domingo, 30 de março de 2014

Crítica - Tudo por justiça

Por quem dobram os sinos...

O segundo filme como diretor de Scott Cooper, Tudo por justiça (Out of the furnace, EUA 2013) é uma representação ensimesmada do universo masculino e seus códigos nem sempre civilizados, muito menos civilizantes. A tradução literal do nome original do filme seria algo como “fora da fornalha”; e quando Russell Baze (Christian Bale) está fora da usina, uma verdadeira fornalha em que produz aço, ele é o tipo de homem que dá murro em faca. Único da família empregado em um cenário em que a única coisa que parece prosperar é a crise econômica, Baze habita um mundo em que o pai está à morte por ter trabalhado toda a vida no lugar em que Baze trabalha, em que seu irmão, traumatizado por ter servido no Afeganistão, apresenta claros sinais destrutivos e que sua esposa quer ter um filho mesmo com todas as condições contrárias.
Baze não tem muita sorte e é esse rastro de mau olhado que acompanha o protagonista. Ele tenta fazer o certo e, de alguma maneira, as coisas dão errado.
Não se trata de fazer a própria sorte ou de assumir as rédeas da própria vida. Baze assume a responsabilidade por seus atos com imensa coragem, o que não quer dizer que abandone a introspecção característica de um tipo de homem que o cinema americano tangenciou muito bem ao longo dos anos em filmes estrelados por John Wayne ou Clint Eastwood.
Mas antes de seguir adiante é preciso voltar ao princípio. Tudo por justiça tem um início devastador e talvez não seja mera coincidência que ele se passe em um drive in, esse elo perdido do cinema, em que vemos um homem (Woody Harrelson em sua escala mais insana) ascender à violência mais primitiva por um motivo banal. Essa presença instável, desestabilizadora e eminentemente masculina paira sobre toda a projeção de Tudo por justiça estabelecendo uma dolorida, hermética e ruidosa consonância com a cena final, também desestabilizadora em sua justificação bidimensional.
Os códigos masculinos são valorizados, ainda, no paralelo entre a caça e a luta e na rixa entre o homem abandonado pela mulher e aquele pelo qual a mulher o abandonou.

Há muitas intermitências narrativas em Tudo por justiça que o tornam muito mais interessante do que os filmes ao qual remete. A mais incisiva de todas, no entanto, é de que não importa o quão ingrata seja nossa sorte, no limiar somos os reflexos de nossas escolhas. Nesse sentido, Baze, seu irmão (Casey Affleck) e Harlan DeGroat (Woody Harrelson) guardam mais semelhanças do que pode parecer. É essa bruta, viril e, na concepção do filme, imperdoável verdade que sela o destino dos personagens e torna Tudo por justiça um filme tão melancólico na radiografia que faz do macho.  

Em off

Nesta edição da seção Em off, Meryl Streep tem poder, o diferencial de Capitão América, a suspeição provocada por alguns blockbusters da temporada e uma provocação sobre a história de Bradley Cooper ser o novo Indiana Jones.

Hell Streep!
A ideia de ter Meryl Streep como uma roqueira aposentada que no crepúsculo da vida busca se reaproximar dos filhos é tão boa, mas tão boa que só soa melhor quando se descobre que o projeto, previamente intitulado Ricky and the flash será roteirizado por Diablo Cody (Juno e Jovens adultos) e dirigido por Jonathan Demme ( Filadélfia e Sob o domínio do mal).

Ah, esses pôsteres do Capitão...
Andam dizendo que o filme é o melhor do universo Marvel, o que não é pouca coisa, mas também não é algo muito difícil de fazer. De qualquer jeito, no quesito pôster, Capitão América esmaga a concorrência e não só no universo Marvel. A começar por esse belo cartaz vintage...

Outros belos cartazes do filme



Mais Capitão

A equipe do AdoroCinema, site que é parceiro de Claquete, esteve em Hollywood na première do filme e falou com o elenco. Confira a ótima reportagem de Luciana Franchini em vídeo aqui!

Bizarramente bom ou bizarramente ruim?
O espetacular homem-aranha 2, principal aposta da Sony em 2014, provoca reações ambíguas nesta fase de enxurrada de material promocional. Vejam, por exemplo, o caso dessa imagem do visual do Duende verde interpretado pelo ótimo Dane DeHaan. Parece que o trash vai mandar lembranças a qualquer momento...



E já que os assuntos são blockbusters e heróis...
A Fox aposta tudo em X-men: dias de um futuro esquecido. Depois de revigorar a franquia mutante com Primeira classe, o estúdio precisa rentabilizar ainda mais a série. Já que todo mundo parece fazer muito dinheiro com personagens Marvel, inclusive a Marvel, menos a Fox. A aposta na colisão dos dois universos (passado e futuro) da franquia X é um chamariz e tanto, mas o excesso de personagens pode prejudicar. Para piorar, o primeiro trailer não empolga tanto quanto deveria.




Indiana Jones é o movimento certo para Bradley Cooper?
Há muita comoção a respeito da possibilidade, ainda não confirmada por vias oficiais, de Bradley Cooper assumir o papel de Indiana Jones na nova roupagem que a Disney, que adquiriu a franquia da LucasFilm, pretende dar à série. O que pouca gente parece disposta a repercutir é se Indiana Jones é o caminho a ser seguido por Cooper, que vem de duas indicações ao Oscar consecutivas e impetra uma reengenharia de carreira em Hollywood.
Que a Disney planejava reoxigenar a franquia era algo óbvio desde que a negociação com a LucasFilm se deu. A ideia de evocar a linhagem dos filmes Bond não é de todo ruim. Vale lembrar que Indiana Jones enquanto conceito surgiu da costela de Bond (Spielberg e Lucas se inspiraram na série em que Spielberg tinha interesse em dirigir, mas não convite).
Assumir o papel de Indiana Jones, com o alto risco que esse projeto ostenta (muito mais do que revitalizar Star Wars), pode ser o tiro pela culatra em uma carreira que acaba de ficar interessante.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Insight - Reinventar-se é preciso!

Ator contestado, Ben Affleck se reinventou como cineasta de fina estirpe e já ganhou até Oscar; enquanto que George Clooney protagonizou a reinvenção mais radical e bem sucedida da história de Hollywood ao praticamente apagar da memória coletiva seu passado de ator errante nos anos 80

Hollywood adora uma reinvenção. Essa é daquelas verdades perenes que fazem e derrubam estrelas. O limiar entre uma carreira de novo fôlego e uma carreira enterrada de vez é, por vezes, imperceptível. Da tolerância do público à aceitação da imprensa especializada, muitos são os fatores que podem determinar se uma carreira por ser realocada ou não. Jennifer Aniston, por exemplo, tentou durante um breve período na década passada – após o fim do seriado "Friends" – redimensionar seu status no cinema, mas seu público não parecia disposto a alforriá-la das comédias românticas. Dramas como Amigas com dinheiro (2006), Fora de rumo (2005) e Por um sentido na vida (2002) não foram bem digeridos pela audiência e a ex-mulher de Brad Pitt se viu confinada ao gênero das comédias. Ainda assim, ela passou a ousar mais como em filmes como Quero matar meu chefe (2011) e Família do bagulho (2013).
Recentemente todos se assombraram com a transformação que Matthew McConaughey impôs a sua carreira. Denominada McConnainsance, a reviravolta culminou em Oscar, mas está longe de acabar. Com papéis difíceis como os de Killer Joe e "True Deetctive", McConaughey parece ter redesenhado seu papel na indústria do cinema. O mesmo tenta fazer Bradley Cooper. Depois de estourar como um dos protagonistas de Se berber, não case (2009), o ator se aliou ao cineasta Davi O. Russell, outro que enveredou pelo caminho da reinvenção (como já abordado aqui em Claquete), para mudar de status em Hollywood. Depois de duas indicações ao Oscar em anos seguidos, Cooper está nos novos filmes de Clint Eastwood e Cameron Crowe.
Antes de McConaughey e Cooper, porém, o britânico Colin Firth apartou-se das comédias românticas para abraçar os filmes mais sérios. Protagonista do novo filme de Woody Allen, Firth ganhou o Oscar por O discurso do rei (2010) há três anos depois de ter feito uma ruptura definitiva com sua carreira de então com o denso e doloroso Direito de amar (2009).
Nenhuma reinvenção, no entanto, é mais uníssona do que a de George Clooney. Poucos se atentam para o fato de que Clooney era um ator errático nos anos 80 e um astro emergente da tv nos anos 90 que soube se reiventar de maneira tal que se firmou como o maior astro da Hollywood atual, à frente de ícones de outrora como Harrison Ford, Tom Cruise ou Brad Pitt.

Reese Whiterspoon e Colin Firth divulgam Devil´s knot no festival de Toronto em setembro do ano passado: atores que buscaram reinventar suas carreiras e obtiveram aprovação do Oscar

Matthew McConaughey, maior símbolo atual do significado de reinvenção em Hollywood, com um dos muitos troféus que conquistou no início de 2014


Mudar é preciso!
Há, ainda, aqueles atores que enxergam a necessidade de mudança para que não fiquem presos ao estigma de um personagem. Ben Stiller tentou fugir do paspalho de bom coração com A vida secreta de Walter Mitty, que também dirigiu, acabou fugindo da comédia rasgada, mas não conseguiu mudar o tom do personagem. Jesse Eisenberg parece um sub Woody Allen e se isso lhe serviu bem em A rede social parece miná-lo em filmes como Truque de mestre (2013) e Para Roma, como amor (2012), em que foi dirigido pelo próprio Allen. Por isso seus próximos projetos são pontos fora da curva, como uma adaptação de Dostoievski e o vilão do próximo filme do Superman.  
Se Anne Hathaway conseguiu se desfazer da imagem de princesinha da Disney, Reese Witherspoon – por mais que tenha tentado – não se desfez da alcunha de atriz de comédias românticas, a despeito do Oscar e de suas incursões cada vez mais frequentes pelo drama. Coincidências à parte, o próximo drama de Witherspoon (Devil´s knot) também é estrelado por Colin Firth.
Channing Tatum é outro a perseguir o reconhecimento como ator sério, mesma escalada de Sandra Bullock que de uns tempos para cá passou a conciliar as comédias blockbusters que fizeram sua carreira com dramas menores. A ideia é transparecer uma carreira mais equilibrada e completa do que de fato ela tem a apresentar.
Liam Neeson vai na contramão. Ator de vasta credencial no drama, o irlandês passou a prestigiar o cinema de ação, roubando holofotes de pretensos protagonistas do gênero como Vin Diesel. Filmes como Desconhecido (2011), A perseguição (2012), Busca implacável (2008) e Sem escalas (2013) provaram o fôlego há pouco inimaginável do agora sessentão no gênero que é a menina dos olhos do sistema de estúdios hollywoodiano.
As mudanças podem se dar por contingência de mercado, como prova o caso de Neeson. A carência por atores capazes de sustentar um gênero que ainda não se renovou desde os anos 90 empurrou o ator para o metiê de outros vovozinhos como Bruce Willis e Sylvester Stallone.
As mudanças podem se dar ainda como estratégia de carreira, gosto pessoal ou mero acidente. Reinventar uma carreira não é tão fácil como parece.  Requisito básico e que parece sublinhar muito bem a divergência entre Anne Hathaway e Reese Witherspoon, é ter talento.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Crítica - Alemão

Sujou Playboy!

Alemão (Brasil 2014), vendido como filme de guerrilha, é, na verdade, um filme que voluntariamente se faz refém do que de pior caracteriza o cinema nacional. É difícil eleger um dos muitos defeitos ou vícios do filme para abrir esta crítica que invariavelmente será pouco amistosa ao filme de José Eduardo Belmonte, diretor que até este projeto em particular mantinha uma carreira sem nenhum baixo no cinema.
A ideia que move a trama é muito boa. Às vésperas da ocupação do complexo do Alemão pela Polícia Militar do Rio de Janeiro e pelo exército brasileiro, cinco policiais infiltrados, desmascarados pelo chefão do tráfico de drogas – um caricato Cauã Reymond – precisam se esconder em território hostil na expectativa de sobreviver.
Acontece que o roteiro, assinado por Gabriel Martins a partir da ideia de Rodrigo Teixeira, que produz o filme, desenvolve muito mal esse argumento. Os diálogos são batidos, a evolução da trama é dolorosamente previsível e os conflitos dos personagens são introduzidos de maneira amadora.
O clímax, e a maneira como ele se constrói, são facilmente antecipáveis e tudo é agravado por uma direção afetada de Belmonte que reproduz noções envelhecidas de como fazer um filme policial à brasileira. Ele ainda aproveita muito mal o confinamento em que boa parte do filme se dá. Fosse buscar abrigo no sempre referenciável Roman Polanski (que faz isso muito bem em A faca na água, O bebê de Rosemary, Repulsa ao sexo e O inquilino) e talvez se desse melhor.

Cauã Reymond como Playboy: too clean to play dirty...

Alemão peca, ainda, por ter bons atores muito mal aproveitados. De Antonio Fagundes, que só acha o tom de seu personagem à beira de um ataque de nervos próximo do final da fita, a Gabriel Braga Nunes, francamente deslocado com um personagem mal justificado e nenhuma fala digna de seu talento.
Entre mortos e feridos no elenco, salva-se o ator Marcelo Melo Jr., que recebe o melhor personagem do filme e não faz por menos. O adensa com uma composição tridimensional, a despeito dos diálogos tacanhos que precisa dar viço vez ou outra.
Alemão, como se não bastasse, demonstra incômoda insegurança quanto a suas escolhas. Ora parece confortável como filme de entretenimento e ora insiste em nos querer fazer crer ser um filme denúncia, vertente tão cara à filmografia de ranço sociológico de parte do cinema brasileiro. Acaba em um pouco lisonjeiro meio termo.
Uma leitura positiva pertinente à narrativa é a forma bem azeitada e mais subliminar do que desejável com que a realização apresenta a nítida infantilização desses “meninos armados”. O total desprezo pela vida humana e seu significado e a ostentação passivo agressiva provida pelo poder das armas garantem os melhores momentos não exibicionistas do filme.
De qualquer modo, Alemão se justifica por ter sido produzido fora do contexto engessado da política de fomento ao cinema no país e por conseguir grande visibilidade para si. Em parte pelo estrelado elenco e em parte pelo tema, infelizmente sempre atual. Ainda assim, é muito pouco para ambição tão inocultável.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Crítica - Sem escalas

Entre o filmão e o filminho

Sem escalas (Non stop, EUA 2014), nova empreitada de Liam Neeson no cinema de ação, é aquele tipo de filme que trafega entre dois tipos muito distintos de entretenimento cinematográfico. Aquele que pretende apenas segurar o espectador boas duas horas de sessão na cadeira e aquele que assim pretende fazer, mas contando uma boa história e muito bem amarrada.
Dirigido por Jaume Collet-Serra, um artesão do gênero que já havia trabalhado com Neeson em Desconhecido (2011), e produzido por Joe Silver – o rei dos filmes B que de vez em quando emplaca produções A, Sem escalas se beneficia dessa bifurcação. Não é um filme tão sério quanto a tensão ininterrupta que fabrica faz crer e não é tão tolo quanto algumas reviravoltas forçadas sugerem.
Neeson em ação: sempre bom de se ver
É um filme esperto sobre a paranoia americana e que não se avexa de incorporar o espírito de filme B quando a engenhosidade de sua trama começa a parecer viagem demais. Preserva o pedigree com toda a sofisticação que só Neeson pode trazer à sua versão de Steven Seagal  e se veste de filme menor para se desvencilhar de críticas desarranjadas. É uma solução inteligente e que ajuda a entender porque em pouco mais de duas semanas a produção de U$ 50 milhões já ultrapassou os U$ 130 milhões ao redor do mundo.
Liam Neeson faz um agente federal aéreo que acompanha a tripulação em voos internacionais que chegam e partem dos EUA. Em um desses voos, como entrega o trailer que antecipa toda a trama (como muitos trailers atuais, aliás), um passageiro ameaça matar um passageiro a cada 20 minutos se U$ 150 milhões não forem transferidos para uma conta que está no nome do agente vivido por Neeson. O fôlego do filme se concentra, portanto, em fazer a plateia duvidar da sanidade do personagem enquanto testemunha seus esforços para salvar o avião e todos a bordo do que aparenta ser menos um atentado terrorista e mais um ataque a sua pessoa.
Com coadjuvantes de luxo como Julianne Moore, a recentemente oscarizada Lupita Nyong´o e o ascendente Corey Stoll, Sem escalas entrega o que promete.  Ação e tensão em doses cavalares e algum sentido. No fim, a conta fecha no azul. 

terça-feira, 18 de março de 2014

Crítica: Need for Speed - o filme

No need, some speed

Adaptações de games se provaram um material difícil para Hollywood adaptar. É uma esfinge que a meca do cinema ainda não conseguiu decifrar e por isso vai sendo devorada. Enquanto produz ótimos (já nem tanto) filmes baseados em HQs, Hollywood padece ao apresentar filmes ruins baseados em games de sucesso. Enquanto isso, a indústria dos games vai dando a volta em Hollywood como aquela que mais fatura no gigantismo do mundo do entretenimento.
"Need for speed", game de sucesso, mas com um fiapo de história representava no filão das adaptações um desafio ainda maior. Era preciso criar toda uma história, um organismo vivo e palatável para um público alheio ao universo do game e, ainda assim, identificável aos fãs mais hardcore.
Dirigido por Scott Waugh, dublê que se arrisca (e sai-se bem) como diretor com a chancela de Steven Spielberg – um dos produtores associados do filme, Need for Speed – o filme (Need for Speed, EUA 2014) termina a prova em boa colocação. Para forçar a metáfora automobilística, é aquele carro que faz a melhor volta, mas não termina entre os competidores que pontuam. Trata-se de um filme de menino muito bem azeitado nesse escopo e de um filme de ação com boas e bem coreografadas cenas de velocidade. É lógico que isso não torna Need for speed um ótimo filme, mas no contexto das adaptações de games e do desafio que esta em particular representava, viabiliza um resultado mais do que satisfatório.
Waugh peca, no entanto, por tentar transparecer fazer um filme mais sério do que o que realmente tem em mãos. A sombra de Velozes e furiosos, que escora no piegas aqui e ali, paira sobre Need for Speed. A diferença é que a franquia capitaneada por Vin Diesel não necessariamente resvalava o piegas em seu filme inicial.

Aaron Paul se prepara para o clímax do filme: dono absoluto da cena...

Se Waugh erra no tom de quando em quando, o protagonista Aaron Paul não poderia estar mais calibrado. Em seu primeiro papel de destaque desde o fim da série "Breaking bad", Paul demonstra toda a segurança que o leading man de um blockbuster exige. Com carisma de sobra e com a perfeita noção do tipo de filme que está fazendo, o ator dá pulsação ao filme que é menos acelerado do que muitos podem imaginar.
Com um Michael Keaton dando sequência ao resgate de sua carreira, Need for Speed agrada em parte por seu desprendimento e em parte porque as expectativas eram, compreensivelmente, muito baixas.  

Breaking good – o doce futuro de Aaron Paul em Hollywood

Você talvez o conheça de "Breaking bad", em que interpretava o traficante barato e viciado em metanfetamina Jesse Pinkman que aos poucos foi ganhando a simpatia do público. Talvez você o conheça de um punhado de filmes independentes ou, talvez, você não o conheça de modo algum. Mas com Need for Speed, seu primeiro fôlego no pós-"Breaking bad", Aaron Paul vem reclamar seu espaço na meca do cinema. Nas palavras de Steven Spielberg, produtor do filme que adapta o game homônimo de sucesso, Aaron Paul tem algo raro de se achar no olimpo hollywoodiano: “Ele tem uma excelente presença de cena. Existem muitos bons atores, porém é difícil achar pessoas que tenham essa habilidade natural para convencer sem dizer uma palavra, apenas por existir em cena. Aaron tem esse elemento a mais”, observou um dos maiores Midas de Hollywood que recomendou pessoalmente Paul para o protagonismo do filme.
Mas Aaron Paul não para por aí. Acelerando mais do que seu personagem no filme, ele também lança neste começo de ano a comédia Altos e baixos em que contracena com figuras como Pierce Brosnan e Toni Collette. Para o fim do ano, o ator tem na manga o épico biblíco Exodus, de Ridley Scott em que fará Josué, o sucessor do Moisés de Christian Bale.
Enquanto acelera no cinema, Paul mantém aberta a porta da tv que o consagrou. Está em negociações para integrar o elenco de "Better call Saul", spin-off de "Breaking bad". Na tv, antes dos prêmios e da notoriedade conquistados com a série criada por Vince Gilligan, Paul atuou em séries diversas como "Bones", "Big Love", "NCIS" e "Verônica Mars".
Need for Speed marca um novo momento na carreira de Aaron Paul. Não é apenas seu primeiro protagonismo em uma produção hollywoodiana, é seu primeiro protagonismo em uma produção ambiciosa, de forte apelo junto ao público jovem e masculino, e na qual Paul se sai maravilhosamente bem. No final das contas, palmas (mais uma vez) para Spielberg.     

domingo, 16 de março de 2014

Insight - Mais uma tradição abaixo no mundo do cinema

O publico que é frequentador ocasional de cinema talvez custe um pouco a notar, mas quem não consegue viver sem a aura e o magnetismo do cinema já sofria por antecipação, desde quando a novidade foi anunciada em meados de fevereiro. O Brasil se referencia em países como Alemanha, Colômbia, México e Argentina e desde a última quinta-feira (13) não mais programa as estreias de cinema para as sextas-feiras e sim para as quintas.
A mudança paradigmática foi debatida e acordada entre distribuidores e exibidores.
"O País já teve a quinta como dia de lançamento de filmes até cerca de 25 anos atrás. Isso foi modificado pela necessidade de se estrear um filme depois do lançamento nos EUA, mas atualmente não há mais esse impedimento", disse à reportagem do jornal O Estado de São Paulo o presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas. "Era assim porque nos EUA a estreia é na sexta. E isso estava imposto. Mas estamos meio saidinhos e demos um grito de autonomia",  observou na mesma reportagem o diretor da Distribuidora Downtown Filmes, Bruno Wainer.
Para dar mais corpo à justificativa, as distribuidoras alegam que era uma demanda do público o lançamento de filmes as quintas e apontam as concorridas pré-estreias como indicativo deste quadro. As pré-estreias em questão são de filmes badalados como Jogos Vorazes e Crepúsculo e que fazem fãs madrugar, qualquer que seja o dia.
Cena de Refém da paixão, um dos filmes que marcam
a nova era nos cinemas brasileiros
Apesar de serem taxativos, distribuidoras e exibidores não têm nenhum plano de medição para aferir se a sensibilidade às supostas demandas do público se verifica com o novo dia de estreias de cinema no país.
O que pode ser que esteja por trás dessa mudança inegavelmente repentina é a necessidade de potencializar os ganhos de bilheteria no primeiro fim de semana. O primeiro fim de semana, e essa é outra tendência imposta pelo mercado americano, é crucial para o desempenho financeiro de um filme. A expectativa, mais cercada de breu do que admitem distribuidores e exibidores brasileiros, é de que com mais um dia no fim de semana, as bilheterias possam melhorar. Eles apostam no boca a boca do trabalho, mas parecem ignorar que as redes sociais subjugaram essa dinâmica com força atroz.
Sem investir na melhoria dos serviços, na abertura de mais salas em cidades com demanda reprimida ou em uma política que flexibilize com maior propriedade o preço dos ingressos, muito dificilmente a medida de aumentar o tempo útil do fim de semana de estreia produzirá efeitos significativos.

De significativo mesmo, apenas a destituição de mais uma tradição cinéfila. Da sexta-feira, o real crepúsculo de uma semana de trabalho ou estudo, iluminar as estreias do cinema.

sábado, 15 de março de 2014

TOP 10 - Dez características do cinema de Lars Von Trier


Lars Von Trier está de volta aos cinemas com a segunda parte de seu Ninfomaníaca. A oportunidade enseja uma análise mais vertical da obra do cineasta e dos elementos fundamentais de sua filmografia. O TOP 10 do mês observa as dez principais características do cinema do diretor dinamarquês.

10 - Cronologia temática
Lars Von Trier costuma pensar sua obra em trilogias. As trilogias da Europa, da América (ainda incompleta), do coração de ouro e da depressão compõem um painel que rima abstração com concretude na construção fílmica de um dos cineastas mais autorais da contemporaneidade.

9- Estilização
Um filme de Lars Von Trier parece um filme de Lars Von Trier. Desde o enquadramento desajustado até o ritmo lento, seus filmes têm fôlego próprio. Seus últimos trabalhos têm chamado ainda mais atenção por uma tarimba visual ainda mais peculiar.

8 – Capítulos
Outro aspecto comum em sua filmografia é a divisão do filme em capítulos. Em Ninfomaníaca ele radicaliza ainda mais essa característica levando para as telas oito capítulos. Essa opção reforça sua afinidade com a lógica das óperas tão ressaltada em seus últimos trabalhos.

7- Stellan Skarsgärd
Não há ator com quem Von Trier tenha trabalhado mais. Presente na maioria dos filmes de Von Trier, dos últimos seis só não esteve em AntiCristo, o ator sueco é um parceiro capaz de assumir as funções mais variadas nos delírios narrativos do cineasta mais polarizador da atualidade.

6 - Opulência narrativa
Von Trier não alivia. Seus filmes são frequentemente classificados como pesados. E o são, de fato. Von Trier mitiga seu espectador com dramatizações pujantes e um humor perverso, mas raríssimo. Opções estéticas diversas contribuem para o sentimento de estafa que se estabelece de quando em quando.

5 - Psicologização
Von Trier não esconde sua admiração pela psicologia e ostenta seu conhecimento, por vezes inesperadamente trôpego, em toda e qualquer oportunidade de “psicologizar” os conflitos intrínsecos ao filme e aos personagens.
O choque como autopromoção é uma de suas assinaturas

4 - Protagonistas femininas
O acusam de ser misógino, mas fato é que o cinema de Von Trier se debruça sobre o feminino. Ele já disse que escreve sobre si e feminiliza suas angústias na tela. De qualquer modo, ainda que sofredoras extremas, suas personagens femininas ostentam força indelével no cinema moderno.

3 – Sexo
De alguma maneira, Von Trier sempre circundou o sexo como interesse temático em seu cinema. Ninfomaníaca apenas tonifica um tópico contumaz na filmografia do cineasta. Filmes como Os idiotas, Ondas do destino, Dogville e AntiCristo de alguma maneira, já se ocupavam da questão.

2 – Culpa
Um diversionamento do sexo, em algum aspecto, mas também um conceito absoluto em si.  A culpa é uma das forças motrizes do cinema de Von Trier. Seja de um personagem, como em AntiCristo ou Dançando no escuro, ou seja um traço coletivo como em Dogville ou Melancolia.

1-Reverberação filosófica
Como atestam as posições anteriores desta lista, Von Trier é chegado em um café filosófico. Em Ninfomaníaca este interesse é mais vívido do que qualquer outra interjeição mais gráfica sobre sexo. Von Trier filosofa em seus filmes como se o amanhã dependesse disso. 

quinta-feira, 13 de março de 2014

Espaço Claquete - True Detective

A HBO vinha ficando para trás em matéria de originalidade e vanguarda na tv americana. Depois de reinventar, ou talvez seja melhor tirar o prefixo “re”, o conceito de dramaturgia na tv com "The Sopranos", a poderosa empresa vinha perdendo para redes mais novas como AMC – com "Breaking bad", "Mad men" e "The Walking Dead" , Showtime – "Dexter", "Weeds", "Californication" e tantas outras – e até Netflix – com "House of Cards". Eis que depois de igualar o jogo com boas produções como "Girls" e "Game of Thrones', a HBO volta a dominar um território em que reinou soberana por muito tempo com "True Detective".
A antologia, formato de série popularizado recentemente por "American Horror Story", revoluciona mais uma vez a linguagem televisiva no que pode ser sintetizado como “a melhor resposta a Breaking bad” feita por um programa de tv. "True Detective" é o flerte mais bem ensaiado entre literatura e tv. Chega a ser quase uma apropriação. Não só pelo ritmo e ambientação da narrativa, como pelos próprios interesses dramatúrgicos a moverem a trama. A investigação sobre um serial killer não é mais importante do que as inclinações morais e emocionais dos personagens principais ou da fixação da Louisiana, Estado em que a trama se desenvolve, como um personagem central e ativo na narrativa.
Escrita por Nic Pizzolatto, roteirista de poucos créditos, e dirigida em seus oito episódios por Cary Fukunaga – uma ousadia para a tv moderna – "True Detective" se destaca pela rigidez estética (ressaltada pela música coordenada com destreza mediúnica por T Bone Burnett), pela fotografia irresoluta de Adam Arkapaw e pelo forte viés filosófico a respaldar os episódios. Agregando estrutura de thriller à lógica de conto de fadas, o primeiro ano da série se deixa contaminar pela aura da Luisiana, o estado americano que mais aceita o fantástico. Werner Herzog já havia trabalhado bem este conceito no remake de Vício frenético (2009). Aqui, no entanto, Pizzolato vai além. O aspecto interiorano, o ar de decadência e o forte apelo religioso da região pairam sobre "True Detective" de modo a recrudescer tanto o principal mote da trama, como as angústias dos personagens.
Personagens, saliente-se, viscerais em suas imperfeições. Matthew McConaughey consegue a proeza de ser sutil em uma caracterização que por vezes parece um tanto over. Mas é só impressão. O ator arrebata na pele de Rust Cohle, detetive melancólico, pessimista, introspectivo e arredio que precisa se ajustar a seu parceiro no mesmo compasso que seu parceiro precisa se ajustar a ele.  Marty Hart, o parceiro em questão, é vivido com a habitual excelência por Woody Harrelson. Não é um personagem fácil, certamente menos chamativo do que Cohle, e Harrelson o humaniza de maneira notável.
"True Detective" rejeita o convencional com todas as suas forças. Não há desenho narrativo mais bem adornado na tv atualmente. Pizzolatto soube distanciar-se dos arquétipos disponíveis e bancou uma produção autoral, viva e com propriedades narrativas absolutas e reconhecíveis. É algo mais forte do que o que se vê no cinema, na tv e mesmo na literatura policial. É algo novo, genuíno e profundamente instigante. É bom, é cru, é inteligente. É, também, um problema. Pois com o segundo ano confirmado (história, personagens e atores serão diferentes) estabelece-se o imperativo de, ao menos, manter-se o nível. Não será uma missão fácil e a Luisiana, com seus furacões, crendices e torpor, podem ganhar ainda mais relevância em uma revisão histórica.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Crítica - Clube de Compras Dallas


If I gonna die, I wanna die with my boots on...



A opção pelo título em inglês não é um capricho, mas a preservação da natureza de uma expressão que traduzida perderia o impacto. Ron Woodroof (Matthew McConaughey) é um caubói e na singeleza de sua vida de macho texano, a expressão em questão diz muito sobre a essência do personagem, mas também sobre a essência de Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, EUA 2013), para todos os efeitos a grande surpresa da edição 2014 do Oscar com suas seis indicações (filme, roteiro original, ator para Matthew McConaughey, ator coadjuvante para Jared Leto, montagem e maquiagem).
O filme do diretor Jean-Marc Vallée é sobre a gana de viver. Durante muito tempo, o roteiro de Clube de Compras Dallas, inegavelmente um dos trunfos do filme, esteve incluso na famigerada blacklist de Hollywood, como é conhecida a lista de “projetos malditos”. Um tema complexo, controverso ou um texto caro, infilmável valem passaporte à democrática blacklist e Clube de Compras Dallas demonstra com sua narrativa apaixonada, catártica e passional que é um filme de paixão; um filme que brigou tanto por sua vida como o personagem ao qual joga luz.
Essa é uma das belezas do filme que abre esplendidamente com Ron fazendo sexo com duas mulheres, aparentando saúde fragilizada e fitando um caubói tentando manter-se montado em um touro. A apresentação do personagem é o casamento perfeito entre um texto ciente de seus objetivos e um intérprete disposto a atendê-los.
Ron se descobre aidético e o filme opta por se ocupar menos de sua raiva e mais de sua força de viver. Bronco e preconceituoso, Ron se descobre engajado em fornecer drogas não aprovadas pelo governo americano, mas satisfatoriamente manipuladas em outros países para pacientes com o vírus HIV. A cruzada de Ron ganha simpatia porque ele não precisaria fazer aquilo e apenas McConaughey, dominando um personagem tão abstrato em suas motivações, oferta a humanidade que muitos desconfiam já não existir em nosso mundo.
É aí, nesse contexto, que muitos veem uma crítica feroz à indústria farmacêutica e o conluio desta com as autoridades públicas na aprovação de remédios. A crítica está lá, mas em momento algum ela recebe a primazia da dramaturgia. Ron Woodroof está no comando do show e ele é um personagem que reúne todas as condições de comandar a narrativa. Há uma cena em que fica claro que apesar de estar fazendo o bem, o personagem é moralmente desviado. Quando uma mulher que lhe atrai busca associação no clube que ele montou para distribuir os remédios que trazia de outros países, ele faz sexo com ela em uma clara sugestão da realização de que houve uma concessão da parte dele que ele não fez, por exemplo, a um rapaz que só tinha U$ 50 e não os U$ 400 necessários para ingressar no clube.
Esse despudor em apresentar um personagem em toda a sua verdade e focar em uma história humanisticamente irrepreensível, configura Clube de compras Dallas em um filme poderoso. Muito em parte pelo trabalho de McConaughey que vai muito além da perda assustadora de peso. Dosando a emoção da caracterização com precisão de equilibrista, o ator encontra em Jared Leto uma bússola. Interessante ver como os dois atores se mostram generosos em cena.

Clube de compras Dallas é um filme que se justifica plenamente em sua cena final. Aqueles com gana de viver, vivem. 

segunda-feira, 10 de março de 2014

Crítica: Inside LLewyn Davis – balada de um homem comum


Não se vê nenhum dinheiro aí...

Em um certo momento de Inside Llewyn Davis – balada de um homem comum (Inside Llewyn Davis, EUA 2013), o empresário musical vivido por F. Murray Abraham diz para Llewyn Davis, um homem que tenta aos trancos e barrancos vingar como músico, que não vê nenhum dinheiro nele. De forma dura e até mesmo cruel, o tipo avisa o procrastinado Davis que ele não tem o carisma e a simpatia de um cantor solo. Que ele deveria voltar a fazer dupla com seu antigo parceiro.  O que o homem ignora, é que o antigo parceiro de Davis se jogou da ponte George Washington. As pessoas costumam se jogar da ponte do Brooklin, lhe desautoriza outro personagem, vivido com rabugice por John Goodman. Esses dois recortes entregam: estamos em um território que os Coen conhecem bem. Dos losers. Dos expelidos do sonho americano.
Os Coen se aferram a um fiapo de trama, um homem que quer vingar na música no Greenwich Village de 1961, quando a cena folk emergia com toda a sua força em Nova Iorque, e que por razões diversas fracassa ruidosamente. Flagrando seu protagonista o tempo todo, os Coen fazem um tour de force de direção, uma raridade na cinematografia atual de fluxo constante e narrativa congestionada, exaurindo uma ideia remota em um filme muito rico sobre um zé-ninguém.
O caráter cíclico das andanças para lugar nenhum de Davis é muito bem salientada no final do filme quando a audiência se convence de que nenhuma catarse virá. Que Llewyn Davis continuará sendo o derrotado que sempre foi. Mas por quê? A pergunta é menos capciosa do que aparenta ser. Davis é um tipo autodestrutivo. A toda chance que tem de prosperar ele se sabota, ainda que inconscientemente. Engravida a mulher do amigo que lhe estende a mão, abre mão dos royalties de uma música apenas para ser pago na hora e comete outras displicências no curso do filme. O que os Coen sugerem muito sutilmente, e todo o filme é construído sobre sutilezas, é de que Llewyn Davis não dá certo na vida porque de alguma maneira quer dar errado. Há certa graça na sarjeta e como a canção que abre o filme e anuncia o seu fim, a forca não é raiz das preocupações de Davis, mas sim padecer eternamente no cemitério (um trabalho fixo, uma vida regrada?).

Oscar Isaac como Llewyn Davis: um ator que aceita o desafio de se expressar nas miudezas...

Interpretações à parte, Inside Llewyn Davis não é um dos highlights dos Coen, ainda que seja um filme digníssimo. É muito fácil entender sua ausência no Oscar. Um protagonista antipático, maravilhosamente adensado por Isaac, ator de fino trato e em franca ascensão, uma história que não chega a lugar algum e que apresenta uma moral que os próprios Coen já ofereceram com muito mais adrenalina em filmes como Um homem sério (2009) e O homem que não estava lá (2000).
É um filme, enfim, para a cinefilia e para aqueles que admiram a filmografia dos cineastas. Fora desse círculo, é um filme tacanho e sem grandes aspirações, tal qual seu protagonista. Como um bom folk, o novo filme dos Coen não é para todos os gostos. 

domingo, 9 de março de 2014

Em Off

Nesta edição da seção Em Off, o clube de Leonardo DiCaprio; a primeira imagem de Robert Pattinson e Dane DeHaan em um filme que promete ser cult; Jimi Hendrix vive em novo projeto do roteirista de 12 anos de escravidão; o ponto final no especial Oscar Watch, o possível próximo projeto de Steven Spielberg e um revival do outro lado de Matthew McConaughey.


Em muitíssima boa companhia
Leonardo DiCaprio já tem bem consolidada a fama de injustiçado pela Academia. A injustiça no que lhe tange concerna mais às esnobadas em anos que merecia ser indicado do que o fato de ser derrotado nos anos em que disputou a estatueta. De qualquer modo, por O lobo de Wall Street, DiCaprio colecionou sua quarta derrota no Oscar. Ele está na companhia distintíssima de figuras como Peter o´Toole, com oito indicações e nenhuma vitória, Amy Adams,  cinco indicações, Julianne Moore, que tem quatro nomeações e muitas esnobadas, Glenn Close, seis indicações e Richard Burton, sete indicações.

Filme de Grife
O aguardado Life, sobre a relação entre o fotógrafo Dennis Stock (Robert Pattinson) e James Dean (Dane DeHaan) teve sua primeira imagem divulgada pela revista Entertainment Weekly. A trama acompanha a rotina e a relação entre o fotógrafo destacado pela revista Life para fotografar Dean e o astro de Assim caminha a humanidade. O filme, dirigido pelo ótimo Anton Corbijn (Um homem misterioso e Control) está prometido para 2015 e desde já é forte candidato à galeria de obras cults do ano.


Algumas das fotos de Dean feitas por Stock para a revista Life



Primeiro teaser da cinebio de Jimi Hendrix
O rapper e ator ocasional Andre Benjamin, também conhecido como Andre 3000, é o protagonista do filme que mostra a descoberta de Hendrix em uma boate nova-iorquina em meados dos anos 60. O roteiro e a direção de All by my side são assinados por John Ridley, responsável pelo oscarizado roteiro de 12 anos de escravidão.




Steven Spielberg goes musical
Spielberg anda indeciso sobre qual será seu próximo filme. Depois de iniciar a pré-produção de Robopocalypse para logo depois adiar indefinidamente a produção e transferir a direção de American Sniper para Clint Eastwood, ele sinalizou, de acordo com reportes do Deadline, interesse em dirigir um remake de Amor sublime amor, produção de 1960 baseada em Shakespeare e vencedora de 10 Oscars. O entrave é que os direitos do filme pertencem a Fox, estúdio com o qual Spielberg até hoje não trabalhou. Negociações estão em curso.

A cobertura do Oscar
Não foi a cobertura que Claquete está acostumada a apresentar. Fatores externos impediram que o planejado fosse executado sem concessões. De qualquer forma, foram 50 posts entre dezembro e a última quinta-feira (6) provendo ao leitor do blog, com o especial Oscar Watch 2014, uma das melhores, mais embasadas e contextualizadas coberturas da temporada de premiações. Na fanpage do blog, também houve movimentação nesse sentido. A Oscar season acabou, mas em 2015 tem mais.

Você vai sentir saudades?
Matthew McConaughey é outro homem. Ator oscarizado e com uma invejável lista de grandes atuações e ótimos personagens nos últimos quatro anos, mas há um descamisado passado de comédias românticas no passado de McConaughey. Claquete separou as três melhores:

Minhas adoráveis ex-namoradas (2009)

Como um fotógrafo de celebridades bom vivant, McConaughey protagoniza essa atualização curiosa de os fantasmas do natais passados em que seus relacionamentos fracassados voltam para lhe assombrar. Michael Douglas rouba a cena como o impagável tio Wayne que só dá maus conselhos para o sobrinho egocêntrico.

Armações do amor (2006)

Aqui, o ator faz um homem bem sucedido que se recusa a sair da casa dos pais, eles então contratam os serviços de uma mulher especializada em conquistar homens neste tipo de situação. O filme é divertido e traz Bradley Cooper  Justin Bartha como amigos de McConaughey antes de voarem solo em Se beber, não case (2009).

Como perder um homem em dez dias (2003)

No filme, McConaughey faz um publicitário que para fechar uma conta aposta que consegue manter o interesse de uma garota nele por dez dias, mas ele não sabe que a garota em questão (Kate Hudson) está escrevendo uma matéria para uma revista feminina sobre como perder um homem em dez dias. Com premissa simples, mas bem elaborada, essa comédia é um dos grandes sucessos da carreira do ator e uma das melhores comédias românticas da década passada.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Oscar Watch 2014 - Crítica da 86ª edição do Oscar



Tão logo foi divulgada a lista dos indicados ao Oscar 2014, Claquete veiculou um texto, denominado “Primeiras impressões sobre os indicados a 86ª edição do Oscar”. Naquele texto o blog saudava o espírito renovado, consciente e coerente que emanava da lista dos indicados ao Oscar. Não foi a primeira vez que isso aconteceu, especialmente depois da Academia ter reajustado o calendário de premiações, antecipando o anúncio dos indicados ao Oscar.
Não foi a primeira vez, também, que essa boa primeira impressão é empurrada pelo ralo. Há chavões a mil para se explicar o que aconteceu no último domingo (2), quando 12 anos de escravidão foi consagrado o melhor filme de 2013, levando outros dois Oscars na bagagem (roteiro adaptado e atriz coadjuvante) e viu Gravidade ostentar um frisson acima do imaginado angariando sete das dez estatuetas a qual foi nomeado.
“Os velhinhos da Academia são tradicionais”; “houve a opção pelo filme importante”; “o tom político sempre prevalece”; “ o marketing em cima do filme de McQueen era irresistível”; “eles vão resistir até limite à premiar um filme em 3D” e coisas do tipo. A Academia não é mais constituída amplamente por velhinhos e não é de hoje que se imbui da responsabilidade de premiar filmes importantes, mas sempre o fez com convicção. O que se viu no último domingo, foi o resultado de uma corrida marcada pela hesitação. 12 anos de escravidão é um candidato clássico, acadêmico e que em outros anos teria vencido muitos Oscars, se nos fiarmos no crédito dos chavões. Mas a Academia de hoje, fragmentada e em franco processo de renovação, rejeita a ideia de se render ao academicismo. Por que, então, 12 anos de escravidão prevaleceu sobre Gravidade? Porque velhos hábitos demoram a morrer e isso pode ser visto tanto na vitória hesitante de 12 anos de escravidão, algo que, justiça seja feita, pautou a temporada (o filme parecia vencer por cota, já que triunfava apenas na categoria principal e no prêmio do sindicato dos produtores forçou um inédito empate com Gravidade), e que ocorreu no ano passado quando Argo, de filme aparentemente fora da disputa pelo Oscar principal, tornou-se uma unanimidade ímpar. Mas anêmica. Faturou três Oscars. Filme, roteiro adaptado e montagem. Ainda assim, foi uma vitória mais consistente do que a de 12 anos de escravidão.
Destemperos à parte, os acadêmicos se esforçaram para reconhecer a grandeza dos filmes e artistas que fizeram a temporada de ouro do cinema. Não há que se questionar a qualidade ou merecimento dos filmes e trabalhos premiados.
A ausência de surpresas, no entanto, é um problema crônico. Não se pretende a surpresa pelo choque, pelo inusitado, mas como unidade de um pensamento próprio. Gravidade não era o melhor filme do ano, mas ficou bem claro que cativou a academia. Mais do que 12 anos de escravidão, contra o qual concorria na maioria das categorias. Premiar essa ficção científica de inestimável esmero técnico e rodada em 3D configuraria, portanto, surpresa – se considerarmos o retrospecto da Academia e da temporada em questão – mas, principalmente, apresentaria um pensamento próprio, completo, definido. Não como o que se apresentou ao mundo no dia 2. Mas nem tudo é má notícia. A mudança, sinalizam as indicações cada vez mais “fora da caixa” está a caminho. Mesmo assim, com a oportunidade de se premiar documentários instigantes, provocativos e importantes, a academia opta pelo simples e inofensivo A um passo do estrelato. É o mesmo raciocínio tacanho que fez de 12 anos de escravidão e Argo vencedores do Oscar.

Os atores do ano: méritos inquestionáveis....

Quem quer ser um milionário?, vencedor do Oscar em 2009, é muito mais fraco do que Argo ou 12 anos de escravidão. Nem sequer mereceria indicação, mas foi consagrado com oito prêmios. Ali a Academia se pronunciou com convicção. Nos últimos dois anos, espantada com os rumos da temporada de premiações, se conformou com o fato de agir à reboque. Não via em Argo um genuíno Oscar contender, tanto que Ben Affleck ficou de fora da disputa dos diretores, e deu o Oscar ao filme como reparação de uma posição que era legítima. Neste ano, passou recibo de que premiou um filme porque ele é importante e não por ser o melhor. É o segundo ano consecutivo em que direção e filme vão para produções distintas. É o segundo ano seguido em que o vencedor do Oscar de melhor filme não é o campeão de Oscars do ano. Não é mera coincidência.

Al right, al right, al right
Matthew McConaughey é o cara. O jornalista Pablo Miyazawa tuitou na esteira da cerimônia do Oscar que “Matthew McConaughey é o novo Paul Newman”. À parte o fato de ter ganho um Oscar logo em sua primeira indicação, Newman padeceu em setenomeações até sua delongada vitória, a comparação procede. A reinvenção de McConaughey já ocupa espaço em Claquete há algum tempo e impressiona a cada novo trabalho. Sua vitória por Clube de Compras Dallas é incontestável, ainda que todos os concorrentes da categoria merecessem o prêmio. Já seu parceiro de cena, Jared Leto, ainda que esteja ótimo na pele do travesti Ranyon, está um pouco abaixo do padrão desejado para uma performance vencedora do Oscar. Havia concorrentes melhores na categoria, mas não é uma vitória indigna. Como não o são as vitórias de Lupita Nyong´o entre as coadjuvantes, de A grande beleza entre os filmes estrangeiros e a soberania de Gravidade nas categorias técnicas.
A vitória de Cate Blanchett merece um parágrafo só para ela. Nova integrante do clube de intérpretes com dois Oscars na estante, Blanchett é a única unanimidade com vocação de unanimidade em um Oscar que tinha tudo para ser inesquecível e optou por não deixar saudades. 


terça-feira, 4 de março de 2014

Oscar Watch 2014 - Momento Claquete #40

Ladies and gentlemen, the Oscars...

Benedict Cumberbatch "estraga" a foto de Bono e seu U2 no tapete vermelho 

Amy Adams e Bill Murray se reunem para apresentar um Oscar, mas parecem imersos em quadro expressionista... 

Cate Blanchett ao ouvir seu nome como melhor atriz do ano pelo trabalho em Blue Jasmine; ela não esperava... 

That you´ll go Mr. President: Daniel Day Lewis retoca a maquiagem antes de chamar Cate Blanchett para o palco...

Brad Pitt no conchavo para Steve McQueen no backstage: I served pizza tonight, you´re winning...

1001 maneiras de agradar a sua mulher: Jason Sudeikis "paparazza" a belíssima e gravidíssima Olivia Wilde  

Jared Leto, mais feliz do que pinto no lixo, prepara o bote para cima de Anne Hathaway: she won´t see it coming... 

Jennifer Lawrence em mais uma demonstração de puro carisma: Give it to me... 

Christian Bale para Jeremy Renner: you haven´t been nominated and I have no fucking clue of why you are here keeping up whit this selfie shit...

Matthew McCnonaughey aponta para DiCaprio e pensa: you´re the man, but I made you the man...

Alfonso Cuarón, o Mr. simpatia: aquela canção do Pharrell é para mim... 

Lupita não vai deixar o "naughty boy" Jared Leto sair impunemente... 

Joseph Gordon-Levitt finaliza nosso Momento Claquete: that´s all for now, folks

segunda-feira, 3 de março de 2014

Oscar Watch 2014 - Identidade perdida



Aconteceu o que se temia. Pelo quarto ano seguido, a academia depõe contra a própria etimologia e desalinha um serviço tão bem feito no rol dos indicados ao prêmio, estabelecendo vencedores menos calcados no mérito, ou mesmo na percepção da organização enquanto colegiado, e mais na base do marketing e do hype. 12 anos de escravidão, há algumas semanas se anunciou, será incluso na grade curricular das escolas básicas americanas. Houve expressa campanha a destacar o quão importante o filme dirigido por Steve McQueen era e, ainda que a corrida pelo Oscar sinalizasse que ele não ostentava tanta força ante outros indicados – visivelmente mais apreciados – o prêmio de melhor filme era outorgado ao filme em premiações como Bafta, Globo de Ouro, Critic´s Choice e Producers Guild Awards (neste último teve um inédito empate entre os filmes vencedores, justamente com Gravidade) .
Ellen De Generes, host pouca inspirada dessa 86ªedição do Oscar, foi feliz ao registrar o dilema. “Temos dois cenários: ou 12 anos de escravidão ganha, ou vocês são todos racistas”. O filme de McQueen ganhou. Venceu em três categorias, filme, roteiro adaptado e atriz coadjuvante e viu Gravidade com um frisson maior do que esperado, converter em vitória sete de suas dez indicações (direção, montagem, som, edição de som, trilha sonora, efeitos especiais e fotografia).
O ímpeto dos prêmios a Gravidade, amplamente superior tecnicamente a seus concorrentes, revela que era o filme de Cuarón o candidato do coração da Academia, mas como a personagem de Meryl Streep em As pontes de Madison, a Academia fez “a escolha que deveria fazer” e premiou como melhor filme do ano, aquele que acabou por vencer em três categorias com muito pouca convicção. O entusiasmo com Gravidade era tanto que ele venceu em categorias que não foi vencedor nos prêmios dos sindicatos (montagem e edição de som), algo que não se replicou em nenhuma outra categoria do Oscar.
O descenso da coerência na distribuição dos prêmios atinge novo e preocupante patamar em 2014. Depois de premiar uma produção como melhor em filme em 2013 e não dissipar a ideia de que somente o fez para reparar a exclusão de seu diretor dos finalistas entre os diretores, a Academia conseguiu a proeza de transformar o Oscar que se anunciava mais imprevisível em anos, no mais previsível e, sim, entediante da década.
Não se discute os méritos de 12 anos de escravidão ou Gravidade, mas sim o mérito das escolhas que sombreiam o virtuosismo da História e nebulam o futuro da Academia.  Mais repercussão sobre o Oscar, em geral, e sobre essa agravada vicissitude em particular, nos próximos dias em Claquete.

domingo, 2 de março de 2014

Oscar Watch 2014 - crítica dos indicado à 86ª edição do Oscar




Boa notícia. Trata-se da melhor safra do Oscar desde que a Academia expandiu o quadro da categoria de concorrentes a melhor filme, em 2010. É, também, a melhor safra de indicados a melhor filme desde 2008, quando concorriam Onde os fracos não têm vez, Sangue negro, Conduta de risco, Juno e Desejo e reparação.
Os recordistas de indicação do ano, Gravidade, Trapaça e 12 anos de escravidão rivalizam em equidade raríssima. Se Gravidade conta com o peso de ser um blockbuster de bilheteria superior a R$ 600 milhões e o consenso de que se trata, afinal, de um bom filme, 12 anos de escravidão tem o lobby de “de filme importante” e Trapaça conta com o apoio incondicional dos atores. Esses dois últimos filmes, no entanto, alimentam resistência e é aí que Gravidade pode tirar vantagem. 12 anos de escravidão é acusado de ser oportunista e demasiadamente violento enquanto que Trapaça é tido por uma quantidade nada desprezível de pessoas como uma cópia do cinema de Martin Scorsese.
Por falar em Martin Scorsese, é dele o melhor filme do ano. O lobo de Wall Street merecia ganhar tudo e mais um pouco no Oscar 2014, mas não deve ganhar nada – ressalva feita às parcas chances de DiCaprio ser finalmente agraciado com o Oscar (é o melhor entre os atores também). O lobo de Wall Street é o único filme que adentrará o rol dos clássicos e será lembrado no futuro por seu significado e relevância (estética, narrativa e temporal), mas a Academia, como colegiado, não consegue perceber isto.

Leonardo DiCaprio endiabradamente bom em O lobo de Wall Street, o filme mais reflexivo, devastador e provocador da temporada...

...e Spike Jonze orienta Joaquin Phoenix nos bastidores de Ela: por razões diversas, mas que se complementam, Ela e O lobo de Wall Street são os melhores filmes da temporada e é no mínimo frustrante a possibilidade de que saiam do Oscar sem prêmio algum


A categoria principal, de qualquer maneira, ostenta qualidade acima de qualquer suspeita e nenhum filme nela relacionado é indigno de ali figurar. Nebraska, Ela, Philomena e Clube de Compras Dallas, filmes menores e que dificilmente chegariam ao Oscar quando este tinha apenas cinco indicados, são produções que oxigenam o fazer cinematográfico e irrigam o Oscar enquanto instituição. Mas não é possível premiar todos esses filmes. O que não implica dizer que não estamos diante de um ano em que os prêmios serão pulverizados. Gravidade deve liderar à disputa, mas não deve superar cinco Oscars.
Se a contenda por melhor filme parece confinada à Gravidade, Trapaça e 12 anos de escravidão, a disputa por direção deixou escanteada o diretor de Trapaça, Russell parece reunir mais chances na disputa por roteiro original, em que Spike Jonze é favorito por Ela, do que aqui. Fazer história parecer ser o lema do ano na categoria. Resta saber quem virá primeiro: os latino-americanos (o mexicano Alfonso Cuarón) ou os negros (o inglês Steve McQueen)?

Arte: Cinemanews

Atuações
Todos os atores mereciam o Oscar, mas ele fica entre McConaughey por Clube de Compras Dallas e Leonardo DiCaprio. O primeiro vive fase prolífera e renovadora, enquanto o segundo alcança o melhor desempenho de uma carreira maravilhosa e negligenciada pela academia. São dois casos muito acintosos que justificam a polarização, ainda que eles apresentem os melhores desempenhos do ano.
A briga pelo Oscar de ator coadjuvante parece mais definida. Jared Leto, por Clube de Compras Dallas, está ótimo. No entanto, é o mais fraco da categoria. Deve vencer pelo hype e pelo fato de contar com o personagem mais simpático entre os nomeados.
Cate Blanchett, por Blue Jasmine, apresenta a melhor atuação da década até aqui. É muito difícil que perca o Oscar, mas se isso acontecer, só será justificável, e mesmo possível, se a vencedora for Amy Adams por Trapaça, outro colosso de mulher e atriz.
Jennifer Lawrence, possuída de talento e graça, é a melhor atriz coadjuvante do ano e lança um abacaxi para a Academia ainda às voltas com máximas conservadoras: é válido dar a uma atriz de 23 anos seu segundo Oscar e em anos consecutivos? A resposta pode ser Lupita Nyng´o, eficiente em 12 anos de escravidão, mas longe de fazer limonada com laranja como faz Lawrence.
A grande Beleza e A caça são os front runners para filme estrangeiro, com leve vantagem para o primeiro.
Nas categorias técnicas, se a lei da física não for desafiada, Gravidade dominará com 12 anos de escravidão, Capitão Phillips e Trapaça beliscando aqui e lá.
Resta-nos torcer para que, mais do que nos surpreender, o Oscar não renuncie à coerência como tem feito de quando em quando, como em 2013, ao eleger como melhor filme do ano uma fita que não tinha um dos cinco melhores diretores da temporada.  

Claquete selecionou infográficos bacanas que celebram o momento supremo da cinefilia


Números e curiosidades do Oscar ao longo dos anos (em inglês)
 Arte: ABCNews


Os vestidos das atrizes vencedoras do Oscar nos 85 anos do prêmio
 Arte: Cosmopoiltan (sugestão da leitora Aline Viana)


Woody Allen, o Midas as indicações por atuações
Arte: cinema é tudo isso