo de provar para o estúdio, com o qual mais fez filmes, que uma mulher pode e deve ser a protagonista de uma ficção científica criativa e exigente como Gravidade podem levar Bullock novamente ao Oscar. Dessa vez, sem margem para dúvidas.

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