terça-feira, 29 de outubro de 2013

Filme em destaque - O mordomo da Casa Branca

O novo filme de Lee Daniels, a exemplo de outras produções já lançadas em 2013 (Sem dor, sem ganho e Bling ring – a gangue de Hollywood) tem uma reportagem de jornal como fonte primária.
Em 2008, durante as semanas que precederam a eleição de Barack Obama, o repórter e ex-correspondente do Washington Post Wil Haygood se impôs uma missão: encontrar o afro-americano que trabalhou na Casa Branca e testemunhou o movimento pelos direitos civis dos bastidores. Depois de inúmeros telefonemas, Haygood descobriu esta pessoa em Washington. Seu nome era Eugene Allen, tinha 89 anos e havia servido oito presidentes, dos anos 1950 aos 1980. Depois de se encontrar com Allen e sua mulher, Helene, por algumas horas, o jornalista conseguiu fazer um perfil do homem que teve acesso em primeira mão a alguns dos eventos mais críticos da nação – e aos homens poderosos por trás deles – de uma forma sem precedentes e bastante cinematográfica.
A vice-presidente da Sony Pictures Entertainment, Amy Paschal, foi a primeira a ler a entrevista com Allen no Washington Post e mostrou o material para a produtora Laura Ziskin. O Post publicou a história na sexta-feira seguinte à vitória de Obama. Apesar do empenho da produtora, responsável pelo sucesso da trilogia original Homem aranha, a Sony acabou desistindo do projeto. Laura, no entanto, apaixonada pelo projeto buscou financiadores independentes para produzir o filme e convidou Lee Daniels, que era sua opção do coração, para dirigir o filme. Com Daniels a bordo, o elenco começou a se formar. Oprah Winfrey, Mariah Carey, Lenny Kravitz e David Oyelowo, todos amigos pessoais do diretor, assinaram contrato. O elenco grandioso foi ganhando ainda outros nomes estrelados como Robin Williams, John Cusack, Jane Fonda, James Marsden, Cuba Gooding Jr., Alan Rickman, Terrence Howard e Liev Schreiber. “Minha ideia era fazer o filme com o elenco mais repleto de estrelas possível”, disse o diretor à GQ quando veio divulgar o filme no último Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro. A colocação demonstra a consciência de Daniels de que um bom elenco pode ser um chamariz para ir ao cinema.
“Estava empolgado naquele momento pós-Preciosa e adorei trabalhar com Laura. Estavam entre mim e outro cineasta (Steven Spielberg que declinou do projeto), bastante famoso, para dirigir o filme, e ela queria que fosse eu. Laura me entendia – poucas pessoas conseguem entender minha energia e ela conseguia. Me apaixonei de verdade por ela”, disse o diretor no material promocional divulgado à imprensa pela distribuidora do filme no Brasil em relação a produtora que acabou falecendo .

Todos os presidentes de Daniels: no estrelado elenco, Robin Williams, James Marsden, John Cusack, Liev Scheriber e Alan Rickman vivem alguns dos presidentes servidos pelo protagonista do filme

A opção por Forest Whitaker veio com a definição de que o filme seria independente, posteriormente abraçado pela The Weinstein Company (expert em campanhas para o Oscar). Denzel Washington, que declinou do papel, e Will Smith foram considerados enquanto o projeto orbitava o estúdio Sony. “Forest, em particular, é provavelmente o ator mais humilde com quem já trabalhei na vida. Quantos ganhadores do Oscar topariam fazer um teste de elenco? Muitos atores não percebem que precisam se doar a um diretor. É um dom raro”.

Razões do coração
“A história era importante para mim porque eu nunca tinha visto um filme que retratasse o movimento de direitos civis do começo até a administração Obama, pelos olhos de um pai e um filho. Este filme coloca as coisas que as pessoas viveram em perspectiva, mesmo nos dias de hoje, em que podemos fazer coisas como votar. Ele vai além do negro e do branco, o que era importante para mim, porque é uma história de pai-e-filho além de ser uma história de direitos civis. Transcende raça, transcende os Estados Unidos – é universal. Não é uma lição de História, é a história de uma família”, explica o cineasta.
Para Daniels, O mordomo da Casa Branca é o filme mais difícil que já dirigiu. “Não existe conteúdo sexual, há pouco palavrão e a violência é mínima, embora estejamos lidando com um período muito violento. Então, como realizador, tive que me conter e tenho muito orgulho disso”.
Daniels no set: paixão pelo projeto

Forest Whitaker resume com bastante assertividade os méritos de seu diretor neste filme que revela uma ambição muito grande para um filme independente. “Acho que o que Lee Daniels fez neste filme é bastante poderoso porque ele tratou do movimento dos direitos civis por meio do meu personagem (Cecil) e do meu filho. Meu filho é um ativista, primeiro na faculdade e depois trabalhando ao lado de Martin Luther King e depois de Malcolm X. É um espectro amplo de pessoas em um movimento em particular. Ao mesmo tempo, você me vê na Casa Branca durante períodos em que as decisões estavam sendo tomadas nos bastidores pelos presidentes Kennedy, Johnson, Nixon, Reagan e outros. Eles estavam dando forma aos direitos civis e humanos no país – e, no fim das contas, no mundo".

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