segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013 - Os dez melhores filmes do ano

Claquete se despede de 2013, e deseja aos leitores um feliz ano novo de muitas realizações, conquistas e cinema, com a lista das listas: os dez melhores filmes lançados comercialmente em 2013 no Brasil. Foi um ano com algumas surpresas, outras tantas decepções e algumas certezas. Como reflexo disso, a presente lista não apresenta nenhum blockbuster, ainda que preserve maioria de títulos americanos. Há, sim, cineastas da mais fina estirpe. Paul Thomas Anderson, Woody Allen, François Ozon e William Friedkin marcam presença na lista. Diretores irregulares como Abdellatif Kechiche, Thomas Vinterberg e Ron Howard também. 
O cinema argentino perde sua cota informal na lista, mas o cinema latino-americano não. O mexicano Depois de Lúcia se impõe na lista com autoridade ímpar. Ímpar também é o cinema francês que viveu um ano próspero em nossas telas de cinema e como reflexo disso registra duas inclusões na lista de Claquete dos dez melhores filmes do ano. O pungente A caça, da Dinamarca, é outro europeu a figurar no ranking. 
Um aspecto que revela que 2013 não foi a maravilha em matéria de cinema que todos cremos é que apenas quatro filmes produzidos no ano conseguiram entrar na lista. Há cinco de 2012 e um de 2011. O que poderia ser preocupante, na verdade não é, como demonstra a lista dos dez filmes que quase entraram no TOP 10 do ano e que consta da postagem anterior. Lá há maioria de produções de 2013. De qualquer jeito, é um detalhe que não poderia passar despercebido. Assim como a ausência brasileira da lista. No ano passado, O palhaço representou o país no ranking do blog. 
Sem mais delongas, um feliz 2014, de muito cinema e que Claquete continue sendo o repouso cinéfilo de sua preferência. 

10 - Azul é a cor mais quente (La vie d´Adèle, 1 & 2, França 2013), de Abdellatif Kechiche

O premiado e comentado filme francês é daquelas experiências que o cinema vez ou outra oferta. Um filme que é um elaborado estudo de personagem, delicada história de amor e, ainda, narrativa cinematográfica absoluta em sua inteireza estética e compromisso narrativo. Não é um filme à prova de erros, mas é do tipo que oxigena o típico cinema de arte sem a opulência dos tiques autorais, mas privilegiando a simplicidade do relato. Kechiche filma com convicção até mesmo a insegurança de Adèle, a protagonista mais deslumbrante de 2013, diante do mundo. Azul é a cor mais quente é significativo, ainda, por perseguir uma verdade desconhecida, ainda que cercada por conjecturas a todo o momento. Quem somos nós, o que nos define, no final do dia?

9 – Capitão Phillips (Captain Phillips, EUA 2013), de Paul Greengrass

Paul Greengrass assume nesse filme de tensão ininterrupta algo que já sabemos, mas que sempre nos impressionamos quando essa verdade é esfregada em nossa cara. A realidade sempre supera a ficção; e Capitão Phillips é um esforço bem azeitado da ficção de equiparar-se com a realidade. A recriação do sequestro do Capitão Phillips e de sua embarquação por piratas somalis em 2009 é um ás da realização. Do ponto de vista do roteiro, de Billy Ray, da atuação, de Tom Hanks e dos outros atores menos famosos, mas igualmente certeiros, e de direção, do assumido Paul Greengrass.

8 – Rush – no limite da emoção (Rush, EUA 2013), de Ron Howard

O melhor filme de esporte já feito. Ok, a afirmação pode ser precipitada, mas Rush – no limite da emoção captura como poucos o que move a paixão em torno dos mais variados e diversificados esportes: a rivalidade. O sentimento de competição que brota no coração dos homens e se perpetua no jogo midiático e na ganância irrefreável que surge com a boa vida. O feito de Ron Howard é supremo porque o filme é completo em tudo que precisa ser completo, da narrativa muito bem aparada às atuações irreparáveis. As cenas de corrida, muito bem editadas e fotografadas, são um deleite à parte. Até mesmo para quem não gosta de Fórmula 1.

7- Depois de Lúcia (Después de Lucía, MEX/FRA 2012), de Michel Franco

Nenhum filme desta lista fará você se sentir pior como ser humano, ou mesmo mais confuso, do que este belo drama mexicano premiado no festival de Cannes em 2012.
Depois de Lúcia une dois temas delicados e bastante explorados pelo cinema, o bullying e o luto, e os funde com aspereza, sensibilidade e total falta de parcimônia no retrato agonizante que faz de uma menina e seu pai tentando readaptarem-se à vida após a morte da mãe e esposa. Um soco no estômago. Com soco inglês.

6- A caça (The Hunt, DIN 2012), de Thomas Vinterberg

O bullying volta, de certa forma, a se manifestar no filme que ocupa distintamente a sexta posição da lista. A mentira, a imaginação fértil de uma criança, o balé das circunstâncias e a intolerância são medidas nesta nauseante crônica fílmica de Thomas Vinterberg. A caça é, inegavelmente, o melhor filme de sua carreira e é daqueles que nos deixa de queixo caído. Da perplexidade à reflexão, são poucos os filmes que nos instigam esse maremoto interno.

5 – Blue Jasmine  (EUA 2013), de Woody Allen

Woody Allen nos presenteia com um filme dolorosamente engraçado, desavergonhadamente dramático e profundamente triste na radiografia certeira que faz do choque entre duas visões de mundo encampadas em uma mesma personagem. A tragédia de Jasmine, grega, mas também americana, é um comentário sagaz e sofisticado do cineasta de grife mais regular que o cinema dispõe hoje sobre os EUA, mas também sobre um tipo muito particular da grã-finagem.

4- Killer Joe – matador de aluguel (Killer Joe, EUA 2011), de William Friedkin

Quando a insanidade encontra o banal, Killer Joe tem seu ápice climático e o espectador, a certeza de que está diante de um filme único, ousado e chocante como nem Tarantino consegue ser.
Nessa história de violência orquestrada com maestria por William Friedkin, uma família se organiza, desorganizadamente, para matar a mãe e Matthew McConaughey, surpreendente a cada take, é o homem escolhido para fazê-lo. Killer Joe é uma epopeia de loucura delirantemente engraçada, avidamente dramática e irremediavelmente boa de ver.

3- O lado bom da vida (Silver linings playbook, EUA 2012), de David O. Russell

Se a capacidade de um filme de fazer você se sentir bem consigo mesmo fosse o principal critério para a eleição do melhor filme do ano, O lado bom da vida teria liquidado a disputa lá em fevereiro. Afinidade conta, mas não pode reinar sozinha. O que coloca O lado bom da vida no pódio dos melhores filmes lançados no Brasil em 2013 é sua incrível capacidade de emocionar, divertir e sensibilizar falando muito sério. Além da perfeição com que é dirigido, pela acuidade do texto e, principalmente, pela entrega absoluta dos atores em cena. Um filme cativante, solar e muito inteligente; tanto internamente, como na comunicação com o público.

2- Dentro da casa (Dans La mansion, FRA 2012), de François Ozon

Um brinde ao poder de uma história bem contada. Esse drama sofisticado, inventivo e sempre tão surpreendente quanto cativante de François Ozon faz reverência à arte de narrar dando espaço a sentimentos humanos tão díspares como carência, inveja, desejo, manipulação, raiva, rejeição. A trama que coloca um professor intrigado pela narrativa sofisticada de um aluno insuspeito e fazendo descobertas sempre desestabilizadoras é uma realização soberana do cinema francês de 2012 que abrilhantou o 2013 dos cinéfilos brasileiros.

1-O mestre (The master, EUA 2012), de Paul Thomas Anderson

Um estudo sobre a condição humana em toda a sua complexidade, prevaricação, fascínio e senso de oportunidade. Paul Thomas Anderson não economiza na ambição ou nos sofismas que circulam a arrebatadora história sobre como o homem modifica o meio e por ele se deixa modificar. Política, religião, amor e família são construções arquetípicas falimentares no olhar apurado, clínico, mas nem um pouco taxativo de Anderson. 

domingo, 29 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013 - os melhores do ano

Os cinco melhores trabalhos de direção do ano

Paul Thomas Anderson (O mestre)


David O. Russell (O lado bom da vida)


François Ozon (Dentro da casa)


Michel Franco (Depois de Lúcia)


Abdellatif Kechiche (Azul é a cor mais quente)


Os cinco melhores roteiros do ano
Blue Jasmine 
Por Woody Allen
Dentro da casa
Por François Ozon
Killer Joe – matador de aluguel
Por Tracy Letts
O mestre
Por Paul Thomas Anderson
À procura do amor
Por Nicole Holofcner

As cinco melhores atuações masculinas do ano

Matthew McConaughey (Killer Joe – matador de aluguel)


Bradley Cooper (O lado bom da vida)


Irandhir Santos (Tatuagem)


Mads Mikkelsen (A caça)


Joaquin Phoenix (O mestre)


As cinco melhores atuações femininas do ano

Jennifer Lawrence (O lado bom da vida)


Cate Blanchett (Blue Jasmine)


Adèle Exarchopoulos (Azul é a cor mais quente)


Emmanuelle Riva (Amor)

Alessandra Negrini (O abismo prateado)

As cinco melhores trilhas sonoras
O lado bom da vida
Por Danny Elfman
Lincoln
Por John Williams
Rush – no limite da emoção
Por Hans Zimmer
O mordomo da Casa Branca
Por Rodrigo Leão
Django livre
Por Luis Bacalov, Robb Boyd e Mary Ramos

As cinco melhores direções de fotografia
O mestre
Por Mihai Malaimare Jr.
Os suspeitos
Por Roger Deakins
Gravidade
Por Emmanuel Lubezki
Azul é a cor mais quente
Por Sofian El Fani
Mama
Por Antonio Riestra

As cinco melhores edições
Rush – no limite da emoção
Daniel P. Henley e Mike Hill
O mestre
Por Leslie Jones e Peter McNulty
Gravidade
Por Alfonso Cuarón
Os miseráveis
Por Chris Dickens e Melanie Oliver
Invocação do mal
Por Kirk M. Morri

As cinco melhores atuações coadjuvantes femininas


Tracy Middendorf (Flores raras)

Léa Seydoux (Azul é a cor mais quente)

Gina Gershon (Killer Joe – matador de aluguel)

Helen Hunt (As sessões)

Anne Hathaway (Os miseráveis)


As cinco melhores atuações coadjuvantes masculinas

Phillip Seymour Hoffman (O mestre)

Leonardo DiCaprio (Django livre)

Tom Hiddleston (Amor profundo Thor – o mundo sombrio)

Jake Gyllenhaal (Os suspeitos)

Barkhad Abdi (Capitão Phillips)

Os cinco melhores elencos do ano

Álbum de família

O lado bom da vida

Os suspeitos

César deve morrer

Killer Joe - matador de aluguel

Os dez filmes em ordem alfabética que não entraram no TOP 10 dos melhores filmes do ano:

César deve morrer (Cesare deve morire ITA 2012)
Guerra mundial Z (World War Z, EUA 2013), de Marc Forster
Gravidade (Gravity, EUA 2013), de Alfonso Cuarón
Invocação do mal (The conjuring, EUA 2013), de James Wan
Jovem e bela (Jeune & Jolie, França 2013), de François Ozon
Mama (Mama, EUA/ARG 2013), de Andres Muschietti
O abismo prateado (Brasil 2012), de Karin Aïnouz
O grande Gatsby (The great Gatsby, EUA 2013), de Baz Luhrmann
O voo (Flight, EUA 2012), de Robert Zemeckis
Os suspeitos (Prisoners, EUA 2013), de Denis Villeneuve

Na noite desta segunda-feira (30) será publicada a última postagem do blog em 2013, justamente a lista dos dez melhores filmes lançados comercialmente em 2013 no Brasil.

Crítica - Álbum de família

Sofro, logo existo!

Álbum de família (August: osage county, EUA 2013) abre com uma frase de T.S. Elliot (“A vida é longa”) para logo desautorizar um dos maiores cânones da literatura americana. É um início promissor. Não à toa, o filme é baseado na peça vencedora do Pulitzer e adaptada pelo próprio autor, Tracy Letts. Mas diferentemente de Killer Joe – matador de aluguel, também adaptado por Letts de sua própria peça, a transição do teatro para o cinema se faz sentir. O elenco, recheado de figurões de Hollywood, brilha intensamente com material delirantemente dramático e bem pavimentado no humor negro, mas não evita a sensação de que o filme como um todo só existe como veículo para seus atores – em especial Meryl Streep e Julia Roberts, ambas cotadas para o Oscar.
Dirigido por John Wells (A grande virada) e produzido por George Clooney, Álbum de família tem sua ação detonada pela morte do patriarca da família Weston, vivido por Sam Shepard. Meryl Streep faz a viúva, que padece de um câncer na boca e de um vício incontrolável por antidepressivos e congêneres. A morte do marido reúne a família novamente. Julia Roberts faz Barb, a filha mais velha e que guarda mais semelhanças com a mãe do que gostaria de admitir, Julianne Nicholson faz Ivy, a filha que subtraiu-se de si mesma e ficou na cidade cuidando dos pais enquanto as outras irmãs saíram de Osage county. Juliette Lewis faz a despirocada Karen, que troca de homem frequentemente e traz o noivo surpresa (Dermot Mulroney) para o funeral do pai. Soma-se a essa galeria de personagens, a irmã de Violet (Streep), vivida com força demolidora por Margo Martindale. Seu marido é interpretado por Chris Cooper e o filho que ela rejeita é vivido por Benedict Cumberbatch. Os dois atores fazem um contraponto ao tom superlativo das principais mulheres da trama.
O elenco é completado, ainda, por Ewan McGregor como o marido de Barb e Abigail Breslin, como a filha do casal.
Atrizes em êxtase: o elenco feminino é a principal força, e deverás ostensiva, de Álbum de família

Segredos sórdidos e ressentimentos desmesurados movem a narrativa que se resolve nos contornos de um filme tradicional sobre famílias desestruturadas. No entanto, um olhar mais refinado revelará um conflito geracional como valioso subtexto. Há nos contornos da narrativa a preocupação em situar as diferenças pulsantes entre as gerações da família e é aí, nesse bom subtexto, que há menor incidência da mão pesada de Wells e justamente por isso percebe-se o quanto é bom o texto de Letts e como a transição para o cinema o engessou, reconfigurando-o como um filme de atores.
Toda a família tem suas rachaduras e o sofrimento dos membros do clã Weston vai, invariavelmente, avocar a identificação da audiência. Esse aspecto deturpa, em favor do filme, a avaliação que se faz dele de imediato. O tempo, no entanto, jogará luz sobre as limitações de um filme que receberia a pecha de “televisivo” – definição cada vez mais deslocada em virtude da qualidade crescente que se verifica na referida mídia – não fosse o elenco de ases da atuação.
Não se advoga que há demérito em uma produção por ela ser talhada para atores brilharem, apenas se defende que, no caso de Álbum de família, essa qualidade derroga sua potencialidade narrativa resultando em um filme impactante no primeiro momento, mas longe de maiores notas.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013 - Os dez melhores personagens do ano

Fama, vingança, violência, desespero, manipulação, desamparo. Os melhores personagens do ano mimetizam algumas das idiossincrasias mais identificáveis no nosso convício social. Mas há, também, espaço para outras particularidades. Do cruel escravagista vivido por Leonardo DiCaprio em Django livre à solar personagem defendida por Jennifer Lawrence em O lado bom da vida. Os dez melhores personagens do ano no cinema no crivo de Claquete.


10 - João de Santo Cristo (Fabrício Boliveira) em Faroeste caboclo

Calado e quieto, são mesmo duas características diferentes, Santo cristo carrega no olhar o esfacelamento da esperança. Pelo menos até se descobrir apaixonado por Maria Lucia e é aí que se transforma em um personagem esfomeado por algo que não consegue exatamente definir. A redenção é uma via de mão única e Santo Cristo, personagem nascido na música da Legião Urbana e adensado no filme robusto de René Sampaio, não é homem de desviar o olhar.

9 - Lancaster Dodd (Phillip Seymour Hoffman) em O mestre

Visionário, manipulador, líder religioso, picareta. Na assombrosa construção de Phillip Seymour Hoffman, Lancaster Dodd projeta todas essas sombras. O criador e principal articulador de uma seita religiosa é um dos personagens mais enigmáticos e fascinantes do ano e, ainda, um brilhante arquétipo das maquinagens institucionais em voga na sociedade contemporânea.

8- Daniel Lugo (Mark Wahlberg) em Sem dor, sem ganho

Em um ano com especial atenção à intensa, frenética e renovada busca pelo sonho americano no cinema, Daniel Lugo, o brucutu vivido por Mark Wahlberg em Sem dor, sem ganho, subestimado filme de Michael Bay, ganha merecido destaque na lista. Seria mais sofisticado ressaltar Jay Gastby, de O grande Gatsby, personagem clássico e com pedigree da mais fina literatura americana, mas Lugo é mais bruto, triste, melancólico e, por que não, verdadeiro em sua jornada tragicômica. O personal trainer que resolveu roubar tudo de um cliente e foi cometendo uma burrada atrás da outra é tão inacreditável quanto verdadeiro e tirou toda a sua “expertise” do cinema. Bingo!

7- Luciano (Aniello Arena) em Reality – a grande ilusão

Não é exatamente o sonho americano que move Luciano, mas uma variação mais encorpada e universal. O sonho pela fama e a ganância que deriva dele. No ótimo drama italiano premiado em Cannes, Luciano encasqueta que será selecionado para o Big Brother e passa a guiar suas ações e relações nessa percepção, que não se afasta nem mesmo quando o programa começa. Uma análise dolosamente bem urdida da loucura pela fama tão inserida em nosso contexto social.

6- Malkina (Cameron Diaz) em O conselheiro do crime

Fria. Sexual. Duas variações que dificilmente se aproximam. Mas a personagem defendida com brio e mesura por Cameron Diaz nesse incompreendido filme de Ridley Scott alimenta a duas descrições com igual voracidade. Implacável e impiedosa, a personagem se identifica com felinos selvagens e aos poucos o espectador vai se dando conta da acuidade dessa relação.

5- Tiffany (Jennifer Lawrence) em O lado bom da vida

Carente? Não é exatamente esse o problema de Tiffany, personagem que valeu o Oscar de melhor atriz a Jennifer Lawrence. Em sofrimento depois da morte do marido e com um quadro psiquiátrico francamente incompreendido, ela vê na promissora relação com Pat (Bradley Cooper), sofrendo também do coração e da mente, um caminho de volta para a felicidade. Impossível não ceder aos encantos da personagem mais “porra louca” do ano.

4- Calvin Candie (Leonardo DiCaprio) em Django livre

O que de pior há na humanidade. Essa é uma das melhores descrições de Quentin Tarantino para o personagem que criou e Leonardo DiCaprio tão brilhantemente deu vida em Django livre. Senhor escravagista do Sul dos EUA no século XIX, Candie é um homem que vai conquistando o asco da audiência aos poucos, ainda que não consigamos desviar o olhar dele.

3- Joe (Matthew McConaughey) em Killer Joe – matador de aluguel

O terceiro lugar da lista é um tipo mais aterrador, complexo e, justamente por isso, mais fascinante do que Candie. Por isso se situa a sua frente na lista. O policial e assassino de aluguel vivido com esplendor por Matthew McConaughey parece não ter limites em seu sadismo, mas na verdade apresenta uma ética e um pragmatismo que o civilizam. Ainda que de uma maneira insanamente doentia.

2- Jon (Joseph Gordon-Levitt) em Como não perder essa mulher

Ele tem um vício em filmes pornográficos, mas o grande vício de Jon é tentar esconder suas fragilidades emocionais. O personagem criado e vivido por Joseph Gordon-Levitt é uma síntese de um conflito geracional ainda não resolvido. A tomada de consciência pelo personagem, e não exatamente uma maturação pré-condicionada, deflagra reflexões necessárias nessa altura do novo milênio.

1-Jasmine (Cate Blanchett) em Blue Jasmine

Defendida com bravura e talento incomensuráveis por Cate Blanchett, Jasmine é o reflexo de mudanças de paradigmas que não são exatamente compreendidos. No novo e pessimista filme de Woody Alle, Jasmine precisa se adaptar à vida de pobre depois que seu marido vai para a prisão, e se mata pouco depois, por fraude financeira. Tudo em Jasmine fascina. Sua loucura, seu deslocamento, seu esforço para se reinventar, sua humanidade... a personagem mais imperfeita e mais completa de 2013 nos cinemas.