sábado, 14 de dezembro de 2013

Oscar Watch 2014 - Cenas de Cinema (Globo de ouro e SAG)

Anomalia de cortesia
É chover no molhado, mas a antecipação do calendário de premiações pelo Oscar segue a causar algumas anomalias em premiações periféricas que costumavam gozar de certo grau de acuidade na antecipação dos indicados ao Oscar em outros tempos.
O SAG, inegavelmente, é um dos maiores prejudicados. Alguns filmes lançados mais tardiamente no ano não foram vistos pela maioria dos membros do sindicato que apostaram em favoritos precoces como 12 anos de escravidão, O mordomo da Casa Branca e Capitão Phillips.

Anomalia de cortesia II
E a classificação de dramas e comédias no Globo de Ouro é aquela festa que todo mundo já tá acostumado. Ninguém leva muito a sério, desde que seja convidado. O lobo de Wall Street, Ela e Nebraska não são exatamente comédias, assim como Philomena não é um drama convicto. Álbum de família ainda puxa para o humor negro, mas Inside Lweyn Davis – balada de um homem comum definitivamente não é um musical.

A vibe de David O. Russell
Russell orienta Christian Bale e Amy Adams no set de Trapaça

David O. Russell é mesmo o diretor do momento. Seu Trapaça teve uma aceitação pela HFPA melhor do que os mais otimistas analistas da indústria esperavam. Indicado a filme, direção, roteiro e nas quatro categorias de atuação possíveis (concorrendo no âmbito das comédias), Trapaça firma-se como o favorito absoluto ao prêmio e eleva o já alto status de Russell no planeta Hollywood.

DiCaprio, o eterno
Entra ano e sai ano e Leonardo DiCaprio segue no coração da HFPA. Se não chega a ser uma Meryl Streep, novamente indicada, DiCaprio está quase lá. O Oscar resiste a indicá-lo, mas não tem doce com a HFPA. Enquanto DiCaprio seguir ousado, seguirá como um dos xodós do Globo de Ouro.
  
Por Mandela e por Elba
As três indicações para Mandela: long walk to freedom podem ir na conta de muita gente. Do U2 ou do próprio Mandela, por exemplo, mas o carisma de Idris Elba – ator que cativa mais a cada novo trabalho – responde exclusivamente pela indicação do ator entre os melhores atores em drama do ano. Tanto é que Elba conseguiu uma vaguinha pela série britânica Luthor na briga entre os atores por filme para tv ou minissérie.

O homem que é uma ilha
Por falar na disputa entre os atores dramáticos, Tom Hanks é o único que já ganhou o Globo de ouro entre os concorrentes.

Déjà Vu
Em 2010, Sandra Bullock, mais afeita às comédias, ganhou como atriz dramática por Um sonho possível e Meryl Streep, mais afeita aos dramas, ganhou como atriz de comédia por Julia & Julia. Neste ano elas voltam às categorias com Gravidade e Álbum de família, respectivamente. Na avaliação da crítica, os desempenhos são melhores, mas será que o raio cai duas vezes nos mesmos dois lugares?

O ano das comédias
Não são exatamente comédias, mas é inegável que o eixo das comédias no Globo de Ouro está muito mais interessante do que o dos dramas. Basta conferir a categoria de roteiro com prevalência das comédias (Ela, Nebraska e Trapaça).

Os belos e a fera
Bradley Cooper, Michael Fassbender, Jared Leto e, com alguma boa vontade, Daniel Brühl integram o time dos belos entre os melhores atores coadjuvantes do ano para a HFPA. Mas todo cuidado é pouco com a fera Barkhad Abdi, cujos feitos conseguidos em Capitão Phillips ainda podem repercutir.

O somali que é uma fera: cuidado com ele

Cinema made in TV
Al Pacino, Michael Douglas, Matt Damon, Kevin Spacey, Michael Sheen, Liev Schreiber, Helen Mirren, Robin Wright, Helena Bonham Carter e Jon Voight são alguns dos nomes mais identificados com o cinema indicados ao Globo de Ouro de 2014 por trabalhos feitos para a tv.

Faltou ousadia na lista da tv
A despeito do bem vindo, e tardio, reconhecimento a Breaking bad, faltou ao Globo de Ouro nesta edição o que é, via de regra, característica da premiação. Ousadia na escolha dos indicados na seara televisiva. A safra, é bem verdade, não é das melhores, mas faltou um olhar mais apurado. Mad men e The Walking dead mereciam um retorno triunfal ao prêmio, assim como a novata The Bridge mereceria destaque.

2 comentários:

  1. Em 2014, o Oscar até que vai ser tarde, só dia 2 de março. O SAG é que adiantou o calendário por causa dos jogos de inverno, acho.

    Nos últimos anos, a premiação do SAG estava acontecendo sempre 2 semanas depois do "Globo de Ouro", 4 semanas antes do Oscar. Esse ano vai ser realizada no sábado seguinte ao prêmio da imprensa. Menos tempo pra votar e para assistir aos filmes, mais escolhas batidas.

    Li em algum lugar que a maioria dos membros não teve tempo de assistir ao DVD de "O Lobo de Wall Street", que chegou muito em cima da hora. Talvez isso explique a total esnobada do filme.

    Muito bons os seus textos, muito legal acompanhar as premiações por aqui.

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  2. Poxa, muito obrigado mesmo pelo seu comentário e por estender a prosa sobre essa temporada tão excitante para o cinéfilo. Sim, o SAG e Globo de Ouro vão ter uma distância maior do Oscar em virtude dos jogos de inverno. No entanto, em termos de indicação, os ajustes foram feitos com vistas à data escolhida pela Academia (16 de janeiro), que empurrou todo o calendário. Vai ser uma corrida mais longa, como já estabelecemos em outros textos por aqui.
    Django livre, ano passado, já sofreu dessa falta de tempo dos membros do SAG. O curioso é que "Trapaça" é tão de última hora quanto "O lobo de Wall Street". Mas vamos acompanhar. De qualquer maneira, o escopo das indicações do SAG e do Globo de Ouro já denotam uma leitura diferente da temporada...
    Abs

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